25.6.13

Sobretudo sobre nada

Vontade de escrever como antigamente, sair digitando por aí sem sentido e sem propósito. Depois de tanta informação via internet - e quase nenhuma via TV, porque se eu quiser, é só ler um jornal "oficial" aqui, que dá na mesma (e não serve pra nada) -, dá uma vontade de opinar também.

Mas o que é a opinião senão um filtro adicionado a visão e vontades pessoais que pouco têm a ver com o coletivo? Vejo, desde o meio da semana passada, o pessoal se importando mais com separar quem é quem do que visar propostas efetivas e/ou exigir da PresidentA algo maior que um discurso (sendo que no momento do mesmo só dava pra fazer aquilo - pronunciamento -, querer além era lisérgico demais).

Tô perdida sobre a PEC 37 (que acaba de ser "expulsa" da Câmara com 490 votos contra x 9 a favor), indignada com a existência da possibilidade da chamada "Cura Gay" (retrocesso tremendo), me perguntando se eu preciso realmente "tomar um partido", só porque um ou muitos rotulam como vilões, maus, horríveis os que não têm (claro que a raiva é para com o antipartidarismo, e não para com o apartidarismo, mas em 140 caracteres quem é que vai se explicar direito?). Inclusive na novela nova (muito boa), Saramandaia, vimos uma Vilar exigir do noivo, o prefeito da futura Saramandaia, que "tomasse partido". Por quê? Para brincar de gato e rato e utilizar-se de termos "petralha", "tucanalha" enquanto o país sofre com vários outros problemas, inclusive os que fogem da alçada destes, e são articulados por partidicos que nem lembramos da existência? Não tô aqui pra embates de lado nenhum, enquanto um briga com o outro pra saber quem está certo e quem está errado (bobagem), perdemos tempo e oportunidades preciosas pra dar um jeito e uma reviravolta no país.

Resolvi escrever pra dar continuidade num blog que ultimamente só se envereda por caminhos cada vez mais associados entre si, mas com textos pontuais e esquecidos de tempos em tempos. Também porque vi um texto muito bom do bonjour circus que meio que me encaminhou pra sentar e escrever, sem uma pauta, uma raiva, um motivo só.

O Brasil tirou os tapetes que escondiam toda a bagunça debaixo (ou abriu o armário e a tralha caiu toda por cima do povo), e não dá mais pra esconder que precisamos de medidas políticas e soluções efetivas e verdadeiras para os problemas, afinal não estamos aqui pra brincadeira. Quem acha que o assunto "já deu" deveria rever seus conceitos, quem não quer saber de política não sabe o que está perdendo e como está prejudicando a si e aos outros cidadãos que estão apenas em busca de melhorias em relação ao básico de subsistência e além.

Postarei, eventualmente, links interessantes sobre assuntos relevantes no "para gostar de ler", espero que tenham curiosidade para esses assuntos e interpretem/participem de maneira saudável e produtiva.

17.6.13

Somos todos iguais, braços dados ou não

Música do dia: Geraldo Vandré - Pra não dizer que não falei das flores
Obrigada, muito obrigada, estou orgulhosa e feliz de fazer parte dessa geração. Não estive nas ruas, não sei se estarei, mas tô ajudando do jeito que posso, divulgando, conversando, discutindo, desenhando, escrevendo. Tudo isso que estamos vendo é História, é documento, e servirá para estudo a partir de agora!
Falamos que agora sim estamos fazendo História, mas esquecemos que sempre fizemos parte dela. Seremos lembrados mais especificamente, pela luta, pela coragem, pelas ideias, pela união e criatividade.
Um carinho para com tudo isso:
Continuemos divulgando, ajudando quem vai às ruas, desconstruindo mentiras e etc e tal!
Compartilhar é participar! http://blogs.estadao.com.br/marcelo-rubens-paiva/manual-dos-indignados-tudo-que-voce-precisa-saber-sobre-protestos/

13.6.13

Mother should I trust the government?

acho que não...
Escrevi ouvindo: Pink Floyd - The Wall (1979)
Não sei se é academicamente errado comparar tais situações, nem estive em nenhuma delas, mas as apoio o direito de poder até onde me cabe.
Estas manifestações que estão se dando no momento me remetem às aulas de Brasil República sobre revoltas como a da Vacina, onde parte do povo se revoltou contra o então governo para tentar parar esse projeto higienista de vacinar todo mundo.

