31.12.12

2012

This is the end
Um ano que não sei se me dá sensação de "domingo", mas é só o que consigo sentir. 2012 foi um grande domingo cheio de sensações de "acaba logo" ou algo assim. Não que tenha sido ruim. Aprendi que devo ser mais let it be e não me importar fanaticamente com bobagens que na verdade são discursos sofistas de fachada de quem não tem arte no coração.
Um tormento se foi, cheguei bem na metade do outro. Sinto que amadureci, logo após mergulhar no azedume da sociedade "normal" e chuviscar esse molho pútrido em superfícies que jamais deveriam ser tocadas por este mal. Após o mergulho, algumas sequelas, mas nada que um css ou pastel óleo não possam restaurar.
De 2013 quero "apenas" paciência, sabedoria e criatividade. Paciência para aguentar o mundo cão, sabedoria pra escolher o caminho que me pertence, não caindo no erro, no desespero e na desesperança outra vez, e criatividade para me reconhecer e/ou ser reconhecida em projetos puramente artísticos e filosóficos.
Desejo a vocês mais educação, calma, graça, respeito para com os outros pontos de vista, e que ninguém estacione o carrinho de supermercado da vida bem no meio do corredor do seu caminho e, se isso acontecer, empurre o empacado com força porque ninguém aqui tem que empatar a vida de ninguém. Cada um com seu ponto de vista, e de uma vez por todas, mandem esse positivismo lá pra tumba do Auguste.
Que o mundo tenha acabado no útimo dia 21, e que este seja um recomeço, com mais cérebro e menos senso comum. Mais ação e emoção, equilibradas com racionalidade. Evoluamo-nos!
Actions para edição de imagem por "Depois dos 15" e "@dbox". Feliz 2013 e muita birita pra vocês.

26.12.12

Normas e motivos

Blog, ABNT, ranhetice
Quando comecei a querer/fazer/gostar/viajar em blogs não lembro exatamente o por quê, só lembro que faz tempo pra caramba. E tem gente que tá nisso há mais tempo. Mas vendo alguns e em tanta variedade, me pergunto: por que eu tenho um blog?
Não sei.
Não sei se é por mexer a cada semana nas cores e descobrir facilidades e genialidades dos códigos html e css, tão simples e complexos, tão abrangentes e gostosos de mexer. Lembro que meu primeiro contato foi buscando templates de piratas do caribe que não davam certo e eu tentava deixar o texto dentro do pergaminho da imagem. Foi aí que virei a madrugada nas internet. Até hoje ainda passo horas lendo tutoriais de blogs de gente mais nova do que eu que manja muito e tem paciência pra explicar. Gente boa.
Não sei se é por querer escrever e me mostrar pro mundo, ou pra me entender, ou como diário. Foram tantos diários começados em 01 de janeiros e mortos antes de abril que eu nem sei contar, e ainda faço isso com agendas. Não parece ser um motivo provável pra se ter blog.
Não sei se é de opinião. Minhas opiniões são chatas. E é por isso que raramente releio textos meus, que cada dia acho mais feios ou surpreendentes, ou não tenho mais aquele feeling. É coisa de momento, como diria Sócrates. Descobri que minhas opiniões são chatas quando comecei a faculdade. E descobri que ela também é chata. A gente passa o fundamental e o médio ouvindo "na faculdade não aceitam esses erros, uma letra errada é um ponto a menos" (eu imaginava nota negativa, -100, -1000, broncas de professoras ranzinzas, etc), e quando chega no superior faz qualquer coisa numa folha de caderno de desenho, recorta as rebarbas e já era. A gente dorme e derrama café, não entende nada de ABNT, cada aluno com sua regra acadêmica, e foda-se, quanto mais tosco e bajulador, maior a nota. Daí tem aqueles discursos de "tem que ler, tem que fazer conforme a norma, tem que isso, tem que aquilo" e vamos todos virando senhorinhas ranzinzas que as crianças fantasiam ser a bruxa da vizinha. E pra que? Pra parecer que somos inteligentes. Eu preferia quando barba era sinal de inteligência. Era mais sociável, imagina os pensadores barbudos de três séculos atrás fofocando sobre a barba do colega e trocando receita de tônico contra fungo. Muito mais legal que falar "como as normas pedem". Até autor de livro escreve errado. Mas é o santo da academia, academia esta que adora falar mal de religião.
Onde eu parei? Ah é, a chatice. Me tornei chata, e me dei conta disso aqui. Obrigada dipirona sádica, essa foi a última gota que faltava pra eu me libertar dessa ranhetice e desse ferrugem da decadência acadêmica. Meu blog talvez fique às moscas porque coisas chatas me tornaram chata. Mas as férias chegaram e agora posso pensar. Posso ler os livros que outrora me eram bloqueio, já que ser obrigada a ler me faz broxar.
Capaz que eu goste de blog porque é tipo uma conversa. Onde temos nosso lugar e direito de dizer, sem interrupções, sem perda de fio da meada, sem gaguejar, sem enrubescer as maçãs do rosto, sem ABNT, com cor, sabor, ideias, criatividade e diversidade. Ninguém aqui quer nota maior que a do colega, ninguém aqui quer ser dono da verdade, quer apenas compartilhar a vida. Vida essa que a academia consome.
Nesse 2013 que chega, vou sair mais, fotografar mais, viver mais. Porque fotografia é legal, não é só moda de blogueira. É o modo de imprimir a vida. De colorir com filtros, de compartilhar. Em ABNT não tem foto. Tem muita letra miuda que dói a cabeça.
Viva la vida, teoria e revolução deixemos pra depois. Não é isso que vai mudar o mundo (é o que mais o divide), pelo menos não agora. É cedo, ou tarde demais, como diz a música.
Pausa para o café, vamos respirAR.

