3.9.13

Pausa para muitos cafés

Genesis - Anyway
Já estava ultra separada do blog nos últimos tempos, e agora é caso de extrema necessidade. Quem sabe eu volto falando de muitos animais, muito anti-totalitarismo, muitos porcos voando e porcos que se chamam Napoleão. Quem sabe também hajam anexos acadêmicos por aqui, quem sabe. Desejem-me sorte, e desculpem o transtorno!

Imagem: daqui

23.7.13

Zabriskie Point

ATENÇÃO: não acredito em sinopse e/ou resenha sem spoiler, então careful, (with that axe) Eugene!
Zabriskie Point
Sinopse: Zabriskie Point é um filme de Michelangelo Antonioni lançado em 1970 que mostra o movimento de contracultura dos EUA na época. O filme conta a história de um jovem casal — uma jovem secretária idealista e um militante radical — para passar uma mensagem "anti-establishment". O filme é assim chamado em lembrança do monumento natural Zabriskie Point, no Vale da Morte, na Califórnia, EUA. (filmow)
Direção: Michelangelo Antonioni
Gênero: Drama
Trilha Sonora: Tem Pink Floyd! (aqui) - só dêem um jeito nos nomes que tá supimpa, camaradas.
Assista: (aqui)
Demorei um certo tempo pra assistir (um certo ano - pra postar também, praticamente), apenas porque preciso estar na vibe, na mesma sintonia com o objeto, digamos assim. Não sei ao certo fazer resenhas de filmes (ou de qualquer outra coisa), então entendam como uma demonstração do que senti/pensei enquanto assistia o filme.

Ando pensando muito nas "farsas" na história, tanto que isso já virou clichê na minha cabeça, e não deixei de rir com certos acontecimentos e diálogos no filme que me remeteram à realidade atual, e que de certa maneira me entristeceram por desconfiar de um provável empacamento humano de umas eras pra cá, se é que dá pra entender.

O que me fez amar foi o ambiente, a música, o carro numa estrada infinita e distante, o som progressivo que diz tanta coisa em tão pouco (tem gente que acha muito) tempo. Eu me achei ali na marronzice dos anos 70, da juventude naturalmente humana, como devia ser sempre, inclusive aqui e agora.


Um filme seco como o cenário, e não só literalmente. E é um elogio. Um direto ao ponto que, porém, necessita de atenção e sensibilidade para captar a coisa - inclusive apelidei o filme de the thing -, e é uma coisa muito bela, muito séria, muito e tão gostosa quanto Zabriskie Point (o local). Me lembra também episódios pessoais que acontecem vez em quando, quando as árvores e o céu estão por perto, sem gente, sem carro, sem sistema nenhum a nosso alcance. E o filme também é isso. Consumismo versus o mundo escondido debaixo de todas as construções, reuniões, ferramentas que o homem inventou. Versus a vida pura e seca como aquele deserto dito morto, mas que na verdade é o cenário de muita vida, muita dança, muito mais.

Como disse, não sou boa com textos do tipo, ainda mais quando escrevo morrendo de sono. Se quiser comentário melhor (ou pior, no caso), leia comentários do filmow. Se quiser sentir the thing que the thing Zabriskie Point dá, assista. Vale a pena.

25.6.13

Sobretudo sobre nada

Vontade de escrever como antigamente, sair digitando por aí sem sentido e sem propósito. Depois de tanta informação via internet - e quase nenhuma via TV, porque se eu quiser, é só ler um jornal "oficial" aqui, que dá na mesma (e não serve pra nada) -, dá uma vontade de opinar também.

Mas o que é a opinião senão um filtro adicionado a visão e vontades pessoais que pouco têm a ver com o coletivo? Vejo, desde o meio da semana passada, o pessoal se importando mais com separar quem é quem do que visar propostas efetivas e/ou exigir da PresidentA algo maior que um discurso (sendo que no momento do mesmo só dava pra fazer aquilo - pronunciamento -, querer além era lisérgico demais).

Tô perdida sobre a PEC 37 (que acaba de ser "expulsa" da Câmara com 490 votos contra x 9 a favor), indignada com a existência da possibilidade da chamada "Cura Gay" (retrocesso tremendo), me perguntando se eu preciso realmente "tomar um partido", só porque um ou muitos rotulam como vilões, maus, horríveis os que não têm (claro que a raiva é para com o antipartidarismo, e não para com o apartidarismo, mas em 140 caracteres quem é que vai se explicar direito?). Inclusive na novela nova (muito boa), Saramandaia, vimos uma Vilar exigir do noivo, o prefeito da futura Saramandaia, que "tomasse partido". Por quê? Para brincar de gato e rato e utilizar-se de termos "petralha", "tucanalha" enquanto o país sofre com vários outros problemas, inclusive os que fogem da alçada destes, e são articulados por partidicos que nem lembramos da existência? Não tô aqui pra embates de lado nenhum, enquanto um briga com o outro pra saber quem está certo e quem está errado (bobagem), perdemos tempo e oportunidades preciosas pra dar um jeito e uma reviravolta no país.

Resolvi escrever pra dar continuidade num blog que ultimamente só se envereda por caminhos cada vez mais associados entre si, mas com textos pontuais e esquecidos de tempos em tempos. Também porque vi um texto muito bom do bonjour circus que meio que me encaminhou pra sentar e escrever, sem uma pauta, uma raiva, um motivo só.

O Brasil tirou os tapetes que escondiam toda a bagunça debaixo (ou abriu o armário e a tralha caiu toda por cima do povo), e não dá mais pra esconder que precisamos de medidas políticas e soluções efetivas e verdadeiras para os problemas, afinal não estamos aqui pra brincadeira. Quem acha que o assunto "já deu" deveria rever seus conceitos, quem não quer saber de política não sabe o que está perdendo e como está prejudicando a si e aos outros cidadãos que estão apenas em busca de melhorias em relação ao básico de subsistência e além.

Postarei, eventualmente, links interessantes sobre assuntos relevantes no "para gostar de ler", espero que tenham curiosidade para esses assuntos e interpretem/participem de maneira saudável e produtiva.

17.6.13

Somos todos iguais, braços dados ou não

Música do dia: Geraldo Vandré - Pra não dizer que não falei das flores
Obrigada, muito obrigada, estou orgulhosa e feliz de fazer parte dessa geração. Não estive nas ruas, não sei se estarei, mas tô ajudando do jeito que posso, divulgando, conversando, discutindo, desenhando, escrevendo. Tudo isso que estamos vendo é História, é documento, e servirá para estudo a partir de agora!
Falamos que agora sim estamos fazendo História, mas esquecemos que sempre fizemos parte dela. Seremos lembrados mais especificamente, pela luta, pela coragem, pelas ideias, pela união e criatividade.
Um carinho para com tudo isso:
Continuemos divulgando, ajudando quem vai às ruas, desconstruindo mentiras e etc e tal!
Compartilhar é participar! http://blogs.estadao.com.br/marcelo-rubens-paiva/manual-dos-indignados-tudo-que-voce-precisa-saber-sobre-protestos/

13.6.13

Mother should I trust the government?

acho que não...
Escrevi ouvindo: Pink Floyd - The Wall (1979)
Não sei se é academicamente errado comparar tais situações, nem estive em nenhuma delas, mas as apoio o direito de poder até onde me cabe.
Estas manifestações que estão se dando no momento me remetem às aulas de Brasil República sobre revoltas como a da Vacina, onde parte do povo se revoltou contra o então governo para tentar parar esse projeto higienista de vacinar todo mundo.

Claro que houve também uma intriga da oposição, incitando muita gente a tal ato, e não podemos afirmar que A é totalmente bonzinho e B totalmente malvado.
O que me lembra não é toda a revolta em si, até porque como em outras aulas ouvi falar de um tal corsi e ricorsi do Vico (que muito me agrada) e a tragédia e a farsa de Marx¹ (que acho de uma fofura tremenda).
É essa repetição – não igual – pontual de certas situações que espanta. Espanta no sentido de que as pessoas continuam a persistir nos erros e/ou regridem a tal ponto que nos sentimos meio anacrônicos e alheios à sociedade em que vivemos, pois: ela não faz sentido.
Pensando n’A Revolução dos Bichos² e na Revolta da Vacina³, vejo semelhança no tratar da imprensa, governo e polícia sobre o caso:

Parte da mídia (porquinho Garganta) tende a ficar do lado do governo (porcos – Napoleão e sua ninhada), e utiliza-se quase que das mesmas nomenclaturas para com manifestantes: “baderneiros”, “vândalos”, “vagabundos”, etc. Sim, há um outro lado, mas isso a gente deve buscar à parte. Já a “massa”, esta fica dependente dos Jornais Nacionais, Datenas, Jornais do SBT com a princesinha Raquel, e tantas coisas de renome e tal.

