13.2.13

Dois Minutos de Ódio

Wilson, bed peace, sociedade alternativa, o muro e Oceânia (um pouco de)
Me entristeço com minha incapacidade de ser fria nesses assuntos e meu limitado vocábulo além de pouquíssima leitura nestas circunstâncias, porque embasamento e teoria em cima de teoria, fundamentados numa base "de chumbo" (ou, melhor ainda, adamantium) são essenciais pra calar a boca do alvo criticado negativamente. Também sou péssima com sofisma. Mas tentarei, mesmo assim, transpor o máximo que puder de sentimentos e ideias, que espero que compreendam, e que não levem pelo lado pessoal, e se levarem, bem... Tentem me compreender.
Wilsoooon!!!
Já reclamei diversas vezes por não se aprender sobre a "famosa" guerrilha de Fidel, Raul, Che e os povos cubano, argentino e boliviano nesses aproximadamente 20 anos do século XX. Tudo bem que tínhamos várias ditaduras, blocos socialista x capitalista e esse blá blá blá, mas eles não foram a única coisa que aconteceu, e tudo faz parte da mesma ideia, do mesmo momento, das mesmas crises... É uma rede de intrigas e ideais, enfim. Não é "só" isso ou aquilo, não tem o "mais importante" etc.
Não sei se por estudar em escola pública ou por não estudar em casa, eu mal sei sobre esses assuntos, exceto por buscá-los por interesse pessoal depois de me formar no colegial. Mas a impressão que dá, tanto no ensino superior, quanto nos comentários de textos bons (ou péssimos) dos sites da internet, é que todo mundo é entendido do assunto 1000%, doutores PhD em Che, em Lenin, em Marx, em Kennedy, em MC Donalds e IPhone.
Porque claro, pra eles comunista é "comunista idiota", "comunista mimizento", "comunista chato" entre outros rótulos saídos de maternal. Comunista não pode ter internet, nem Iphone (ou Android), nem roupa, nem fast food, porque tudo isso gera o trabalho escravo de indivíduos no outro lado do mundo (o que é verdade), e isso vai contra o ideal comunista (deveria ser contra o ideal de qualquer um, convenhamos), como se parar de comer, andar nu e sem comunicação fosse adiantar de algo e fosse um dos dez mandamentos comunistas e essas alegorias que o sabixão (que não sabe nada) xingador inventa.
Comunista visto pelo anti-comunista (vai reclamar do Wilson também, vacilão?)
Quando não é isso é o moralismo questionável sobre "assassino, torturador, mortes desnecessárias, carnificina, etc". Ok, não podemos ser babacas a ponto de dizer que isto non exziste mas, por que, quando falamos sobre as mortes comandadas pela CIA, pelos N presidentes (ex ou atuais, quem sabe) dos EUA, etc, etc., parece que falamos com o vento?
Teoria da conspiração? Illuminati? Maçons? ETs? Será que corporação americana assassina está nesse grupo de ideias satirizadas e zombadas a todo instante (olha, eu acredito que nada é impossível, compreende?) por gente que adora uma piadinha fora de hora?
Sabe naquela hora do filme em que o mocinho revela uma verdade ao público que se ri dele e esse povo acaba morrendo num cataclismo por tamanha "bestagem" e piada fora de hora? É bem isso, sabe. Temos que analisar as coisas e não rir delas, apenas, improvável é diferente de impossível.
EUA x John Lennon
Um documentário mais que excelente está aí pra todo mundo ver, EUA x John Lennon. Como os Beatles são, como é mesmo, JãoLeno? "mais populares que Jesus Cristo" (leia-se a frase completa e corretamente, fuja das edições jornalísticas: "O cristianismo vai desaparecer e encolher. Eu não preciso discutir isso, eu estou certo e eu vou provar. Nós somos mais populares que Jesus agora. Eu não sei qual será o primeiro - o rock 'n' roll ou o cristianismo. Jesus estava certo, mas seus discípulos eram grossos e ordinários."), vamos falar dele também, que sei que uma boa parte curte tanto que nem lembra dos outros dois Beatles fora ele e o Paul (pobres Ringo e George, logo George, com uma das músicas mais regravadas dos Beatles de todos os tempos).
Enfim, neste documentário existem ex-FBI, gente da música, do movimento hippie, a Yoko s2 Ono (essa merece um post exclusivo pelo bullyng que sofre há mais de 40 anos) e o povo entendido da época, que fala de Nixon e um ou dois outros presidentes da época (estudo história mas não sou enciclopédia, obrigada, de nada), enfim. Vejam a importância de John e Yoko Ono com sua arte e seus ideais para o mundo, o que era o mundo na época, as prisões e as justificativas dadas, e o que dizem ser conspiração (mas que eu acho que é verdade), que é a vontade da Casa Branca matar esse pobre sonhador que imaginava todo mundo vivendo a vida em paz.
Meus movimentos foram friamente calculados.
Bônus
Estou lhes dando referência bibliográfica, discográfica e videográfica, e mesmo que não gostem, aconselho que vejam, principalmente vocês, aliás. Porque defendo a tese de que, pra saber do que se está falando, tem que saber sobre o que se defende e sobre o que se ataca. É por não estudar as coisas direito, tratar como assunto discutido e acabado, como "todos já sabem, nem preciso falar" e essas bobagens, que o mundo comete tanto erro, tanta maldade, tanta injustiça por aí. É uma dica pros professores também, parem de tratar coisas importantes como "construções midiáticas", "mártires", e desconstruam essa visão errônea, façam seus alunos (principalmente do superior) pesquisarem A e B, e de A a Z, pra não causar conflitos e taquicardias desnecessários.
combo com Raulzito lendo 1984 :)
Outras obras excelentes que recomendo são The Wall (preciso comentar alguma coisa? sim, preciso, mas esperemos), 1984 (preciso logo comentar isso aqui), A Utopia (leiam Marx e Engels também, claro, enfim, leiam coisas sobre tudo, ler é bom) e, claro, vários trechos, e por que não o filme inteiro, Raul: O início, o fim e o meio.
Quando vi o filme (no cinema, graças a Deus), me identifiquei com quase tudo, principalmente com duas partes: uma reportagem com a Glória Maria num dia de ressaca, e outra parte (que eu não acho na internet, melhor vocês verem o filme inteiro) em que Raul diz algo parecido com o sentido de que ele se utilizava do famoso "sistema", e não o contrário. Ele promovia suas ideias do jeito que o sistema gosta, mas não se submetendo a ele.
Isso tem a ver com o comunista "não poder usar nada porque isso o qualifica como falso comunista" - veja a parte do Wilson. Sendo que para sermos vistos, em qualquer protesto, em qualquer ação, projeto, precisamos de comunicação, de conversas, de parcerias, de ideias, e camisetas estampadas são um espelho de nossos gostos e desgostos, uma síntese do que somos, para nos "encontrarmos" por aí, eu diria que é uma sutil propaganda de uma ideia, um gosto, que chama pra si os semelhantes e traz os curiosos para aumentar o referido grupo.
Protestos necessitam dos jornais, e os jornais e revistas necessitam de um absurdo pra estampar a capa e, portanto, vender mais. Sou a favor de protestos, quem reclama e não faz nada não deve reclamar então. Ignora ou se junta ao povo, minha gente, simples. E é óbvio que para estudar, se informar, se encontrar a internet é praticamente o mais importante meio pra isso.
Comunista pode e deve usar internet, camiseta com seus Che, Marx, Engels, Hobsbawm, e por enquanto a vida segue. Vamos engolindo as asneiras que encontramos por aí, sem fundamento, com agressividade, sem base mas com muito sofisma (que é assim que o mundo vive), muito seguidor de O'Brien em seus Dois Minutos de Ódio e de fama, porque é só isso que se tem com esses absurdos escritos e ditos.
Agora "dois minutos de ódio" também é tag, dica do meu amigo Roger (não Waters, mas Ribeiro)

