17.10.12

Pedestres

Considerando que as vias são públicas e todo cidadão tem direito de ir e vir, peço-lhes que se comprometam a seguir as seguintes sugestões (lembrando que não há um desejo de imposição, por isto o sublinhado):
  1. Andem à direita do corredor de passagem, calçada, o que for. Não estamos na Grã Bretanha e muito menos no Japão para andar na esquerda (exceto por algumas escadas rolantes de estações e shoppings que devem ter sido feitas por estrangeiros descuidados), pior ainda se for um do lado do outro, causando eventualmente o desgaste de atrasar a passagem de quem está atrás. Basicamente, não empate a passagem alheia. Pra conversar com os coleguinhas você não precisa estar do lado deles, o ser humano também ouve o que está atrás ou a sua frente.
    *Sofro desde a escola com fileiras horizontais de colegas que andam devagar não dando espaço nenhum a quem está atrás. Tem horas que até parece de propósito, pois quando arranjo um espacinho estes logo o cobrem, impossibilitando minha passagem.
  2. Utilizem também as escadas de pedra. Além de ser comprovado que faz bem para o coração (por isto as prefira), ajuda a desafogar o tráfico de ovelhas na fila quilométrica da escada rolante - vide imagem no fim do post.
  3. Se não vai entrar no metrô/trem, dê lugar a quem vai se arriscar a se transformar em sardinha enlatada. Tem gente que vai esperar o próximo e para no meio da passagem, se apoiando no próprio veículo para, acidentalmente, não ser empurrada pra dentro deste. Não seja uma dessas pessoas, você pode se machucar com a saída do trem e atrasa a vida de dezenas de outros que têm tantas ou mais obrigações que você.
  4. Nos ônibus, tente ficar perto da porta um ou dois pontos antes da sua parada. É muito chato ouvir um "vai descer!" do indivíduo que está sentado na janela do primeiro banco pós-catraca.
    Parece que tem o prazer de fazer o motorista abrir a porta ou parar bruscamente fora do ponto! Sem falar que parada fora de ponto causa multa. E não sei se você sabe, indivíduo que faz isso, mas motorista é gente, e está trabalhando. Isto não é a linha 4-amarela ou uma carroça do século XVII puxada por escravos. Ninguém é seu servo. Todo mundo aqui é trabalhador. Todo mundo tem as mesmas 24 diárias que você, pelo menos 1/3 delas gastas no trabalho e mais 1/6 do total distribuídas no caminho ocioso e esmagador do transporte público. Ou no engarrafamento e na poluição, se estiver de veículo particular.
    *Ocioso que digo é aquele em que o ser que pensa fica a observar o mundo lá fora, questionando a vida e a sociedade, ou seja lá o que for. Tempo ocioso não é tempo de vagabundagem.
  5. Utilize um fone de ouvido. Tem gente que não gosta de música alta, e tem muito mais gente que não suporta funk e/ou evangélica (sim, já ouvi muitas vezes, mais alto até que o próprio funk, mas nada contra sua religiosidade, desde que ela fique no seu espaço). Existe a Lei Municipal nº 6.681/65. MIL NOVECENTOS E SESSENTA E CINCO, que proíbe o uso de aparelhos sonoros (provavelmente haviam os similares dos funkeiros há 47 anos atrás importunando na lotação). Fone de ouvido, o mais barato, custa dois reais. E tem aquele que não estraga que distribuem nos aviões que você ou algum conhecido que ande de avião pode conseguir. Fone de ouvido é vendido nas estações, nas galerias, nas bancas de jornal. Consiga já o seu!
É chato, frustrante, desanimador, vergonhoso ver o comportamento humano cada vez mais egoísta, como se cada um fosse dono do mundo e quem esbarra está invadindo seu espaço. As pessoas parecem se importar cada vez menos com quem está do lado, elas precisam de passagem livre porque trabalham, mas se esquecem que todo mundo naquele lugar trabalha também. Interrompem passagem esquecendo-se dos outros que também estão ali, que também precisam passar, que às vezes precisam sair correndo da faculdade pra ter tempo de tirar cópias do texto pra próxima aula ou pra pegar aquele ônibus que passa a cada meia hora, já atrasados pra outro compromisso. 
Não é só nas ruas, como também no espaço de trabalho, quando precisamos de um carimbo, uma assinatura, uma colaboração, e o dito cujo está vendo revista de cosméticos e conversando com os coleguinhas da gerência, está ocupado contando viagens para o litoral e não pode atender Seu Fulano que veio tratar de problemas sérios.
Talvez por isso eu esteja tão mais calada, tão mais desanimada, irritada, beirando a antissocialidade. Porque não consigo conceber a ideia de que estou vivendo numa constante Revolução dos Bichos.
WHAT THE FUCK? O_o