Blog, ABNT, ranhetice
Quando comecei a querer/fazer/gostar/viajar em blogs não lembro exatamente o por quê, só lembro que faz tempo pra caramba. E tem gente que tá nisso há mais tempo. Mas vendo alguns e em tanta variedade, me pergunto: por que eu tenho um blog?Não sei.
Não sei se é por mexer a cada semana nas cores e descobrir facilidades e genialidades dos códigos html e css, tão simples e complexos, tão abrangentes e gostosos de mexer. Lembro que meu primeiro contato foi buscando templates de piratas do caribe que não davam certo e eu tentava deixar o texto dentro do pergaminho da imagem. Foi aí que virei a madrugada nas internet. Até hoje ainda passo horas lendo tutoriais de blogs de gente mais nova do que eu que manja muito e tem paciência pra explicar. Gente boa.
Não sei se é por querer escrever e me mostrar pro mundo, ou pra me entender, ou como diário. Foram tantos diários começados em 01 de janeiros e mortos antes de abril que eu nem sei contar, e ainda faço isso com agendas. Não parece ser um motivo provável pra se ter blog.
Não sei se é de opinião. Minhas opiniões são chatas. E é por isso que raramente releio textos meus, que cada dia acho mais feios ou surpreendentes, ou não tenho mais aquele feeling. É coisa de momento, como diria Sócrates. Descobri que minhas opiniões são chatas quando comecei a faculdade. E descobri que ela também é chata. A gente passa o fundamental e o médio ouvindo "na faculdade não aceitam esses erros, uma letra errada é um ponto a menos" (eu imaginava nota negativa, -100, -1000, broncas de professoras ranzinzas, etc), e quando chega no superior faz qualquer coisa numa folha de caderno de desenho, recorta as rebarbas e já era. A gente dorme e derrama café, não entende nada de ABNT, cada aluno com sua regra acadêmica, e foda-se, quanto mais tosco e bajulador, maior a nota. Daí tem aqueles discursos de "tem que ler, tem que fazer conforme a norma, tem que isso, tem que aquilo" e vamos todos virando senhorinhas ranzinzas que as crianças fantasiam ser a bruxa da vizinha. E pra que? Pra parecer que somos inteligentes. Eu preferia quando barba era sinal de inteligência. Era mais sociável, imagina os pensadores barbudos de três séculos atrás fofocando sobre a barba do colega e trocando receita de tônico contra fungo. Muito mais legal que falar "como as normas pedem". Até autor de livro escreve errado. Mas é o santo da academia, academia esta que adora falar mal de religião.
Onde eu parei? Ah é, a chatice. Me tornei chata, e me dei conta disso aqui. Obrigada dipirona sádica, essa foi a última gota que faltava pra eu me libertar dessa ranhetice e desse ferrugem da decadência acadêmica. Meu blog talvez fique às moscas porque coisas chatas me tornaram chata. Mas as férias chegaram e agora posso pensar. Posso ler os livros que outrora me eram bloqueio, já que ser obrigada a ler me faz broxar.
Capaz que eu goste de blog porque é tipo uma conversa. Onde temos nosso lugar e direito de dizer, sem interrupções, sem perda de fio da meada, sem gaguejar, sem enrubescer as maçãs do rosto, sem ABNT, com cor, sabor, ideias, criatividade e diversidade. Ninguém aqui quer nota maior que a do colega, ninguém aqui quer ser dono da verdade, quer apenas compartilhar a vida. Vida essa que a academia consome.
Nesse 2013 que chega, vou sair mais, fotografar mais, viver mais. Porque fotografia é legal, não é só moda de blogueira. É o modo de imprimir a vida. De colorir com filtros, de compartilhar. Em ABNT não tem foto. Tem muita letra miuda que dói a cabeça.
Viva la vida, teoria e revolução deixemos pra depois. Não é isso que vai mudar o mundo (é o que mais o divide), pelo menos não agora. É cedo, ou tarde demais, como diz a música.
Pausa para o café, vamos respirAR.

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