20.12.12

O que é Mundo?

O que é "fim de mundo"?
Esse mundo que dizem por aí que vai e que não vai, pode não ser o mundo físico, gente. Ninguém falou em meteoro, água, fogo, gelo ou sumiço da gravidade. É muito filme de Hollywood até na cabeça dos pseudo-intocáveis-e-céticos. É muito "um caminho só", muita previsibilidade pra tanta possibilidade.
Mundo não se remete apenas a "planeta Terra", pode ser o fim da raça humana ou do mundo específico de alguém, por exemplo.
Mundos acabam e começam todos os dias, caso nunca tenham ouvido falar de cemitérios e maternidades.
Eu acredito em fim de mundo. E espero que não seja essa coisa hollywoodiana de O Dia depois de Amanhã, 2012 e Presságio. Pode ser o fim da capacidade de pensar, o fim do capitalismo, do pseudo-comunismo, da Igreja ou do dinheiro.
Pode ser uma explosão do núcleo terrestre, ou os Vogons desfigurando o planeta pra dar passagem à estrada do hiperespaço.
Pode nem ser amanhã.
Tenho uma professora que diz que o mundo já acabou, e é bem provável, só basta olhar em volta. Justamente muitas vezes me peguei cogitando a possibilidade de estar vivendo num inferno onde só eu não aceitei pra onde vim. Mas nem sempre. Tem coisas boas nesse mundo.
E o que me faz crer que o mundo acabou e isto é um tipo de paraíso são algumas pessoas de meu convívio, alguns lugares psicodelicamente estruturados e cheios de significados, onde tudo pode acontecer. São as árvores, o céu, as estrelas, as nuvens. O sentimento de "nada" no "infinito".
Mas por que não crer que o mundo possa acabar? Por que estar tão certo disso? Do mesmo jeito que se pode continuar de pé, pode sim de uma hora pra outra ser engolido por um buraco negro, chupado por um buraco-de-minhoca, perdido no tempo, ser posto fora de órbita. Afinal até ontem pensávamos que Plutão era planeta, e teve gente que abraçou a ideia de superioridade das raças. Adoro a ciência, estudo uma ciência, gosto de teoria e fato, mas ainda se pode provar o contrário. Pode = possibilidade.
Improvável é diferente de impossível. Improvável é aquilo que não se pode provar no momento, ou talvez nunca. Impossível ainda é um caminho da possibilidade, que talvez seja tão maior quanto o infinito. Ou o infinito do infinito.
Talvez o mundo já tenha acabado mesmo. Quando o homem decidiu se achar melhor que as outras espécies e acha que se comover com animais e plantas é coisa de doido que não sabe as prioridades de salvação de um ser vivo em perigo. Porque claro, planta e bicho não merecem salvação, não têm almas nem sociedades. Não servem pra nada senão pra compor o cenário.
 
O mundo acabou com a escrita, com o poder sobre o fogo, com a produção em massa, a TV, e até a querida internet, por que não?
As impossibilidades, as generalizações, os porque nãos, os não faz sentido, as ironias e personalidades massivas e maçantes acabam com um universo de caminhos e inspirações. Coisas que não fazem sentido ou improváveis acontecem.
Não faz sentido fazer um concerto para cinzas vulcânicas, não faz sentido ir à shows para se ver quase que apenas um enorme muro branco sendo construído, é impossível encontrar o amor da sua vida no twitter, cães não cantam músicas, leões são selvagens e destituídos de sentimento e/ou memória, todo ser vivo é mortal...
Lie, lie. Tschay, tschay, tschay.
Às vezes eu queria que todas as teorias conspiratórias, lendas, mitos e afins fossem tudo verdade e se mostrassem no tarde demais só pra essa gente brasa-mora gritar "eu avise-ei!". Porque essas são as partes mais legais e mais esperadas por mim dos filmes apocalípticos.
E falando em apocalipse, sabe o que é um apocalipse? É isso:

Aposto que o mais cético dos céticos das redes sociais grita eu acredito em fadas, acredito, acredito! assistindo Peter Pan. Então deixa de besteira dos nuncas e dos sempres e se abra pras possibilidades e pro infinito em que vive. E vive. Pelo menos até amanhã. ;)

13.12.12

Eles dizem, mas só dizem.