É como se fosse uma tríade: o governo (aliado à Elite, CLARO, você queria o que?), a polícia (cães, que latem mais forte quando alguém se manifesta) e a mídia meio que formam uma mesma posição entre si. O que se sabe é que os manifestantes são: vagabundos arruaceiros quebradores de tudo e blá blá blá eu já ouvi isso em outras vidas. Daí, a polícia prende alguns por motivo torpe, como bode expiatório, colocando nestes todo e qualquer defeito moral possível, ontem fora a navalha e o “ser negro” (Vacina), na ficção, ajudantes e espiões a mando do porquinho Bola-de-Neve, hoje drogas, armas, vinagre (?) e sei lá mais o que. Uns pagam por conta de outros (inclusive repórteres que estavam lá foram presos, mesmo que por pouco tempo).

As pessoas que não estão ali a se manifestar, que incitam o ódio, que torcem pra todo protestante se ferrar, podem ser chamadas de ovelhas que só faltam repetir: “quatro pernas bom, duas pernas ruim!”. Parece também ser o mesmo povo que se ofende quando algum personagem de novela faz algo “errado”, e espera que esse mesmo personagem seja um anjo de candura – o que não dá pra entender, como você quer que as pessoas levem pauladas e se fodam, e ao mesmo tempo se ofende com quem faz coisa errada? Já olhou pras suas próprias ações, compadre/comadre?

Acredita-se, pelo sofisma vomitado pelos televisores, rádios, sites de jornais, jornais impressos, etc, que só tem vagabundo lá mesmo. Mas é claro que não é assim. Não tô lá nem fui lá pra saber, ok, mas não soube de uma manifestação pacífica que desse em algo. Até porque como ser pacífica se tem tropa de choque, bomba pra cá e pra acolá? Os tiros e as bombas, se não acertam nos manifestantes e/ou em civis alheios à coisa simplesmente somem no ar, ou ricocheteiam para os “patrimônios públicos” ajudando a quebrar tudo? Quantos desses vidros quebrados não foram obra de tropas (que muito me lembram outras duas: uma delas do The Wall, e a outra, prefiro não comentar) e não de manifestantes?

E por falar em quantos,quantos de vocês, odiadores de protestos, vão se beneficiar com a tarifa, caso esta tenha seu valor diminuído, ou com reformas e melhorias que venham a ser feitas nos transportes, finalmente? Vão agradecer a quem, caso isso aconteça? À bondade dos governantes (Napoleão – o que nada fez)? Ou aos civis que foram lá levar borrachadas, surras e serem presos por conta de nós todos (os da “Batalha do Estábulo”)?

De grão em grão, a galinha enche o papo. Juntar os R$0,20 num cofrinho pra cada passagem paga, é muito dinheiro (inclusive dava pra melhorar muita coisa - e a manifestação é pra melhorar muita coisa, não se limita apenas aos 20 centavos). Se você não precisa contar o quanto gasta, que bom pra você. Mas alguém que faz da sua vida mais rica (um empregado, seja ele direto ou indireto), precisa, e muito. As coisas não caem do céu. O mundo não é só você, seja você rico ou pobre. Tudo isso pode estar “atrapalhando a ida pra casa”, mas atrapalha menos e por menos tempo que essa grana toda retirada dos salários mínimos para o transporte de milhares de pessoas.
¹ Ver p. 6 do pdf O 18 de Brumário de Luís Bonaparte (maio/1852), ou compre o livro se preferir etc. Traduções são diversas.
² Toda a alusão animalesca do texto se refere à obra de George Orwell A Revolução dos Bichos (1945), o filme A Revolução dos Bichos (1999) e o disco do Pink Floyd baseado na mesma: Animals (1977)
³ Baseado em Os Bestializados (2004), de José Murilo de Carvalho.

