24.9.11

Manipulação in Rio


Eu curti muito RHCP nessa vida e ainda curto, agora mais que nunca das antigas. Mas ouço muito menos, ainda mais por John ter saído. É, o John é algo inexplicável que passou por ali.
Daí no meio da noite a gata mia desesperada pra sair, todos acordam e irmã diz "deve tar passando RHCP", minha mãe liga a tevê e é isso mesmo. Pra alegria de todo mundo menos a minha, porque eu tava com um sono lascado e podia ver isso depois no youtube.
Mas tive que ver né, porque a curiosidade matou o gato etc; Flea com camiseta do BR, legal. Anthony não sabendo mais dançar, Chad sempre garotão e Josh: O novato. O menino é bom, muito bom. É estranho no olhar e mexer, não é algo físico, mas da alma.
E eles fazem questão de tocar as principais músicas em que o John tinha destaque, pelo menos na minha atenção: Higher Ground, Californication, By the Way, BLOOD SUGAR SEX MAGIK. Dei uma choramingada - porque não sou de ferro, não sou de aço - ao ver um não-John ali tocando em frente ao Flea como em Live at Slane Castle (veja esse link, pelo amor de Deus, caralho). Doeu pra caramba e eu pensei realmente que isso não fosse acontecer. Mas aconteceu. Que bom que não tocaram Scar Tissue ou Venice Queen, porque eu morreria.
E sabe o que doeu mais? A camiseta. Eu tava feliz por aquela porcaria não aparecer. Mas né, é GLOBO IN RIO, e a fulana lá é contratada. Então CLARO que isso tinha que acontecer, você só se iludiu, Helen. (Que bom que o John não foi. Isto é, né, se não mandaram uma pelos Correios).
Porque os fãs de RHCP que morrem todos os anos de todas as formas, não vão tar lá numa camiseta, eles não são filhos de ninguém que trabalhe na Plin Plin. Eles, se têm morte parecida têm culpa também, não só o motorista, porque sabe, seus pais não são atores nem ricos, então "quem mandou brincar no meio da rua?".
Quem matou esses fulanos fãs de RHCP que ninguém conhece não vai preso, porque a polícia não se importa em caçar o homicida, já que ninguém tem vínculo com a empresa televisiva mais apaixonante do Brasil.
Quanto vocês pagaram pra corromper a banda dos sonhos de uma pré-adolescente dos tempos de Stadium Arcadium? Vou juntar um pé de meia pra cobrir sua proposta e no próximo ROCK HORRÍVEL os Chili Peppers vão vestir: ENFIA A GLOBO NO CÚ.
Se você achou meu texto babaca, me poupe do seu comentário babaca, seu viciadinho em televisor.

