16.11.12

Quem foi que disse?

ENSAIO I
O que é o ser humano? O que rege suas ações? Somos de fato seres de um grande rebanho a obedecer um "sistema" de outro que seria um ser mais evoluído e mais inteligente (?) Somos todos iguais, mas uns mais iguais que os outros?
O que move o mundo? Qual é o clamor planetário e, por que não, universal? O bem? O mal? Por que aquilo não pode? Por que não? Quem ou o quê pode me dar garantias de que aquilo me fará mal? Ou bem?
1984, Animals e A Revolução dos Bichos são, de fato, apenas literatura e música prevendo um possível destino da vida na Terra, ou são realidades ignoradas desde que o sedentarismo se instalou entre os Homos? A Utopia é, de fato, uma irrealidade, uma impossibilidade, uma inviabilidade? Por quê? Por que sim? E por que sim?
Como dar uma opinião sem ser grosseiro e totalmente estúpido? Como avaliar a opinião alheia? Como avaliar pensamentos e ideias? Qual o sentido de se expôr para uma classe e explicar uma matéria já dominada pelo professor e receber nota não pelo que se quis passar de conteúdo, mas por quanto se foi gaguejado? Como saber se o entendimento do mestre é correto, e não deturpado, apenas tendo em mãos um papel com as letras D I P L O M A?
Quem está certo? Quem está errado? Existe certo e errado? Existe inferno? Meu inferno é pensar na sociedade doentia que descobri ao escolher o pensamento como caminho para a felicidade. É o meu acreditar que 1984 é, não só atemporal, mas um fato consumado de todas as sociedades preguiçosas e escravistas/escravocratas/de servidão que todos nós sabemos pelo menos um pouco.
Mas em quem acreditar? E se acreditamos, até a morte, sem nunca nos darmos conta, na pessoa, teoria ou posição político-filosófica errada? E se estivemos certos, por toda a vida, mas calados perante o mundo e incapacitados de revolucionarmos? O que há de errado com a vida em comunidade? Com a simplicidade? Com as boas ações sem moedas de troca a não ser um belo e caloroso sorriso? Por que é preferível entrar na fila da escada rolante (tendo a de pedra vazia ao lado) a ouvir um som progressivo de míseros mais de vinte minutos? Será que a reflexão trazida com a boa música está atrelada à rejeição da massa? Massa homogênea como a massa podre de torta que fica ali, parada, fermentando, esperando o serviço do externo para ser transformada e submetida, mas inútil sem um recheio saboroso e colorido para lhe dar vida e que não é do gosto de todos. Como ver sentido nessas exemplificações pessoais e meio perturbadas, recortadas, receosas? Como entender os sentidos dos outros? O que faz sentido pra mim, realmente pode fazer sentido pra você? Como saber se algum dia entendemos o propósito do outro?
Quem disse que o diálogo é apenas feito por voz? Por que a voz é tão importante, o discurso - que creio ser somente sofismo, publicidade e pena de pavão - e as palavras bonitas tão possivelmente preenchidas com o nada? José DiasAmante dos superlativos e da bajulação (sic) - era exímio discursista mas quase nada, no fim das contas, era o que dizia. Creio que o valor que se dá ao discurso, seminário, palestra, entre outros, seja um apoio à não-leitura, um descaso com os tímidos, gagos e momentaneamente gagos e propensos à vermelhidão  (como eu), e uma maneira preguiçosa de se dar aula. Há sim o valor, que se limita a certas pessoas. Não é algo global que deva ser preferível, já que existem pessoas que se sentem muito mais confortáveis ao escrever, ao cantar, ao desenhar, ao fotografar. É muito fácil dizer "diga o que pensa", e só ouvir palavras soltas, perdendo às vezes o foco, distraindo-se, interpretando errado as feições e os tons de voz.
A vida em comunidade está cada vez mais utópica pelo fato de não sermos nada dóceis, compreensivos, respeitadores de espaço, opinião, ideias, criações, modos de vida, gostos, desgostos, medos, limitações. EU rege a sociedade. EU e absolutamente EU é o melhor, o principal, o que deve ser beneficiado. Não acontecendo com EU, que importa?
BONS costumes, será que eles são bons mesmo? Quem disse? Por quê? Até quando estamos controlando nossas próprias mentes, conscientes ou inconscientes, inconsequentes? Será que estamos?
Inspirações em A condição humana, no incômodo limite entre o bem e o mal (ensaio de Anthony Burgess)
Controle da população através do poder midiático. Há muito queria fazer um texto interrogativo, se é que se pode ser chamado assim, pela afeição a Sócrates e esse seu jeito gostoso, simples e sincero de pensar, e a curiosidade que nunca me abandonou, mas só depois dessa muita leitura e trilha sonora pertinente (obviamente de Pink Floyd: Wish You Were Here, The Division Bell, Animals e The Dark Side of the Moon - na ordem) tive coragem de me arriscar em um texto que não me ferisse e pelo contrário, me desse prazer em pôr em prática.

Nenhum comentário:

Postar um comentário