8.8.10

Falem mal, mas falem de mim!

Algo que muito me incomodou até pouco tempo atrás, quando parei para analisar o assunto. O modismo.
Todo mundo sabe que o que eu gosto mesmo é um classic rock, do progressivo ao heavy metal e tudo o mais. Então é natural minha revolta com esses que se entitulam "happy-rock" -icso non ecziste!. Parando para lamentar essa nova onda colorida, magrela e desafinada, percebi umas coisas e formulei umas teorias a respeito.
Primeiro, como em todo e qualquer tema, é de suma e/ou total importância buscar os primórdios, porque a história é a base e geralmente a solução.
Vou falar sobre o que sei e vivo, o ROCK. Começou na década de 50, época de pais rígidos e controladores, e de filhos com vida já sistematizada desde o nascimento. Namorar só com supervisão e aceitação da família, enfim, era tudo limitado, cumprido e consequentemente normal, comum.  Portanto a chegada do bom e velho Rock'n Roll foi algo estrondoso, revolucionário e libertador.
Os pais provavelmente sentiam vergonha de seus vizinhos quando o filho andava por aí, contra os costumes. Isso tudo até pouco tempo atrás, porque esse filho fã de rock virou pai, e talvez seu filho tivesse se apaixonado pelo rock também, e o filho dele. E rock não é uma coisa da qual você abandona. Quando você sente que entrou, não tem como dar meia-volta (uma excessão é se você faz disso seu lema: "eu era do rock, agora sou evangélico" - conheço muitos assim), é infinito e imortal. Então tinha muito roqueiro por aí.
Bom, voltando, o rock foi uma bela ferramenta na construção de críticas à sociedade, um mecanismo que impulsionou seu seguidor a falar tudo o que sentia e que achava de errado - ou certo - no mundo. Uma revolução musical no sentido básico.
E o povo ouviu. E outros ritmos curtiram essa ideia (isso pode ser comprovado em canções de artistas da MPB, Bossa Nova e etc., na época da Ditadura).
Mas até aí tudo bem, o rock começou a ser aceito pela sociedade, virou forma de protesto. E o povo se acomodou. Não havia algo novo, era sempre uma reciclagem do ritmo original, fosse ele jazz, blues, disco. Mas viver na mesmice por muito tempo acaba gerando tédio, que vira melancolia, que vira tristeza.
Vendo que isso não era bom, que a coisa toda já estava necrosando, o povo começou a inventar merda. E qualquer porcaria seria aceita, porque o mundo estava desesperado de tanta morbidez. Chegaram forró de cabaré - preste atenção no forró original e essas versões novas, por mais que você não goste do ritmo você percebe que a coisa era boa no começo; estude as letras de Luis Gonzaga, por exemplo. Era história contada, literatura pura, narrando a vida do sertanejo (o puro sofredor do sertão nordestino). Era arte, quer você queira quer não. - sertanejo melódico, universitário (como tudo virou universitário, né gente?) emocore, os extintos from UK e por fim os temidos coloridos.
Só pra constar, o povo gosta de um bafafá, esse negocio de "fora preconceito" (no sentido social e não racial e/ou sexual -ficou claro isso?) é caô, ser humano quer porque quer ser o centro das atenções, quer ser apontado nas ruas e ser "o cara", seja para o bem ou para o mal. Foi daí que esse povo veio. 
Algum pobre coitado deve ter  perdido a vergonha na cara e foi lá, sem o menor talento, cantar alguma babaquice clichê e melódica. O cara tinha franja, cabelo "tigela"  e aparentava ter uns 13 anos. Não cantava bem, mas quem o viu teve pena, mas tanta pena que começou a achá-lo fofinho. E por achá-lo tão fofo, se apaixonou. A coisa virou assunto. O cara teve mais fãs, e, consequentemente odiadores. "Se esse palhaço faz qualquer porcaria e ganha as gatinhas assim, fácil, não vou ficar aqui chupando o dedo" - uns invejosos pensaram. A coisa triplicou. Mas aí, os coitados dos nerds/cdf's ou excluídos que queriam ser  sempre do grupo, não queriam ser deixados pra trás mais uma vez. Mesmo achando aquilo tudo idiota - porque eram lúcidos - eles se forçaram a gostar, empurraram guela abaixo. Quem sobrou, sobrou. Não adiantava lutar contra. Era um vírus incurável. Uma verdadeira pandemia incontrolável. Quanto mais estranho e sem talento, melhor. Não importa o que você diga, é só você fingir, fazer cara de dó. Você consegue tudo. E o melhor: todos estarão olhando pra você, bem ou mal você é a novidade e está adorando isso.
Mas o tempo passa, meu amigo. E o diferente agora é normal. Muitos estão voltando ao passado, outros provavelmente encavernados fazendo planos diabólicos para um futuro incerto, tentando fazer algo novo e arrebatador. E quando isso finalmente ficar pronto, esqueçam, coloridos, para bem ou para mal vocês serão esquecidos. Outro vírus tão ruim ou pior virá e detruirá próximas gerações. Tanto que o que vier de bom vai ser expremido num canto assim como foi aquela coisa toda original que vocês tentaram estragar dizendo que faziam parte: o rock. VOCÊS NÃO SÃO E NUNCA SERÃO ROCK, porque não entendem seu significado nem vivem isso. Ele é imortal porque é muito, mas muito forte, por ter toda uma história, um objetivo, um sentimento como base. Agora vocês e os próximos que virão, são e serão modas passageiras, algo descartável e fraco. Porque não fazem bem feito, fazem qualquer merda maquiada e promovem. É tudo parte de um ciclo vicioso e sem cura. Vocês seram assunto essa semana, e semana que vem talvez ninguém mais lembre de vocês.
Tento respeitar quem segue modismos, porque um dia essa pessoa provavelmente vai parar e olhar pra trás sentindo vergonha de sua adolescência disperdiçada com algo tão fútil. Ou não, pois tudo é relativo. Cada um tem seu tempo pra abrir seus olhos, não importante o caminho que esteja visualizando. O meu já disse tanto aqui que nem preciso repetir. Se você sabe o que eu estuo querendo dizer, sabe que não tem volta e que eu estou de olhos bem abertos e caminhando pra onde escolhi.
Mas sempre vai ter alguém super-carente que acha importante ser o tema de tudo. "Falem Mal, mas falem de Mim" será seu lema e "Hey! Estou aqui!" será sua súplica.