Claro que houve também uma intriga da oposição, incitando muita gente a tal ato, e não podemos afirmar que A é totalmente bonzinho e B totalmente malvado.
O que me lembra não é toda a revolta em si, até porque como em outras aulas ouvi falar de um tal corsi e ricorsi do Vico (que muito me agrada) e a tragédia e a farsa de Marx¹ (que acho de uma fofura tremenda).
É essa repetição – não igual – pontual de certas situações que espanta. Espanta no sentido de que as pessoas continuam a persistir nos erros e/ou regridem a tal ponto que nos sentimos meio anacrônicos e alheios à sociedade em que vivemos, pois: ela não faz sentido.
Pensando n’A Revolução dos Bichos² e na Revolta da Vacina³, vejo semelhança no tratar da imprensa, governo e polícia sobre o caso:

Parte da mídia (porquinho Garganta) tende a ficar do lado do governo (porcos – Napoleão e sua ninhada), e utiliza-se quase que das mesmas nomenclaturas para com manifestantes: “baderneiros”, “vândalos”, “vagabundos”, etc. Sim, há um outro lado, mas isso a gente deve buscar à parte. Já a “massa”, esta fica dependente dos Jornais Nacionais, Datenas, Jornais do SBT com a princesinha Raquel, e tantas coisas de renome e tal.

É como se fosse uma tríade: o governo (aliado à Elite, CLARO, você queria o que?), a polícia (cães, que latem mais forte quando alguém se manifesta) e a mídia meio que formam uma mesma posição entre si. O que se sabe é que os manifestantes são: vagabundos arruaceiros quebradores de tudo e blá blá blá eu já ouvi isso em outras vidas. Daí, a polícia prende alguns por motivo torpe, como bode expiatório, colocando nestes todo e qualquer defeito moral possível, ontem fora a navalha e o “ser negro” (Vacina), na ficção, ajudantes e espiões a mando do porquinho Bola-de-Neve, hoje drogas, armas, vinagre (?) e sei lá mais o que. Uns pagam por conta de outros (inclusive repórteres que estavam lá foram presos, mesmo que por pouco tempo).

As pessoas que não estão ali a se manifestar, que incitam o ódio, que torcem pra todo protestante se ferrar, podem ser chamadas de ovelhas que só faltam repetir: “quatro pernas bom, duas pernas ruim!”. Parece também ser o mesmo povo que se ofende quando algum personagem de novela faz algo “errado”, e espera que esse mesmo personagem seja um anjo de candura – o que não dá pra entender, como você quer que as pessoas levem pauladas e se fodam, e ao mesmo tempo se ofende com quem faz coisa errada? Já olhou pras suas próprias ações, compadre/comadre?

Acredita-se, pelo sofisma vomitado pelos televisores, rádios, sites de jornais, jornais impressos, etc, que só tem vagabundo lá mesmo. Mas é claro que não é assim. Não tô lá nem fui lá pra saber, ok, mas não soube de uma manifestação pacífica que desse em algo. Até porque como ser pacífica se tem tropa de choque, bomba pra cá e pra acolá? Os tiros e as bombas, se não acertam nos manifestantes e/ou em civis alheios à coisa simplesmente somem no ar, ou ricocheteiam para os “patrimônios públicos” ajudando a quebrar tudo? Quantos desses vidros quebrados não foram obra de tropas (que muito me lembram outras duas: uma delas do The Wall, e a outra, prefiro não comentar) e não de manifestantes?

