15.10.11

And I don't care if I'm nervous with you

Vi Seven hoje. É um filme completamente delicioso e libidinoso. Tem umas citações instigantes, que talvez tenham a ver com o texto. Se não tiver ligação, não importa, porque não é alusão ao filme mesmo.
O assunto é sobre mim, sobre as pessoas, sobre viver em sociedade. Eu não gosto de viver em sociedade. Não sou antissocial porque ainda convivo e porque isso virou moda no palavreado adolescente contemporâneo, e porque se eu fosse não diria que era.
É muito chato ficar extremamente bem e querer compartilhar, mas ninguém querer comemorar com você. Porque você quer gargalhar de tanta excitação e todos estão sérios, desanimados, mas de propósito, porque eles querem que você veja o quão insignificante é o fato pelo qual você comemora, querem estampar na sua cara a decepção de descobrir, assim, que pouca merda vale seu tesouro.
Você vê todos calados olhando pro nada e ainda sorri, porque não consegue se conter. Mas daqui a pouco nem deverá dar-se ao trabalho de conter-se, porque não haverá o objeto a ser contido. Porque você broxou tão totalmente que o brilho do seu ouro se esvaiu em cinzas. E você não vê mais graça nelas. Mas como expandiu seu coração carregando essa preciosidade, quando ela diminui até transformar-se em pó, deixa um vazio tão imenso, e o coração não consegue voltar a ser pequeno. Você o preenche de frustração.
Só que você sabe que não pode se frustrar se o ser humano é diferente e não é obrigado a aceitar o preço das suas moedas. Porque na terra do outro só existe de valor a moeda do outro.
Então você se frustra por se frustrar, e pelo modo da indiferença do outro. Porque você se amarga com o fato de que a pessoa poderia ficar muito bem calada e sem a expressão que demonstrasse propositalmente o "foda-se" facial. Tem pra quê? Por quê? Excita fazer isso é?
Eu me importo com as pessoas. Me importo com o que elas pensam sobre o que eu penso, e fico fodida com isso porque não quero me importar. Faço de tudo para não me importar, porque quero mais é que elas se lasquem. Quero que se lasquem porque fazem questão de não se importarem, e dizem que se importam. Ou nem dizem, porque se importam apenas em revelar que não se importam.
Só que eu estou errada em ter essa revelação e em querer que queiram meus quereres, eu sei desse blablablá. Mas, porra!
Eu não quero ser boa e pura pra privá-los dos meus ódios e incômodos. Não quero ser educada e prestativa porque tenho cara de boa moça, eu já tentei fazer isso, mas se eu paro de ser eu, acho que explodo. PLOFT, PLÉCT.
De tanto tentar ser o anjinho, a querida, o vosso bem e o caralho a quatro, eu meio que me acostumei, e mesmo na hora de socar estou lá dando sorrisos. Por dentro estou vomitando em mim mesma.
Eu me forço a agradar vocês e vocês me retribuem com suas caras de "vá se foder". E eu me convenço de não agradar mais ninguém porque vocês estão pouco se fodendo, mas ainda tenho medo de magoá-los. Ou é de perdê-los? Sim, porque só continuam aqui por eu ser benfazeja e prestativa, já que lhes convém. E me convém ficar rodeada assim de falsas preocupações para comigo, já que não fosse assim que a banda tocasse, cada um seguiria seu rumo. E eu seguiria o meu sozinha.

Eu queria ser o Syd Barrett.

7.10.11

Bichos Escrotos

Você dorme na sala e pede silêncio (reclama) para a pessoa que utiliza um eletroeletrônico que é fixo e do local.
Você falta no trabalho e reclama que te colocam falta enquanto fulano chegou atrasado e não recebe (até porque ele compensa depois).
Você é mais novo e sem poder, e grita exigindo autoridade e obediência para alguém que nem é mais, nem menos que você.
Você ouve milhões de 'nãos' e respostas semelhantes, e continua no guichê enchendo o saco da secretária.
Você não deixa isso ou aquilo, você quer viver uma vida que não é sua, já que a sua está preenchida de endereços, horários, afazeres.
Você não viveu seu sonho por motivos maiores (ou nem tao maiores assim), e passa o restante da sua vida importunando terceiros, criando impedimentos sem sentido para não conseguirem, também, realizar os sonhos deles.
Você lança o anzol, e se o peixe não cai na sua isca você vai atrás, você enfia o gancho na boca dele com tudo e quer puxar, quer puxar pra sua rede do sistema, e é tanta a dor que ele tem que não consegue distinguir se isso é bom ou se é ruim, e não se lembra do que fez ou pensou.
Você ri de qualquer um, você não ri de você, nem deixa que riem, porque pra você, você jamais será qualquer um.
Você não pára quando gritam "PARE", você continua, e acha engraçado, acha que foi brincadeira quando pediram pra parar, mas não foi.
Você promete e não cumpre, mas prometeu com propósito de não cumprir, prometeu na safadeza e de cara lavada.
Você que se diz comunista e usa coisa capitalista, vai trabalhar num lugar burocrático e injusto, e compactua com a gente que você mais odeia (professores), e ouve fofoca de um e de outro como um diário surdo-mudo, se contenta com uma mesa só sua na secretaria e diz que jamais fará uma coisa quando já está fazendo.
Todos vocês: