28.7.12

Summer '68

♥ "And I would like to know How do you feel?"
Poucas semanas antes de um fato muito importante que deu cor à minha vida  acontecer, eu descobri essa música na minha playlist enquanto cuidava dos pássaros.
Mas creio que não a descobri, e sim me lembrei dela. Não sei se já ouvi na rádio, se me mostraram quando eu era criança... Mas esse órgão e essa coisa orquestral apocalíptica e tão inglesa me eram como um pedaço esquecido mas que sempre esteve em mim.
É assim que eu sei quando uma música é minha favorita, quando parece que ela faz parte de mim desde sempre mesmo que eu tenha conhecido naquele dado momento.
Eu me apaixonei assim também, com essa certeza de que sempre fui íntima e desde criança brinquei junto e filosofei ouvindo fita k7.
Hoje é aniversário do Richard William Wright (exatamente um mês depois do Raul, isso é tão legal!), e nada tinha adoçado meu coração hoje como saber da importância da data.
Eu escolho essa música favorita pela sua beleza e força misturada à sutileza e doçura, quase irônica em relação à letra triste e romântica (lê-se romântico o movimento literário nascido no século XVIII). São todos os mais variados sentimentos saídos dos dedos e das cordas vocais deste querido artista que doa paz e sabedoria de seus olhos brincalhões e sorriso franco.
Cinco minutos e meio de uma perfeita música matam toda a tristeza de semanas porque me lembram de uma vida que estou construindo aos trancos e barrancos por assim dizer.
Me lembram o sol de Sábado, o gramado do parque, a maciez do cabelo e a sede engraçada, o cara de vermelho dando conselho, o ir ao parque de olhos fechados para os pontos cardeais e abertos para o acaso.
Se fosse pra escolher um dia, e uma música, seria Sábado e Summer '68.
Me lembram uma primeira mensagem, um ir e voltar das aulas pensando em coisas que nem me lembro se ainda compreendo, o céu de cada dia naquele inverno e naquela primavera passados.
Me lembram que ainda sou eu, mesmo que revestida nessas teias de desgostos, ainda sou eu quem está aqui dentro. Sentia saudades de mim e dos meus quereres, saberes, gostos e dissabores. 
Não sei se vou conseguir tirar essa capa de desgostos, mas estou segura dentro de mim até o momento de poder sair novamente. E ver o sol abraçando a lua, caras de vermelho e mulheres de laranja dando conselhos e chorando por um piano.
Os desgostos se vão com quebras de contrato, com decisões arriscadas, mas a lembrança de dias felizes sempre estará deliciosa como morangos frescos e vermelhinhos.
Obrigada Richard, por fazer eu me redescobrir!

"O" Sábado - dia Perfeito com tudo conspirando para a paz e o amor

"Um" sábado (hoje) - 69º aniversário de Richard William Wright



24.7.12

Black

Estou oscilando bastante em minhas conclusões sobre o que tem acontecido nos últimos 12 meses e essa música, assim tão de surpresa, me fez pensar por um lado que não imaginava existir.
Pearl Jam - banda que mal ouço mas tenho muito apreço - me lembrou o início de uma fase profissional que não consigo decidir se me foi/é/será importante para crescimento intelectual e moral.
Uma cena específica nunca saiu da minha memória, no momento fui quase fria, mas hoje lembrei docemente. Eram outras pessoas as protagonistas, com as quais não tinha tanta simpatia, mas que hoje chegam a dar saudade.
Não por elas em si, mas pelo jeito de como tudo era.
Não sei se as coisas vão voltar para seus eixos, mas estar fora deles não significa necessariamente que algo ruim esteja acontecendo. É um rumo perdido, apenas. Não consigo enxergar o que me espera, nem fazer planos, já que não sei se vou me satisfazer ou sofrer as consequências de modo ruim.
Me desespera o não planejar, o tatear o escuro.
Tenho medo do escuro literal, e pavor do metafórico. Já que este segundo não pode ser resolvido com um simples acender das luzes.
O que está em jogo não são só meu futuro e meus quereres, mas minha saúde mental e poder próprio sobre meu destino. Poder esse que, olhando pra trás, é quase certo que tinha, mas agora não sei mais.
Curiosamente a letra tem a ver com o que senti e pensei, letra essa que só vi agora no fim. Esse é o poder musical que mais me impressiona, a linguagem universal pelos som e timbre.


16.7.12

Metamorfose Ambulante

Resolvi que vou dar uma mudada, porque a vida precisa de movimento, e no movimento há mudança, um certo amadurecimento até.
Fiquei inspirada com umas páginas que andei visitando, com imagens bonitas, com músicas e criações que aconteceram em minha presença, sem falar no passar do tempo e os bons sentimentos que só crescem.
Viajei ontem sem rumo por intermédio do meu pai, por uns lugares bonitos com nomes indígenas. O frio gostoso desse inverno em que nasci desde o ano passado me é mais que especial, é quase que um amigo. Assim como as plantas que, quanto mais livres e espaçadas, de terreno mais extenso, parecem um poço profundo de sabedoria e segredos, com conversas silenciosas, inteligentes. Dão vontade de viver, aprender, estudar, mexer, criar.
E é isso que penso em fazer a partir desse semestre. Quero voltar a ler, a ver arte, a sentir arte, a ser arte. Quero fazer algo diferente e saudável, coisa que meus textos não estavam sendo.
Quero fazer como as folhas secas e marrons de outono que caem para dar vida a novas, verdes e resistentes.