"Estamos num sistema de ensino iluminista, é óbvio", eles dizem, mas só dizem.
Será que o sistema nos impõe e oprime, ou ele é livre e nos dá brecha, mas nós apenas reclamamos para deixar os velhos de cabelos em pé?
Será que alguém aqui se sente um enganado, que superestimou o que chamamos de vida adulta e maturidade, será que alguém aqui se sente num perpétuo ensino fundamental?
De gente reclamando pela nota "9, porque é um absurdo, eu só tiro 10!"?
"Vocês têm que ler, têm que buscar conhecimento em outros lugares, têm que viver a razão, parar de crer no senso comum!" eles dizem, mas só dizem. Impõem suas ideias, ideais, opiniões e morais fazendo crer que é certo, mas ensinam também que "na disciplina de história não existe apenas uma verdade, pensar assim é ser positivista", mas só dizem, porque claro, eu tenho que repetir exatamente o que foi dito pra poder ser bem avaliado, não é?
Eu não posso reclamar de instituições das quais pertenço, porque não cai bem, sabe?
Eu posso ser de esquerda revoltado bicho-grilo, cigarra cantante, mas ainda assim falar "fazer o que, né", como se não houvesse solução, como se alguém estivesse proibindo, mas é só preguiça mesmo.
É engraçado o escárnio (de quem defende a liberdade de opinião própria) para com quem tem opinião diferente, seja tese, seja hipótese. O legal é mostrar o diploma e a maestria pra dizer que temos todo o direito de sermos livres, que o sistema é uma piada, mas ser o primeiro a dizer nas entrelinhas que "o que não segue minha ideia está errado e merece uma nota vermelha porque EU tenho o poder da avaliação".
Como pode ser superior, o que caracteriza superior? O "não pedir mais pra ir ao banheiro? Não dizer mais 'Professora Helena, me ensina uma musiquinha de índio?' "? Porque é só isso que muda. Porque continua o dark sarcasm in the classroom, ao mesmo tempo em que se diz que "agora há uma 'troca de saberes' em sala de aula", troca de saberes que significa "sim, você está certo se concorda comigo".
Isso não é só no ginásio, na academia, no clube, no sarau, no seminário, na palestra, no carajo a cuatro. É na vida. É um tal de "acho que vc não entendeu amg, abraço", essa mania de indireta-direta-sarcástica-irônica-sádica-ácida-sátira como se isso elevasse a opinião e esta se prostrasse tatuada na cara de Deus ou da força ou do Big Bang ou do buraco negro ou da dimensão ou seja lá no que você acredite. É um "fala com a minha mão" em todos os lugares, grito, pancadaria, xingamento (EU MESMA FAÇO ISSO E FAÇO TODO O TEMPO), característica de quinta série do ensino fundamental, onde a verdade o poder o bem e o mal estão nas mãos do que grita mais forte (nesse caso está com Roger Waters, mas ele tá certo mesmo).
Buscamos mestres para elevação da racionalidade, mas apenas encontramos irracionais sem barbas quilométricas do tamanho da sabedoria... São pequenos grandes animais hipócritas que marcam encontros pra empinar o rabo de pavão, a crina do cavalo, a crista de galo, o chifre do boi, a corcova do corcovado, a voz do mais forte, o melhor discurso sofista e todas essas canalhagens.
Somos seres involuídos. Somos bestas, troços destroçantes, lixo que se acha luxo e faz o mais jovem, o inocente crer que tem algo a mais nessa dimensão quando na verdade é mais do mesmo, é um ciclo, um círculo (ou um cone, onde há uma maioria elitista - social, econômica e intelectualmente - no centro das atenções e exemplificações).
Quando vamos crescer? Todos nós? Existe o maduro? O adulto? O livre? O justo?
Ôô seu moço do disco voador, se for de uma evolução adulta, acima de toda essa cretinice, me leve com você, pra onde você for.
Mestres não existem, nem dos magos, nem dos bruxos, nem dos elfos, muito menos dos humanos :(