perdoem esse modo Winston* de falar
Duma conversa divagante com um melhor amigo:«adoro gente que trateia falsos conhecedores
mas até onde estes tormentadores são conhecedores?
eu sou conhecedora ou pseudo?
sei que conheço no presente apenas
nem mais nem menos
mas será mesmo que sei?
"não sei"»
«eu rezo pra afastar a morte e os demônios, e me sinto uma companheira de Deus que sente vergonha de sua criação
eu entendo ele, é como se ele estivesse let it be de tanto facepalm
eu entendo Jesus, e sei q ele se sente ofendido a cada dizimo e a cada barba feita para o labor»
***
Como falar de conhecimento e fé, se não sabemos se temos? Como compreender adoradores de Jesus e dos profetas (barbudos, cabeludos, pés-de-chinelo, anti-moeda-no-templo) que contratam caras-lisas de curtas madeixas, de sapato social, que colaboram com a moeda no templo atual, feito às vezes de ouro (mesmo em se tratando de uma crítica, adoro a arquitetura das grandes e demoradas e idosas catedrais, e sou mais à favor delas, feitas com o suor de artistas entre 30 e 300 anos de sacrifício), tratando bicho como "coisa" sendo que bichos são bem tratados n'O Livro e por São Francisco de Assis, por exemplo. Bicho só é "gente" quando rola um tilintar de moedas, como em O Auto da Compadecida e tantas outras obras. Mas quem não se compadece por Baleia, de Vidas Secas? Compadecer-se de outra vida de graça não é honra nos dias atuais, mas vergonha na lista de moral e bons costumes. Me ensinaram na academia que "nos idos da idade média... bicho era tido como nada, apenas senão objeto de consumo e extermínio". Somos então seres medivais, ainda. Um medievo de muros latentes e reis "do povo", de educação "não assistida" (será? às vezes me pergunto se esse "incentivo" à entrada nos cursos superiores não acarretarão num programa especial de lavagem cerebral assistida pelo(s) governo(s) para assim continuar mantendo a massa na rédea curta, mas dessa vez com um sorriso estampado na cara), de censura (ainda, e sempre), e contínuas distopias.Não compreendo hipocrisias e respostas malcriadas por apenas não se saber o que responder. É tão simples compreender, viver, aceitar. Mas pra que o simples, se existe o complicado, não é mesmo? É mais divertido o barraco na tevê do que um bom livro que possa conter e contar a verdade do universo. É mais divertido espezinhar, mesmo que isso contradiga em quem você acredita. Barba e cabelo em profeta sim, em dito-cidadão-respeitável que merece ser amado como a ti mesmo não.
"Faça o que digo, não faça o que eu faço". Ou melhor: faça o que eu faço, faça o que eu digo, e faça mais, se não quer que eu pise em você.
Discrepância ação x pseudo-pensamento. Pensarem por você é mais fácil que pensar sozinho. Seguir as regras mantém o caos afastado. Mas e se a regra é o caos? Qual o problema de se considerar o se? Como não se ofender como uma interrogação? Não se pensa porque dois homens (fumando) *pensando* juntos pode ser muito arriscado? Qual o problema de arriscar-se, de ser coeso e simples? E sincero? E se ser o que se é?
E você ainda acredita
Que é um doutor
Padre ou policial
Que está contribuindo
Com sua parte
Para o nosso belo
Quadro social...
E antes de qualquer comentário, não, este texto não é sobre religião. É sobre a cotidiana e vulgar hipocrisia de todo santo dia. (Pleonasmo proposital)
*Winston é personagem principal do livro 1984, de George Orwell que, por tanto tempo calado, vomita palavras sem parar e sem organizar assuntos. Não considere como spoiler.
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