23.9.11

The Dark Side of the Moon


Depois de muito tempo minha raiva voltou. E como. Tremi e enrubesci a um ponto incalculável. Fervi, de fato. Pensei num texto inteiro, mas como estava impossibilitada dos meios, deixei pra depois. Só que o depois muda, o sentimento é outro, a vontade também.
Mas a base ainda está aqui. E vou tentar reproduzir. Infelizmente sem a raiva do momento.
É sobre o mundo, o SIST, as pessoas. No momento de calma eu rio, acho bonitinho, oh que graça, estão brincando de boneca. E eles próprios são as marionetes. E os ventríloquos. Mas na hora da raiva, ah, dá vontade de estourar crânios de tantos socos, pra ver se as pessoas acordam.
Mas elas querem, de fato, acordar? Ou crêem realmente que quem está em sono profundo são os deste lado?
Estou em sono profundo ao ver que eles têm a mesma ladainha e discurso dualista de sempre, onde repetem até as mesmas palavras?
Hoje na aula de Psicologia do Desenvolvimento houve uma discussão sobre educação e comunismo. Claro que começou-se a falar mal dos dois, principalmente do comedor de criancinhas. Foi aí que meu sangue ferveu. É a mesma coisa, sempre. É mau, é errado, faz dodói. É errado pensar no povo, sabe. As pessoas não querem se ajudar, querem se pisar, querem ser vistas. E não dá pra ser visto fazendo o justo.
Professorezinhos que se gabam de seus mestrados e são excelentes utilizadores de palavras complicadas para exibirem suas teorias que são nada mais que sínteses do que o professor de verdade acabou de dizer. Estes se gabam, todos pomposos, de suas atividades, afinal é 2º semestre e já dão suas aulinhas eventuais.
"Eu cansei, sabe? Falei que vou encher a lousa de lição, porque não dá. Tô recebendo meu salário mesmo, não tem como trabalhar uma coisa legal com eles." - bate as mãos no sentido tô nem aí.
Quantas vezes já não ouvi isso. Daí neguinho ainda vem dizer: "Ah, o ECA é eca! mesmo, viu. Ah, essa progressão continuada, esses bônus, esses pais". Quer dizer, a pessoa chega na sala e vai coçar o saco enquanto alunos se atiram, se esfaqueiam e jogam papel molhado no teto, e a culpa é do ECA, dos pais, da forma de avaliação e do caralho a quatro. AHAM, o professor é inocente. O professor é letrado e por isso é a vítima.
Daí comparam ensino público com [como quase igual ao] privado. VAI LÁ, MEU AMIGO, TENTAR FUVEST. O melhor aluno de uma pública com muito esforço vai se igualar a um razoável da particular. Eu sei o que tô dizendo, porra.
Então fazemos assim, vamos ser a população feliz que vota em PT, PSDB; que compra celular da moda pra ouvir sua Nativa FM de preferência sem fone às 7 da manhã; que vai na casa da prima e copia na memória os móveis pra pegar uns de outra cor nas Casas Bahia; que pinta o cabelo de acaju púrpura (não da marca Márcia, todas menos ela) e faz uma floresta na ponta da unha de dois metros, e mais! Façamos o seguinte: vamos comer num restaurante aos domingos, uma bela feijoada com uma Bavaria que é a cerveja sertaneja da sexta-feira; vamos dizer aos nossos vizinhos e amigos que nosso filho querido de cabelo curto e barba feita está na faculdade de administração e trabalha com telemarketing para a Claro, e não tem tempo nem pra dormir, coitado, e no sábado faz curso de contabilidade porque né, quer ser promovido a recepcionista da recepção do almoxarifado da filial no Brás; vamos, vamos assistir o Faustão e o Fantástico todo domingo, e nunca deixar aquela filha louca de cabelo ruim, aquela débil mental, nunca deixar ela ver o documentário do Che Guevara na TVCultura ou Caçadores de Múmias no History Channel, porque maconha é crack e o tributo do Raul é coisa de doido 4e20, rock é do diabo, sua unha tá grande e você tem que arrumar a casa que teu amigo tá chegando; Como foi a aula meu filho? - você tem que perguntar quando tua convidada estiver à mesa com um cardápio colorido que você faz todo dia...de São Nunca. Daí você põe lenço no cabelo pra mostrar que não cai caspa na comida, e põe a areia do gato no quintal pra ninguém ter nojo do que o pobre coitado faz e só você se incomoda. SH! O vizinho não pode ouvir suas brigas com seu marido, pra não estragar o disfarce. A maluca do Che Guevara tem que ficar caladinha porque tudo que tu faz é culpa dela e é assim e ponto. Sai do computadô, menina, porque o barulho das teclas tá incomodando a princesinha, e ela não pode perder o soninho sagrado de Jesus!, porque quem dorme tarde da o cu para o Demo. Escreve certo, que eu não tô entendendo, minha filha. Você vai fazer História da Computação, é isso? Ah, só história? Vai ser professora?

NEM FODENDO LOUCA ALUCINADA NA CASA DO CARALHO - OPA, a raiva voltou. Ela é o melhor dos combustíveis, libidinosa, proibida e vermelha. Vamos brindar à Ira, companheiros, à revolta, à luta. Não vamos entrar nesse círculo de comodismos e way of life. Vamos enlouquecer e ser perigosos, mas livres, gozando desta coisa vermelha que tem dentro de nós, lá no fundo, onde há também a lucidez (ou seria Lucy in the Sky with Diamonds?).

Tô virada pra Lua, deve ser a nova estação. Tchau inverno calmo e frio, o calor e o fogo da paixão que eu tenho pela revolta voltou.

E NÃO ME VENHAM COM PORRA DE VOLTAIRE.