E por falar em quantos,quantos de vocês, odiadores de protestos, vão se beneficiar com a tarifa, caso esta tenha seu valor diminuído, ou com reformas e melhorias que venham a ser feitas nos transportes, finalmente? Vão agradecer a quem, caso isso aconteça? À bondade dos governantes (Napoleão – o que nada fez)? Ou aos civis que foram lá levar borrachadas, surras e serem presos por conta de nós todos (os da “Batalha do Estábulo”)?

De grão em grão, a galinha enche o papo. Juntar os R$0,20 num cofrinho pra cada passagem paga, é muito dinheiro (inclusive dava pra melhorar muita coisa - e a manifestação é pra melhorar muita coisa, não se limita apenas aos 20 centavos). Se você não precisa contar o quanto gasta, que bom pra você. Mas alguém que faz da sua vida mais rica (um empregado, seja ele direto ou indireto), precisa, e muito. As coisas não caem do céu. O mundo não é só você, seja você rico ou pobre. Tudo isso pode estar “atrapalhando a ida pra casa”, mas atrapalha menos e por menos tempo que essa grana toda retirada dos salários mínimos para o transporte de milhares de pessoas.
¹ Ver p. 6 do pdf O 18 de Brumário de Luís Bonaparte (maio/1852), ou compre o livro se preferir etc. Traduções são diversas.
² Toda a alusão animalesca do texto se refere à obra de George Orwell A Revolução dos Bichos (1945), o filme A Revolução dos Bichos (1999) e o disco do Pink Floyd baseado na mesma: Animals (1977)
³ Baseado em Os Bestializados (2004), de José Murilo de Carvalho.

6.6.13

Disco: The Empyrean

e o que dá pra pensar ouvindo ele
Se quiser pular logo pra indicação do disco, clique aqui
Se tem uma coisa que de certa forma me dá saudade do estágio (o primeiro, aos 16 anos), é o tempo ocioso das férias/ dias de poucas aulas. A sala branca e vazia dos computadores, com as janelas para o jardim e o sol entrando por onde podia às nove da manhã (meu horário preferido)... Eu pensei tanta coisa naquele lugar, senti tanta coisa, que talvez houvesse algo de sobrenatural ou ultradimensional. Foram coisas que eu, agora, com quase 21 (falta exatamente um mês), não sinto mais. Não porque evoluí, mas pelo contrário, porque regredi sensorialmente.

Aquele negócio do Vico de corsi e ricorsi explica muita coisa, portanto, acho válido. Por mais que evoluamos de certa maneira - seja ela intelectual, econômica, política, religiosa -, num outro ponto qualquer estamos a regredir. Equilíbrio, talvez.
Eu era uma adolescente apaixonadinha por coisas impensáveis, queria provar teorias incríveis (do sentido de não se crer mesmo). Por mais que, ainda hoje, eu tenha esses anseios teóricos/conspiratórios, a situação é bem outra.

Não tem mais aquele negócio de "vou fazer aquilo e ponto", agora qualquer genérico serve, contanto que se chegue no propósito final - e ainda sinto que tenho chances. Houve a desilusão com o "mundo real", com os "adultos". Eu realmente acreditava que amadurecimento e Ensino Superior significavam uma coisa extraordinária (ledo engano, ninguém quer estudar, de fato, e riem de quem quer), de um monte de historiadores cultos com suas bibliotecas escuras, seus chás de alguma erva mística e essas coisas que a gente vê no Indiana Jones ou lê na Agatha Christie. Mas não, a vida não é esse sonho literário ou hollywoodiano. É mais medíocre, sabe? Bom, a vida que me cabe no momento. Deve existir essa biblioteca infinita, toda de pinho, o velho e sábio pensador com seu cachecol e suas pernas cruzadas, cachimbo na mão. Bem longe de mim, mas, quem sabe eu não me torne parte disso um dia, nem que seja só pra mim?

