13.12.12

Eles dizem, mas só dizem.

"Estamos num sistema de ensino iluminista, é óbvio", eles dizem, mas só dizem.
Será que o sistema nos impõe e oprime, ou ele é livre e nos dá brecha, mas nós apenas reclamamos para deixar os velhos de cabelos em pé?
Será que alguém aqui se sente um enganado, que superestimou o que chamamos de vida adulta e maturidade, será que alguém aqui se sente num perpétuo ensino fundamental?
De gente reclamando pela nota "9, porque é um absurdo, eu só tiro 10!"?
"Vocês têm que ler, têm que buscar conhecimento em outros lugares, têm que viver a razão, parar de crer no senso comum!" eles dizem, mas só dizem. Impõem suas ideias, ideais, opiniões e morais fazendo crer que é certo, mas ensinam também que "na disciplina de história não existe apenas uma verdade, pensar assim é ser positivista", mas só dizem, porque claro, eu tenho que repetir exatamente o que foi dito pra poder ser bem avaliado, não é?
Eu não posso reclamar de instituições das quais pertenço, porque não cai bem, sabe?
Eu posso ser de esquerda revoltado bicho-grilo, cigarra cantante, mas ainda assim falar "fazer o que, né", como se não houvesse solução, como se alguém estivesse proibindo, mas é só preguiça mesmo.
É engraçado o escárnio (de quem defende a liberdade de opinião própria) para com quem tem opinião diferente, seja tese, seja hipótese. O legal é mostrar o diploma e a maestria pra dizer que temos todo o direito de sermos livres, que o sistema é uma piada, mas ser o primeiro a dizer nas entrelinhas que "o que não segue minha ideia está errado e merece uma nota vermelha porque EU tenho o poder da avaliação".
Como pode ser superior, o que caracteriza superior? O "não pedir mais pra ir ao banheiro? Não dizer mais 'Professora Helena, me ensina uma musiquinha de índio?' "? Porque é só isso que muda. Porque continua o dark sarcasm in the classroom, ao mesmo tempo em que se diz que "agora há uma 'troca de saberes' em sala de aula", troca de saberes que significa "sim, você está certo se concorda comigo".
Isso não é só no ginásio, na academia, no clube, no sarau, no seminário, na palestra, no carajo a cuatro. É na vida. É um tal de "acho que vc não entendeu amg, abraço", essa mania de indireta-direta-sarcástica-irônica-sádica-ácida-sátira como se isso elevasse a opinião e esta se prostrasse tatuada na cara de Deus ou da força ou do Big Bang ou do buraco negro ou da dimensão ou seja lá no que você acredite. É um "fala com a minha mão" em todos os lugares, grito, pancadaria, xingamento (EU MESMA FAÇO ISSO E FAÇO TODO O TEMPO), característica de quinta série do ensino fundamental, onde a verdade o poder o bem e o mal estão nas mãos do que grita mais forte (nesse caso está com Roger Waters, mas ele tá certo mesmo).
Buscamos mestres para elevação da racionalidade, mas apenas encontramos irracionais sem barbas quilométricas do tamanho da sabedoria... São pequenos grandes animais hipócritas que marcam encontros pra empinar o rabo de pavão, a crina do cavalo, a crista de galo, o chifre do boi, a corcova do corcovado, a voz do mais forte, o melhor discurso sofista e todas essas canalhagens.
Somos seres involuídos. Somos bestas, troços destroçantes, lixo que se acha luxo e faz o mais jovem, o inocente crer que tem algo a mais nessa dimensão quando na verdade é mais do mesmo, é um ciclo, um círculo (ou um cone, onde há uma maioria elitista - social, econômica e intelectualmente - no centro das atenções e exemplificações).
Quando vamos crescer? Todos nós? Existe o maduro? O adulto? O livre? O justo?
Ôô seu moço do disco voador, se for de uma evolução adulta, acima de toda essa cretinice, me leve com você, pra onde você for.
Mestres não existem, nem dos magos, nem dos bruxos, nem dos elfos, muito menos dos humanos :(

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