17.9.11

Money, it's a crime

Texto inspirado nesta situação: Estudante atropela e mata idosa após o Tusca
Eu disse que sou egoísta e tô nem aí pras mortes que passam de pessoa pra pessoa nesta rede de fofocas constituída de papa-defuntos que é a sociedade humana.
Mas há uma exceção para toda regra. E esta senhorinha de 83 anos me fez refletir e sofrer um pouquinho mais que o natural. Não vou pedir justiça por ela, viajar até sua cidade pra participar de seu enterro, fabricar camisetas pedindo paz ou gritar na porta do tribunal caso haja julgamento do culpado. É exatamente isto que me faz ter nojo das pessoas.
Interessante é ver como as coisas se distorcem, como a verdade realmente não é algo bruto e fixo, imutável. Talvez nem mesmo exista, já que são tantos pontos de vista a se considerar. Dependendo de onde se coloca a ênfase, a coisa pode ser vista por vários ângulos e, sempre haverá um mais próximo da visão compacta, que vai ser o mais visualizado, discutido e afirmado pela população. Geralmente este ponto não é o mais correto.
Então:
A senhorinha é assassinada por um cara que dirige provavelmente bêbado e em alta velocidade;
este indivíduo foge, mas seus advogados depois afirmam que ele fora buscar ajuda;
é preso o meliante, mas após $19 mil e uns quebrados está livre leve e solto;
responderá por homicídio CULPOSO;
EM LIBERDADE.
Lembro-me das zilhões de vezes em que a pessoa realmente sem querer assassina alguém e é julgada como DOLOSO. De pessoas que passam a vida sem saber como é a vida lá fora porque roubaram um pouco de comida para sobreviver. Daí fulano que estuda e tem umas verdinhas, que desobedece a lei e compra advogados para distorcerem os fatos fica por aí, sapateando na cara dos pobres coitados que formam a nação.
A senhorinha idosa vira popstar das páginas policiais (e dos blogs dos revoltadinhos, rá), tem seu corpo coberto de sangue fotografado para estampar notícias de vários meios de comunicação que repetirão sua breve história pública até voltar ao esquecimento e poder descansar em paz com Jesus.
Não sei se tenho revolta por quem tem o poder pelo outro (todos estes funcionários padrão que mexem com verdades e mentiras, e têm o dom de manipular), por quem acredita piamente no que diz a mídia e ainda se revolta com a pessoa errada, ou ainda por muitos destes que tomam para si dores alheias, dores que provavelmente nem existem.
A sociedade é engraçada, mesmo não tendo graça nenhuma. E vice-versa. Se complica o simples e se simplifica o complicado. Se crê na mentira, e se descrê na verdade. Se valoriza o inútil, se inutiliza o que é de valor.

"Why does anyone do anything?"
"I don't know, I was really drunk at the time!"

11.9.11

The Moon is Down

There's a chaos of visions and voices
Sad is the laugh of the clown
now the old moon is down.


Engraçado olhar pra noite. Ela é um mistério, um infinito de possibilidades e pensamentos. Ela é o próprio infinito.
Quando era pequena, imaginava que a Lua me seguia. Eu parava, olhava pra cima, e ela parava. Eu andava, olhando pra cima, e ela ia comigo.
Me pergunto hoje quantas pessoas já fizeram isso. Se as pessoas reparam na Lua mesmo.
Sábado foi o melhor dia da minha vida, e passei mais que metade dele olhando pra cima, pro infinito. Tanto que ele foi infinito. A Lua e o Sol juntos, quase que de mãos dadas, o dia inteiro. Falei pros amigos: ninguém viu.
Quando passo à noite pelas ruas escuras e caladas, me deparo com luzes, milhares delas. E caixinhas de concreto abrigando-as. E quantos indivíduos estão jantando, cozinhando, banhando-se, e vendo tevê no exato momento em que penso nelas e/ou as imagino.


Tudo aqui embaixo parece uma casinha de bonecas, mas tão detalhada que o responsável pelos brinquedos cansou e foi fazer outra coisa. Então, tudo fica parado.
Mas os brinquedos dessas casinhas pensam que na verdade é o céu uma brincadeira. Até parece mesmo, que os astros estão pendurados por um fio de nylon numa cartolina gigante. Mas o que realmente é o brinquedo? As vidinhas pacatas e limitadas, ou a plenitude da noite estranha e fria que abraça-nos incansavelmente para todo o sempre?

Tenho uma relação estranha com isto, tanto que não soube me explicar de todo o bem.

Agora há pouco vi a Lua. Ela está (e é) esplendorosa, magnífica, reluzente, enfim. Todos os adjetivos são poucos. Nem o melhor aparelho fotográfico da galáxia reproduziria tamanho sentimento, tamanha emoção. Perfeição é pouco.
Ela me fez sorrir (como o gato de Alice no País das Maravilhas), me fez gargalhar, me fez quase chorar.
E agora, olhando pra trás, e pra descobertas e redescobertas, vejo que minha relação com essa mãe é muito maior do que imaginei a vida toda. Ela é meu centro de perguntas, meu conforto por não ter respostas, minha confiança e esperança na eternidade.

They live in my dreams,
in my dreams, in my dreams


Eu sou de Lua, eu sou da Lua.