3 comentários:

  1. Eu penso muitas coisas sobre isso, mas não sei nada sobre :) Tive uma vez um professor na faculdade que era socialista, e que era super xingado pelos alunos porque ele tava aula em uma faculdade particular e tinha um carro mega caro. Lembro que um dia ele disse algo como: "se vocês pudessem não teriam o mesmo carro que eu? A diferença é que eu não moldo minha vida pra conseguir isso nem sou ignorante sobre os processos de fabricação e comercio dele". Não sei se foi uma resposta digna de um socialista, mas parei de achar que socialista /comunista não podem ter objetos da hora, nem consumir o que é massivamente imposto.

    Enfim, eu tenho alguns preconceitos e muito se dá por não saber mesmo que é socialismo ou comunismo. Tenho muitos amigos de esquerda, que vão em passeata, que se manifestam, que xingam no twitter, no facebook, mas que são burgueses sustentados pelos pais. Sério, não consigo levar a sério essa galera que pede dinheiro pra mãe pra pegar ônibus pra ir numa manifestação. E não é porque eles não têm idade pra trabalhar, é porque estão acomodados atrás do nome de alguma universidade, recebendo bolsa do governo ou dinheiro dos pais. Acho muito fácil se revoltar com o mundo desse jeito. Queria ver se eles fossem operários, se tivessem que colher o dinheiro deles... Importante ter universitários pensantes, mas acho hipócrita. Pode ser preconceito, mas enfim, queria compartilhar porque achei que tinha a ver, haha.

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    1. Eu sinceramente tentava ver ou realmente era inocente no assunto de "filhinho de papai" ou algo do tipo. Não sei se porque só vejo nesses comentários maldosos uma generalização de quem é de esquerda e me sentia (e sinto) ofendida e acabava generalizando também, como se todo indivíduo de esquerda fosse bom e injustiçado (não que eu seja boa e injustiçada, a verdade é que nem sei se de fato sou/serei de esquerda pra sempre e etc).
      No fim das contas vou estudando aos pouquinhos sobre tudo isso, e tentando não ter raiva desses comentários maldosos em sites de jornais e facebooks da vida. Mas minha raiva se vai toda pelo medo de gente inocente ler aquilo e achar que é a única verdade existente, sabe, e acabar fazendo troça junto, invalidando esses ideais que com certeza são a vida de muita gente. Obrigada pelo comentário! Realmente tem muito a ver, me fez pensar coisas que não pensei na hora que escrevi o texto ^_^

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  2. Helenzita,

    Acho que os ideais devem permanecer, como inspiração, mas da forma como foram concebidos não fazem mais sentido, talvez por isso as pessoas tenham tanta dificuldade em entender o óbvio.
    E nós nem queremos isso.
    A questão é o equilíbrio entre o que é bom pra todos, e essa é a grande magia do comunismo, mas infelizmente beira à loucura, porque quem experimenta o poder, não quer saber de outro adoçante.
    A gente tá embriagado pelo consumismo e ninguém, acredito eu, quer que as pessoas parem de consumir, só queremos que as pessoas observem, olhem para os lados, questionem as autoridades, os governos, a política, os programas de TV, suas vidas, os programas de “incentivo”, as propagandas, a gente quer que as pessoas SE questionem. E comunismo te leva à observação do outro, como parte de um todo, que pra funcionar, não é cada um por si, mas todos por todos.

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