13.10.10

Colorindo Dimensões

Ontem, ou até mesmo antes, quando tentava dormir, comecei a refletir sobre vários aspectos dimensionais que me levaram a lembrar de uma noite em que meu amigo Roger e eu passamos a discutir as cores dos discos do Red Hot Chili Peppers. Não as cores das capas, mas as cores que as músicas nos remetiam, tal como Californication começar vermelho-alaranjado e acabar no roxo, By the Way ser todo azul e Stadium Arcadium ter, em cada disco, características parecidas com as dos álbuns anteriores. Guilherme nos olhou com uma cara, como se fôssemos loucos. E eu disse mais: não é aconselhável ouvir os álbuns puxados para o vermelho em dias de muito calor. É sufocante!
Espero que esteja entendendo, caro leitor. Porque é uma interpretação séria esta. Porque sim, vejo cores nas coisas abstratas. É como relacionar o vermelho à paixão ou algo do tipo, só que mais além.
Naquele momento em que me lembrei de tudo isto, quase dormindo, imaginei como seria minha mente por dentro (obviamente não fisicamente). E deu mais ou menos a imagem a seguir (favor ignorar o plano de fundo de folhas de outono, se bem que adoro esse tom, minha vida se resumiria a isso), repare que há titulos para cada grupo e vou explicar-lhes o motivo.
Mas primeiro resumirei esta imagem: separei minha mente em dimensões, assim como existe céu e inferno na mente de muitas pessoas. Mas eu tenho mais que céu e inferno. E inferno em mim não é necessariamente ruim. Tenho pelo menos 4 dimensões definidas. São elas: Céu, Inferno, Alternativo 1 e Alternativo 2.


Céu: geralmente é minha dimensão favorita. É a mais reflexiva, solitária, introspectiva. Em temporadas curtas a ativo, geralmente quando passei muito tempo no Inferno ou na Alternativa 1, ou pior, quando não chego à nenhuma dimensão. É meu mais querido refúgio, onde passo a refletir sobre as coisas que acho mais importantes, muito acima do material e do sistema político mundial. É quando minha inspiração aflora, quando não critico, mas analiso. Quem me proporciona este supremo bem-estar são meus maiores ídolos:
John Frusciante - supremo, a pessoa a quem mais dou amor e carinho nesse mundo;
Raul Seixas - genialidade infinita, profeta membro-maior da Sociedade Alternativa;
George Harrison - consegue me acalmar de maneira inexplicável;
The Mamas and Papas - junto com todo o rock progressivo-psicodélico, me fazem querer a paz e as coisas boas da vida.

Inferno: adoro esta. Não tem as coisas macabras vudus infernais não. É apenas o puro rock and roll. Hard Rock, Heavy Metal, Punk, todas essas coisas cabeludas e fodas que se ouve em bons lugares. Adoro mesmo esse tipo, mas às vezes cansa né. Eu que não aumento o som nem quando tô sozinha, fico meio incomodada. Toda vez que estou nesse estágio dimensional, fico como se tivesse corrido por muito tempo, pulado, falado, enfim, fico esgotada. E geralmente quando tô ouvindo GNR (The Garden ou Welcome to the Jungle, em especial), me sinto em toda aquela parte underground de NY, rodeada de groupies e rockstars com cheiro de muita bebida, drogas, sexo e suor. Realmente é muito bom, mas em doses excessivas me causa irritação, tédio, melancolia e sensação de esgotamento. E o punk né, é três vezes isso. Assiste Sid and Nancy que no fim você vai entender, parece que foi você, e não eles dois, quem se drogou até não conseguir se mexer. Os causadores dessa minha fadiga são geralmente toda e qualquer banda nessas categorias, com musicas impactantes, batida forte e solos roucos e rasgados de guitarra, além de gritos desafinados nos vocais.

Alternativa 1: meu lado negro, mas não necessariamente ruim. É meu momento down, com meus sentimentos mais chatos que são a carência paixão, aquilo platônico que não chega nem perto do amor, etc. É um perigo. Não posso ouvir as bandas "negras" quando estou de bem com a vida, senão caio num abismo em segundos. Geralmente essa causa está relacionada a certas pessoas, e tudo o que me lembra essa gente cai nessa dimensão. Metallica é o mais forte, como podem ver nos post relacionados. O Corvo tá na categoria musical por essa cena aqui. Nirvana tá nessa dimensão, mas não é relacionada a ninguém em especial, é mais quando to pra baixo com qualquer outra coisa, com a sociedade por exemplo.

Alternativa 2: é a mais recente das dimensões. É calmante e acolhedora, e combina com qualquer coisa que eu faça, não preciso estar necessariamente mal, sozinha ou coisa assim. Estão aqui todos os artistas nomeados "eruditos", de qualquer época, até os clássicos de hoje em dia, como Jocelyn Pook podem estar na lista. É muito bom, é meu eu culto físico.

Em nenhuma dessas dimensões há o mal real, perceberam? É porque evito terminantemente ouvir música quando estou muito mal. O que piora as coisas. Mas como a música é marcante pra mim, se eu ouvir ela numa fase razoavelmente boa, a odiarei para sempre, e não quero isso. Porém, posso estar tão mal que nem vontade de ouvir música eu tenho. Meu chamado tédio, meus maiores medos sociais etc. Uma dimensão vazia e aterradora.

Bom, é isso. Consegui, por fim, terminar esse texto e dar vida aos meus espaços e colori-los. Mas as coisas mudam, essa organização não é necessariamente definitiva.

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