10.9.11

Eu Sou Egoísta

Ego = do latim EU.
É ou foi meu defeito favorito. Por não me apegar tanto ao externo, a algo que não modifique ou interfira nas minhas ações. Como as notícias da tevê. Não ligo pra elas. Não sinto pena, dor, revolta ou algo assim. Revolta talvez por quem vê os telejornais e sente algo.
Sinto a injustiça sim, mas não por casos isolados. Cada um com sua vida, sabe? Coisas boas e ruins, comédias e tragédias, acontecem com todo mundo. Não é obrigação minha me emocionar com a vida dos outros.
Por isso eu gostava de ser egoísta. Se isso for egoísmo, né.
Porque pra mim, egoísmo de verdade, aquele que dói na alma e é realmente um defeito, é aquele sentimento de se colocar no lugar da pessoa. "Se fosse comigo...". Quer dizer, você só se compadece por alguém após sentir em ti as dores do indivíduo. Após ver como seria com você. Você não se compadece por somente a pessoa, mas por você.
E a culpa. A culpa expande o ego, porque você não está se lamuriando, está se responsabilizando por algo que nem provavelmente tem a ver contigo. Mas você quer ser o centro das atenções, para o bem ou para o mal, é você quem move oceanos, sem você nada disso teria acontecido e etc. Se você se sente culpado, você é egoísta.
E eu me culpo, mas me culpo tanto. Penso que tudo o que acontece relacionado a mim realmente vai ter um peso na pessoa do lado e vai mudar o dia dela. Mas provavelmente não vai, só que não aprendo, e fico com esse tipo de paranoia por todo o tempo em que me lembrar da cena específica.
Isso é tão errado, se relacionar com as pessoas pensando nelas, mas na verdade em si próprio(a). Prefiro já não pensar nas pessoas de vez, porque não fica tão hipócrita. Prefiro a frieza nua e crua, do que uma bondade mascarada e ostentada, soberba, virada para o eu. Pessoas fazem bondade porque é bem aceito pela sociedade, e você chora, cê reza, cê pede... implora... pra ser aceito, pra ser certo, pra ir pro céu. Você não vê o outro, você se vê no outro. Você só vê o outro se se enxergar lá.
Eu não vendo ninguém, não corro o risco de me ver, e assim egoísta, acabo não sendo uma egoísta de verdade.

Prefiro ser egoísta não sendo, portanto. (Mas é difícil)

6.9.11

And everything under the sun is in tune


Por um tempo resolvi não crer mais em coincidências. Até agora não creio, porque é um termo muito vago.
Pra quem não sabe diferenciar coincidência de destino, é bem simples: um é acaso, outro é premeditado. Todos escolhem para si o que é mais compreensível.
Não creio em coincidência porque, como disse, é vago demais. Não me entra na mente que isto seja assim, solto e errante e, de tão errante acerta. Pra mim destino é, sim, algo mais palpável.
Mas não paro por aí. Destino não é interferência no livre-arbítrio bíblico, ou uma falta de opção humana perante as n divindades inventadas ou existentes milênios a fio. 
Destino é um conjunto de caminhos e opções a se analisar e seguir, ou seguir sem pensar, porque de qualquer forma vão levar você a algum lugar. As coisas são o que eram pra ser. De maneira ou de outra. Você tem todas as possibilidades - provavelmente infinitas - e escolhe justamente aquela que te leva para o inesperado. E isso é mais legal que a mera coincidência, a teoria do sem querer. Como quando você escolhe esperar o próximo ônibus, dar um passo para o lado, olhar para a rua mesmo depois de atravessar e se salva de um acidente.
As coisas acontecem porque assim deveriam ser, porque você escolheu tal horário pra pegar aquele trem ou pra que lado atravessar a rua no meio da cidade.
Você é livre para experimentar todas as chances, não é largado nos serás. Ação gera reação e é nisso que acredito. Vejam O Efeito Borboleta.
Acredito mais ainda porque já tive provas concretas e sinceras de que este conceito existe. É como se todas as forças da natureza contribuíssem para aquele momento fatídico e impensável. Você é levado àquilo (como um imã), porque você sente aquilo. Você vê, você acredita e concorda, e quando percebe já está lá, vendo outros alguéns que provavelmente fizeram o mesmo. Dá pra ver a proteção vinda de cima, não só lá, do céu, mas de mais perto. Dá pra ouvir as risadas e cochichos alegres que essas energias deixam escapar alto demais para que nossos ouvidos alcancem.
Eu acredito no destino. E acredito que posso moldá-lo como bem entender, com meus sentimentos e decisões. Eu sou livre pra escolher o que virá pra mim, e isso muda tudo.