2.8.10

Surpresas

Quase um mês que não passo por aqui. Não por falta de vontade, estava quase que literalmente pedindo à Deus pra me mandar muita inspiração e/ou assunto. Mas acabou que os assuntos que vieram não cabiam aqui, não eram deste gênero bloguístico e acabaram espalhados pelo tumblr e fotolog.
Agora venho aqui porque estava inspirada para um tumblr e acabou que na hora em que abri a página de postagem puf! sumiu. Mas tudo bem. Outros fatos me trouxeram pra cá. As surpresas.
Desde mais ou menos o dia do meu aniversário, no último dia seis (deveria ter postado aqui), são só surpresas que me encontram pelo caminho da vida.
Primeiro a festa né, que foi maravilhosa, com dança, palhaçada, muita risada e choro (que vergonha), depois (na verdade fora antes, no mesmo dia) o suicídio, alguns sonhos postados também no tumblr (agradabilíssimos diga-se de passagem), minha quase-ida ao show do Bon Jovi, etc, e as boas novas que minha irmã veio a me contar hoje (que não vem ao caso). Isto tudo me deu vontade de falar.
Na verdade odeio surpresas, mas estas juntas formam uma surpresa só que as envolve: a surpresa que eu tive de não odiar de todo surpresas.
Mesmo rotineira, minha vida está ganhando novos temperos dia após dia e, mesmo que sejam temperos "estragados", estou sabendo lidar com isto e aprender algo novo, também a contornar a situação.
Descobri finalmente que o que gosto mesmo é de escrever. Não que eu venha a ser escritora, meu curso e bacharéu de História ainda estão de pé. Porque História pra mim é maior que tudo. É minha vida inteira.
Reencontrei pessoas que há muito não via, senti saudade de outras, ciúme de mais algumas, impaciência, paixão, desejo e outras coisas mais. Muito intensamente.
Me orgulhei do que fiz, percebi que mudei, que finalmente estou do jeitinho que sempre quis. Percebi também que 18 anos não significa praticamente nada. Nada social pelo menos. Porque me sinto com um pé fora da adolescência. Mas ainda me resta a dúvida: "será que ainda terei dúvidas e opiniões tão móveis?". 
Mesmo me sentindo mais madura, continuo a crer que ainda sou aquela pequena amante dos desenhos animados. Porque ainda sou. E pretendo ser por todo o sempre.
Me orgulho tanto do que ouço, e do que estes sons me proporcionam. Das minhas opiniões, de como as modifico e de como consigo aperfeiçoá-las.
De como me livrei de coisas banais, de como numa hora estou prestes a desistir de tudo e n'outra estou a mil planejando coisas.
De como necessito de meus amigos e de como eles são tão melhores pessoalmente.
Parece até que comecei a perceber a vida agora, e isto é enorme, brilhante e bela surpresa.