21.2.12

That's the Way


Passo tardes confusas sem ter o que ouvir, já não quero meus favoritos habituais, mas também não estou pronta pra conhecer novos, então fico a ver navios, querendo ouvir algo que não sei o quê.
Com muito custo lembro-me de Led Zeppelin, que por incrível que pareça meu descaso, é uma das minhas bandas favoritas, uma das poucas que consigo decorar títulos de músicas. Uma que me traz infindáveis lembranças.
Se há uma banda favorita escondida te esperando nas horas mais insuportavelmente silenciosas de sua vida, é bem possível que assim aconteça também com chances e alternativas.
O que quero dizer é que olhamos e tornamos a olhar para o lado mais gritante das opções, e com muito custo enxergamos algo que realmente se encaixe perfeitamente com a situação.
Tenho esperança de que obtenha eu a ajuda necessária para enxergar além do que já vejo, e espero ajudar também, a ver nas entrelinhas e a encontrar o Led Zeppelin das soluções escondido lá atrás dos Pink Floyds e Pain of Salvations. Se é que assim me entende.
Sempre há um Led nos esperando, seja qual for a situação. Ou assim espero que aconteça.

11.2.12

Wish You Were Here




As coisas mudam. Mutam. Acontecimentos irônicos e sádicos acontecem por todo o tempo. Percebemos que aquilo que acreditávamos e defendíamos com todas as forças que tínhamos pode ser algo falho. Ou algo não investido por outras pessoas. Pessoas que amamos, e que nos amam. Mas que estão em total assincronia com nossos ideais. E essas pessoas que amamos são tão queridas que por elas fazemos o que não queremos, o que não nos é de bom grado, o que nos machuca, o que dói. E deixamos assim em segredo para que não descubram nosso sofrimento, pois nosso sofrimento pode transformar-se em seu sofrimento. Ou porque apenas não acreditamos que seja possível uma concordância de possíveis soluções.
Silêncio.
Para eles está tudo certo, tudo ok. Tudo indolor.
Para nós, está tudo errado. Tudo horrível e cortante.
Lembramos do passado, bonito, com cor de sol matutino entrando pela janela, com cheiro de água da chuva, de planta, com gosto de guloseimas da infância, com som psicodélico, com sensação de nuvem por entre os espaços.
Sorrisos, festas, sons, luzes, brincadeiras, cansaço, descanso, fugas, abraços, ensaios, improvisos.
Sinto tudo isso que não conheci apenas pelo som da voz. Pelas descrições. Pelo que vivia aqui. Do outro lado da linha.
E sinto saudade, também.
Muita saudade.
Curiosidade.
Dor.
Por nunca ter vivenciado.
Por talvez nunca conhecer, nunca cheirar, ouvir, sentir, ver, tocar.
Esses sabores. Sabores perdidos no passado.
Sabores perdidos porque assim se quis. Assim todos quiseram. Menos você.
Mas a perda dá possibilidade, muitas vezes, de se encontrar. De se recuperar. De se aproveitar na volta, depois de muita saudade.
Ainda temos tempo de voltar. Não no tempo. Mas no espaço. Nas sensações.
Nem todo exílio é eterno.
Ninguém pode determinar o que é melhor para nós, além de nós mesmos. A dor não é eterna. Quem nos ama nos ama pelo que somos, mesmo que tentem nos moldar. Tentam por medo do exterior, de o que somos nos maltratar.
Se eles têm medo de que nos maltratem, deverão entender que o que somos e o que queremos ser é justamente o que nos liberta e protege de danos, e que sendo do jeitinho que queremos, fazendo aquilo que gostamos estaremos felizes, então também ficarão.
Não é possível que não concordem com nosso jeito de ser, já que o que eles e nós queremos é justamente o nosso bem. O que queremos e o que querem, é nos livrar da dor.
E a dor é não ser.
Então seja, mesmo que doa pra alguém no início. Vai ser só no início, até acostumarem a ver seu sorriso sincero.  Até verem que tudo dá certo e que você não chora de noite. Até verem que você cresceu e tem o direito de ser você, e autonomia suficiente para escolher seu caminho. O importante é que não doa em você, porque se dói em você, dói pra sempre.