30.1.12

O Castigo de Eresictão


"Durante a noite inteira o ímpio Eresictão saciou-se de si mesmo, sob a luz dos relâmpagos, até que na manhã seguinte nada mais restava dele sobre a face da Terra."

24.1.12

The Unforgiven


Há muito tempo venho atribuindo essa música a terceiros, mas acabo de perceber que ela é tão somente minha que a rejeitava, me enganando, me escondendo de mim.
Pessoas vão e vêm, mas quem está aqui sou eu. O velho cheio de arrependimentos, o menino que aprendeu as regras deles na verdade sou eu.
Eu sou o velho imperdoável.
Nunca ser, nunca ver. Nunca livre, nunca eu mesmo. Esta é a Helen, e ninguém mais. Nenhum bruto adolescente abandonado pelo pai, nenhum doce jovem cercado de todos os cuidados. E sim uma humana criada no meio de tantos avisos e precauções, tão cheia de medos e não-me-toques, que se esconde da vida e continuará se escondendo até ser tarde demais. Que não chega perto nem de si mesma. Porque seu eu interior é um estranho, como aqueles que papai dizia que eram palhaços que a queriam roubar e vender por aí.
Não sei se é ruim, se dói. Ainda me é um mistério, até sabe-se-lá quando.


Metallica - The Unforgiven (Official Videoclip) from Giancarlo Gamero on Vimeo.

8.1.12

O Trem das 7


Existem pessoas sem casa, com tanto lugar pra morar.
Existem pessoas com casa, sem ter onde morar.
A vida é, foi e será uma grande ironia, uma grande sádica e dolorosa experiência.
Espero que a profecia mesoamericana sobre este ano seja de grande mudança na vida de cada um, espero que algo mude por aqui, e se for pra pior, que todo mundo endoideça de vez e crie coragem pra qualquer coisa, pois o trem está chegando. Tá chegando na estação. É o trem das sete horas, é o último do sertão.

5.1.12

Ei você!

Será que tem? Se fora é onde estou, tem sim. E sempre haverá "eu" do outro lado desse longo muro.
Mesmo que eu pareça distante, o que não sinto muito bem que estou. Talvez esteja já que não me sinto, ou mesmo porque aquele tijolo que foi dezembro (e parece ter sido o maior de todos) caiu bem em cima do meu estômago e me fez derramar lágrimas de sangue até conseguir me recompôr. 
Mas se eu preciso me lembrar dessa dor aguda todos os dias fazendo perguntas e ouvindo respostas sobre coisas que me lembram o tijolão, só pra me fazer mais presente, ok, o farei. Se não fiz ou deixei de fazer por hábito, foi por medo de ele cair outra vez, e trazer junto os vizinhos que não sei quantificar.
O ruim de se fazer só agora, é que vai parecer obediência e obrigação, quando eu já não o fazia porque esperava o livre arbítrio que espero que todos tenhamos, já que busco a vida toda por um pouquinho de liberdade.
Estou encostada no muro, pra poder ouvir melhor. Mas não devo estar falando alto o suficiente, assim parece que sou apenas o vento soprando do outro lado. Ou aquela bola de feno no deserto.
Em verdade, sonho muito com o deserto, com construções e viagens. Talvez porque seja eu quem tenha que começar algo novo, em outro lugar, mais perto. Deste lado aí.
Queria apenas quebrar dezembro em pedacinhos para ele não se fundir com os meses-tijolos circunvizinhos e transformar-se em uma parede sólida e infinitamente mais pesada porque, como disse, estou encostada no muro. Se ele cai, cai em cima de mim também.
Talvez eu deva picar tijolo por tijolo e me pendurar nos ferros, e balançá-los pra cair tudo duma vez. Como no Muro de Berlim.


2.1.12

Em pedacinhos

One of these days
I'm going to cut you into little pieces.


Imagine uma linda e comprida pena branca, leve como o ar e carinhosa como os dedos do seu bem.
Linda, não é mesmo?
Imagine agora ela percorrendo por suas veias e órgãos levemente, quase imperceptível, mas ainda assim causando-lhe brandos arrepios.
Imaginou? E agora o grande final: imagine que você esteja amarrado(a), mas bem preso mesmo, imobilizado. Imagine esse pequeno arrepio lhe crescendo e agoniando eternamente como se nada fosse tudo, e um pouco fosse exageradamente mais que demais.
Bem assim.
Não queria escrever agonias e revoltas por aqui, porque queria me limpar de coisas estressantes. Mas como me limpar se não tem sujeira às mostras, não é? Então pronto.
Ouvi one of these days e me senti grata, me senti gritando. Não gritei. Nem gritaria se fosse a única pessoa do planeta. Porque sei que mesmo sozinha no universo, ainda assim não estaria.
Vou deixar vídeo com o belo baixo e voz desta tão magnífica canção do P.F., e imagem do K.C. que gritam por mim. Isso pode ajudar...