6.6.13

Disco: The Empyrean

e o que dá pra pensar ouvindo ele
Se quiser pular logo pra indicação do disco, clique aqui
Se tem uma coisa que de certa forma me dá saudade do estágio (o primeiro, aos 16 anos), é o tempo ocioso das férias/ dias de poucas aulas. A sala branca e vazia dos computadores, com as janelas para o jardim e o sol entrando por onde podia às nove da manhã (meu horário preferido)... Eu pensei tanta coisa naquele lugar, senti tanta coisa, que talvez houvesse algo de sobrenatural ou ultradimensional. Foram coisas que eu, agora, com quase 21 (falta exatamente um mês), não sinto mais. Não porque evoluí, mas pelo contrário, porque regredi sensorialmente.

Aquele negócio do Vico de corsi e ricorsi explica muita coisa, portanto, acho válido. Por mais que evoluamos de certa maneira - seja ela intelectual, econômica, política, religiosa -, num outro ponto qualquer estamos a regredir. Equilíbrio, talvez.
Eu era uma adolescente apaixonadinha por coisas impensáveis, queria provar teorias incríveis (do sentido de não se crer mesmo). Por mais que, ainda hoje, eu tenha esses anseios teóricos/conspiratórios, a situação é bem outra.

Não tem mais aquele negócio de "vou fazer aquilo e ponto", agora qualquer genérico serve, contanto que se chegue no propósito final - e ainda sinto que tenho chances. Houve a desilusão com o "mundo real", com os "adultos". Eu realmente acreditava que amadurecimento e Ensino Superior significavam uma coisa extraordinária (ledo engano, ninguém quer estudar, de fato, e riem de quem quer), de um monte de historiadores cultos com suas bibliotecas escuras, seus chás de alguma erva mística e essas coisas que a gente vê no Indiana Jones ou lê na Agatha Christie. Mas não, a vida não é esse sonho literário ou hollywoodiano. É mais medíocre, sabe? Bom, a vida que me cabe no momento. Deve existir essa biblioteca infinita, toda de pinho, o velho e sábio pensador com seu cachecol e suas pernas cruzadas, cachimbo na mão. Bem longe de mim, mas, quem sabe eu não me torne parte disso um dia, nem que seja só pra mim?

O negócio é: eu xingo muito no twitter, pois sou criança, e não conheço a verdade (aliás, não sou poeta, mas nesse meio tempo aprendi a amar). Xingo porque não compreendo que não haja amadurecimento suficiente para os seres humanos. E não vou culpar a TV, seus programas, o trabalho, o capitalismo, a elite ou o governo. Estes são problemas a se resolver fora do âmbito sensorial, tentem me compreender. A essência é mais profunda. O negócio está lá dentro das pessoas. De mim também. A gente perde o foco, a gente para de sentir o mundo, de ver o céu. Anteontem vi as estrelas e me dei conta de que nunca as percebi completamente. E a vida não é possível se você não vê o céu. As estrelas são uma coisa magnífica, sabe? Elas me fazem lembrar da sensação boa que era ler os livros didáticos de ciências (ou geografia), saber de Júpiter, de Saturno, do Sol, da Lua (ah, minha querida lua, a musa de tantos apaixonados). Aquela coisa de querer ser astrônoma (sim, eu quis) e também astronauta, pra passear pelos planetas e ver o céu de lá, o céu com tantas luas, tantos astros maiores e em posições diferentes.

Assim parece que estou a vitimar o ser humano. Pelo contrário. Eu o culpo. Culpo por tantos milênios de cegueira. Alguém, ao se sentir companheiro(a) de um autor ou pensador de séculos atrás, já parou pra pensar que, não interessa o tempo que passe, a aflição é a mesma? O mesmo pedido, a mesma súplica? O ser humano se repete. Platão, Marx, Goethe, Oscar Wilde, George Orwell, Schopenhauer, Bukowski, Nietzsche. Todos eles (e centenas de outros) suplicavam por praticamente a mesma coisa. Conhecimento, compreensão, razão, sabedoria, são os anseios mais antigos e até agora inalcançáveis. Não porque uma andorinha só não faz verão (ou um homem só não faz a razão), mas porque foda-se, parece que ninguém quer. O lance não é amar e ser feliz por descobrir as maravilhas da vida, o lance é estar certo diante de um embate bobo entre vermelho e azul, ismos e ismos. É só ler comentário de site de notícia (se você tiver problemas cardíacos, não leia).

