Não consigo, após isso, escrever mais nada que me agrade como que prevendo que não vai agradar a mais ninguém, e assim passo a odiar tudo isso, mas com uma vontade incontrolável de continuar.
Não sei falar em público, não sei cantar, tocar, compôr. Só sei escrever. E me privo justo daquilo que me familiarizo porque me sinto sozinha nesse mundo de pensamentos, onde raras almas agonizantes me vêm dar apoio vez em quando.
Sou revolucionária solitária, minhas ideias são quase que a fantasia de um sonho por não serem compartilhadas por mais ninguém. E eu não me sinto errada, falha, inviável. Confio nas minhas escolhas, nos meus ideais. Inválidos para quem exponho. Ou são todos uns não-manifestantes de agrado. Não sei mais. Estou cansada. Mas mesmo cansada ainda sou teimosa.
E começo a me ferir tomando parte dos problemas da sociedade e do homem como se fossem de minha responsabilidade (e são, sou cidadã, sou povo, sou parte desse grupo que me dá as costas), meu sangue ferve e meu rosto enrubesce de fúria e sede de conserto. Sou grossa. Sou impaciente. Grito mesmo em silêncio. Tanto que minha garganta seca mesmo quando apenas uso os dedos. Meus ombros tensionam como se eu tivesse dormido de mau jeito ou carregado peso. Estão tensos agora.
Creio que esperei por milênios para cuspir essas palavras estranhas que vão continuar soltas num limbo infinito. Mas pelo menos a boca dos meus pensamentos está vazia agora e pode falar mais claramente, ou se entupir de mais palavras confusas e sem graça e mudas e descartáveis.
Ah, porque estou tão sozinho
Ah, porque tudo é tão triste
Músicas do post: Tom Jobim - Garota de Ipanema e Chega de Saudade
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