25.6.11

Tudo Vira Bosta

Ontem iniciei um texto. Um texto que estava uma bosta, e não será publicado. Este também será uma, mas em menores proporções, e menores rasgos de privacidade.
Declarações de qualquer tipo, com palavrinhas bonitas, drama barato e mimimi me dão asco, e se já fiz isso aqui no blog, perdoem. Mesmo assim não me arrependo do que fiz, já que fiz.
O caso é que nem tudo é como se quer ou se espera que seja. Mentalizar algo que você queira com toda a força do Universo não vai fazer ela se materializar em sua frente. Não acredite n'O Segredo - que é, na verdade, uma coisa que todo mundo sabia antes mesmo de ser "revelado".
Você quer algo que nunca vai ter, meu amigo, minha amiga. Uma coisa em especial que já é de outrem, que aceita e se contenta em ser de outrem. Mas para não desanimar, não azedar seu dia ensolarado, você se permite acreditar que YES, YOU CAN! (lembre-se, You can't), e inventa irrealidades, cenas que poderiam vir a acontecer se certos fatores se modificassem e/ou não existissem. Qualquer dano presente, passado ou futuro é culpa sua. Total e intransferivelmente sua. Porque o outro lado não se importa, aliás mais ninguém se importa.
Mas você finge que alguém nesse mundo sabe muito bem decifrar tudo o que seu olhar diz, tudo o que o movimento específico de seu corpo diz. Finge que aquele olhar nesta ou naquela direção significam algo, crê que existe uma conspiração, que isso tem um sentido e terá um fim. Sim, um fim inesperado para os demais, um fim que, se apostassem, todos os apostadores perderiam.
Porque o que você sabe é fingir. E finge tanto que, quando a vida real acontece, se assusta. Porque a vida real é nua e crua (ou crua e nua?), ela não se modifica quando não está agradável, não dá pra "ah, assim não, desse jeito, voltemos outra vez deste ponto aqui". A vida não espera acontecer, não dá chances de ajeitar esta ou aquela cena.
Cena:
[A vida te mostra um abraço. E um abraço é aquilo que se vê, um abraço. Um abraço que não é teu, uma conversa que não é tua, uma intimidade que não é tua. Tu és apenas uma telespectadora que ama tanto, mas tanto a história do outro, que se imagina lá. Mas toda vez que vê aquele filme, percebe que a atriz em questão não és tu. Foste substituída por outra que nem sabias que existia. Mas o roteiro era teu, lembra? Um roteiro tão clichê, plagiado antes mesmo de escreveres.]
Esta cena não será mudada. Não haverá a troca de elenco. E todas as vezes que for rodada, será um modo de lembrar que substituíram a atriz, que o ator está satisfeito, que farão mais e mais parcerias juntos e que telespectador será sempre telespectador se não tomar nenhuma atitude. Mas por mais que você queira estrelar neste filme, você prefere assisti-lo de longe. Inventa cacos, personagens. Sai mais barato pra você. E com mais possibilidades. Afinal, sonhar não custa nada. Eu avisei que ficaria uma bosta, e uma bosta ambígua.
Um dia depois
Não me vire as costas
Salvemos nós dois
Tudo vira bosta...

Um comentário:

  1. Meu-Deus-do-céu, que texto foda!
    Realmente, criamos expecitativas demais para com as pessoas, isso só acaba nos frustrando, nos fazendo criar novelas que nunca vão sair da imaginação para a vida real. Uns conseguem, outros não. Fazer o que? Continuar e não esquecer de seguir em frente.

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