O negócio é: eu xingo muito no twitter, pois sou criança, e não conheço a verdade (aliás, não sou poeta, mas nesse meio tempo aprendi a amar). Xingo porque não compreendo que não haja amadurecimento suficiente para os seres humanos. E não vou culpar a TV, seus programas, o trabalho, o capitalismo, a elite ou o governo. Estes são problemas a se resolver fora do âmbito sensorial, tentem me compreender. A essência é mais profunda. O negócio está lá dentro das pessoas. De mim também. A gente perde o foco, a gente para de sentir o mundo, de ver o céu. Anteontem vi as estrelas e me dei conta de que nunca as percebi completamente. E a vida não é possível se você não vê o céu. As estrelas são uma coisa magnífica, sabe? Elas me fazem lembrar da sensação boa que era ler os livros didáticos de ciências (ou geografia), saber de Júpiter, de Saturno, do Sol, da Lua (ah, minha querida lua, a musa de tantos apaixonados). Aquela coisa de querer ser astrônoma (sim, eu quis) e também astronauta, pra passear pelos planetas e ver o céu de lá, o céu com tantas luas, tantos astros maiores e em posições diferentes.

Assim parece que estou a vitimar o ser humano. Pelo contrário. Eu o culpo. Culpo por tantos milênios de cegueira. Alguém, ao se sentir companheiro(a) de um autor ou pensador de séculos atrás, já parou pra pensar que, não interessa o tempo que passe, a aflição é a mesma? O mesmo pedido, a mesma súplica? O ser humano se repete. Platão, Marx, Goethe, Oscar Wilde, George Orwell, Schopenhauer, Bukowski, Nietzsche. Todos eles (e centenas de outros) suplicavam por praticamente a mesma coisa. Conhecimento, compreensão, razão, sabedoria, são os anseios mais antigos e até agora inalcançáveis. Não porque uma andorinha só não faz verão (ou um homem só não faz a razão), mas porque foda-se, parece que ninguém quer. O lance não é amar e ser feliz por descobrir as maravilhas da vida, o lance é estar certo diante de um embate bobo entre vermelho e azul, ismos e ismos. É só ler comentário de site de notícia (se você tiver problemas cardíacos, não leia).

Eu, desde que me lembro, sempre corri atrás desse tipo de coisa, e cada dia que passa isso se torna uma bola de neve, um vício. Com cinco anos eu queria saber por que eu não era indígena, por que o mundo era visto pelos meus olhos, por que meus pensamentos têm minha voz, como seria se eu não existisse: como não pensar, mesmo não existindo? Sempre que tento me imaginar não existente, ainda falho com o estar pensando mesmo sem estar presente. Olho pras pessoas nos ônibus, nas ruas, e me pergunto quantas delas já pararam pra pensar nisso. Quantas delas, formadas ou não, têm alguma verdade plausível, uma ideia para melhorar o mundo, e quantas ideias não poderiam ser construídas mas continuam sendo pisadas pela cegueira do ser humano dentro da caverna.

Pensar que o que eu sentia eu não sinto há muito tempo às vezes dói. Dá vergonha. Porque são coisas (importantíssimas) que, desculpem o clichê, mas nem Freud explica. Mas eu meio que embuti tudo isso (estilo arquivo .rar) numa sala só - a de informática, lá do início do texto -, numa natureza só - os céus, as árvores, as aves, num disco só. E o disco é o a seguir (ufa! cheguei ao propósito):



Disco: The Empyrean
Artista: John Frusciante
Ano: 2009
Ouça: aqui



A canção Song to the Siren é cover do pai do Jeff Buckley, o Tim Buckley.
Sim, ele é o ex-guitarrista do Red Hot Chili Peppers. E a obra dele é incrível. Comecei a ouvir o experimental, o progressivo, a partir daí. Meu disco preferido, por motivos óbvios. Inclusive sou centralheaven por conta de duas de suas músicas. E minha id sempre será esta, porque já virou um pedaço de mim. Até combina com minhas iniciais H.C. Por ser o contrário (C.H.), quem sabe não é um avesso de mim? Meu paralelo? Mas minha favorita do disco não é nenhuma delas: é a unreachable. O nome já diz: unreachable. Do you think when your head's full? E o que é tão unreachable e tão buscado? Pelo menos por mim? Respostas. Novas perguntas. Conhecimento.