Operate with full knowledge ofMeu primeiro propósito para estas palavras era o de pedir respeito. Mas me toquei de que respeito não é algo que se peça, ainda mais se não for respeito para si, e sim para uma outra pessoa. É algo que tem que vir de dentro, e confesso eu que também não tenho essa virtude todo o tempo, porque não sou santa e o sangue ferve. Xingo muito mesmo. Então não vim aqui falar de respeito. Não posso também impor nada, porque não sou a voz do povo nem a voz de Deus. Suplicar, pra quê? Me humilhar pra quê? Se John mesmo disse que:
What will become of them
I surrounded a jail is sickening
God fear in man, who were there who were me
And open up your cares world
Let them at your enemies
John Frusciante & Josh Klinghoffer
{A Sphere in the Heart of Silence (2004)}
"Sinto que a pessoa que sou para uma outra pessoa que não me conhece, a pessoa que eles acham que eu sou é uma pessoa tão igualmente válida como a pessoa de verdade que está sentada aqui agora."Isso mesmo. Vim aqui falar mais uma vez sobre John Frusciante. Aquele que me faz quase chorar sempre que pronuncio seu nome.
Porque primeiro, está circulando novamente aquela velha notícia de que ele é considerado o melhor guitarrista dos últimos 30 anos. É um assunto que me fez refletir e tirar conclusões soltas e diversas. Minha primeira reação é de orgulho por ele, por conhecer seu trabalho, admirá-lo, senti-lo, vivê-lo.
Depois, quis ser dona do mundo e tive vontade de gritar para todos os que (cuidado, preste atenção na descrição destes), discordam - o que é natural e até aceito, porque ele não é unanimidade na música, e nem o Vossos queridos Elvis Presley e John Lennon são -, subestimam, desconhecem o trabalho do John e ainda o insultam (tudo ao mesmo tempo), como eles são "uns panacas coitados com opinião infundada e blá blá blá"
Mas eu seria um deles por não respeitar opinião alheia e por xingá-los tanto quanto ou mais do que eles fariam. Então, quando o céu se rasgava em raios, lembrei desta frase do John e me confortei, porque se nem ele mesmo se importa, tudo bem. Ele também deve achar todos os outros guitarristas - Tony Iommi, Jimmi Page, Ian Anderson, Martin Barre, David Gilmour, Syd Barrett, George Harrison e tantos outros mais famosos, ou os que nem os próprios especialistas em rock se lembram - um exemplo, e certamente os verdadeiros donos desse posto, desse trono, então quem sou eu?
Aquela babaca que todos acham que é mais uma fanzinha louca pra foder com ele nos seus sonhos adolescentes idiotas e que isso é uma fase e vai passar? Não. Não quero foder com ele porque não é o físico dele que me atrai - não que não atraia, atrai sim, mas não sou tão imbecil de gostar de um artista de verdade só pela sua casca, vejo o conteúdo.
Então sou eu aquela que não sabe nada de música nem de técnica, porque só quem sabe tocar guitarra sabe o que é um bom guitarrista de verdade? Também não. Assim como não sou a dona da verdade, ninguém é. Não dela toda. Todos temos um pedaço de verdade e mentira, mas não o poder da soberania.
Tenho meu violão, posso deixá-lo de lado por anos, posso saber que um dia sim, eu vou tocar, não tão bem quanto os gênios da música porque não tenho essa vocação. Mas se eu quisesse, e tivesse nascido pra isso, poderia ser um dos gênios da guitarra caso tivesse o mesmo dom do qual eles compartilham, e a força de vontade que tiveram pra mostrar isso ao mundo - como a perda das pontas dos dedos de uma das mãos do Tony, que não o impediram de fazer um adaptador e tocar incrivelmente mesmo assim, ou o próprio John que chegara ao ponto de desaprender a tocar em certo momento complicado de sua vida, e deu a volta por cima.
O que eu quero dizer é que a técnica de que vocês, que se acham os entendidos do assunto, é absolutamente nada. O que faz um espetacular, um puta músico, é toda a sua obra, seu talento, composições e etc. Porque qualquer um pode tocar Sultans of Swing, FreeBird, While My Guitar Gently Wheeps, Paranoid, American Woman... Só requer treino e persistência. Mas tem algo muito maior na música que se esquece e muito: a essência. Não adianta tocar "vazio" só porque o solo é difícil e você quer se superar. Não adianta achar a melodia muito bonita se você não a sente, não a entende, não a alcança. E quem quer dar uma de entendido com certeza só sabe de técnica. SE sabe, né.
Outro ponto é que isso de quem é melhor guitarrista, baterista, violoncelista, não existe. Justamente por essa essência, que é individual, unica. Da mesma maneira que somos singulares em ações, sentimentos, estilo é até visão de cores - acredite, ninguém vê o mesmo vermelho que a pessoa ao lado, e não, não estou falando de daltonismo -, somos também no que fazemos, mesmo se tocarmos a mesma música, a sintonia será diferente, e não se dá para se competir com isso. É como dizer se rosa é mais cor que azul.
No fim minhas palavras se resumem a apenas isso (considere como dica, e se concordar se lembre e utilize sempre que estiver em uma situação em que sirva): não subestime, não compare, não desrespeite, não queira dar uma de doutor do que não sabe.


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