Eu, desde que me lembro, sempre corri atrás desse tipo de coisa, e cada dia que passa isso se torna uma bola de neve, um vício. Com cinco anos eu queria saber por que eu não era indígena, por que o mundo era visto pelos meus olhos, por que meus pensamentos têm minha voz, como seria se eu não existisse: como não pensar, mesmo não existindo? Sempre que tento me imaginar não existente, ainda falho com o estar pensando mesmo sem estar presente. Olho pras pessoas nos ônibus, nas ruas, e me pergunto quantas delas já pararam pra pensar nisso. Quantas delas, formadas ou não, têm alguma verdade plausível, uma ideia para melhorar o mundo, e quantas ideias não poderiam ser construídas mas continuam sendo pisadas pela cegueira do ser humano dentro da caverna.

Pensar que o que eu sentia eu não sinto há muito tempo às vezes dói. Dá vergonha. Porque são coisas (importantíssimas) que, desculpem o clichê, mas nem Freud explica. Mas eu meio que embuti tudo isso (estilo arquivo .rar) numa sala só - a de informática, lá do início do texto -, numa natureza só - os céus, as árvores, as aves, num disco só. E o disco é o a seguir (ufa! cheguei ao propósito):



Disco: The Empyrean
Artista: John Frusciante
Ano: 2009
Ouça: aqui



A canção Song to the Siren é cover do pai do Jeff Buckley, o Tim Buckley.
Sim, ele é o ex-guitarrista do Red Hot Chili Peppers. E a obra dele é incrível. Comecei a ouvir o experimental, o progressivo, a partir daí. Meu disco preferido, por motivos óbvios. Inclusive sou centralheaven por conta de duas de suas músicas. E minha id sempre será esta, porque já virou um pedaço de mim. Até combina com minhas iniciais H.C. Por ser o contrário (C.H.), quem sabe não é um avesso de mim? Meu paralelo? Mas minha favorita do disco não é nenhuma delas: é a unreachable. O nome já diz: unreachable. Do you think when your head's full? E o que é tão unreachable e tão buscado? Pelo menos por mim? Respostas. Novas perguntas. Conhecimento.

22.5.13

Recomeço e Regressão

Enquanto uns supostamente têm a chance de recomeçar, outros empacam no achismo
David Nordon, Diário do Centro do Mundo - O governo de São Paulo lançou, ontem, um projeto que foi rapidamente apelidado de "Bolsa Crack". Funciona assim: famílias que possuem dependentes receberão mensalmente um cartão com R$ 1 350 de crédito, que pode apenas ser usado em clínicas credenciadas de reabilitação. (Fonte)

Aparentemente estamos precisando de uma Bolsa-Juízo

Andricio de Souza

Vai «se tornar um viciado pra ganhar também»? Então alimente-se de comprimidos, mate a sede com remédios, estude a bula, tenha segurança internado e lazer alucinado.
Não é bondade do governo, devemos desconfiar sim, se vai dar certo, se pessoas irão se livrar do vício, se tratar direitinho ou não corromper o projeto revendendo os remédios que conseguirem (vai saber né, não é só o governo que é corrupto) são outros quinhentos, se vai rebater o projeto falando que é absurdo, leia mais que apenas manchetes, mais que apenas um jornal, mais que um apresentador sensacionalista, mais que uma página do facebook, mais que um e-mail mal escrito (FW: ABSURDO!!!11), mais que um suposto "especialista no assunto", mais que comentários reacionários burros e mais que sua mente partidária. Ah, e piada disso não tem graça.
A titia Helen juntou uns links diversos pra facilitar a vida de vocês, não vamos acreditar completamente, claro, mas vamos criar uma crítica boa (contra ou a favor, ninguém é obrigado a concordar) sem ficar no achismo raso e nas piadas mequetrefes (isso vale pra qualquer tema, em qualquer lugar), por favor? Obrigada.

Época: (...) e esse dinheiro só poderá ser utilizado no tratamento dos dependentes porque será repassado diretamente para as clínicas de reabilitação.

Folha (coluna do Gilberto Dimenstein): Já consigo ver os batalhões de tolos classificando a chamada bolsa crack de desperdício de dinheiro, fazendo comparações com o salário de um trabalhador.

Estadão: O governo também ressalta que o recurso é carimbado e só pode ser sacado para pagamento em clínicas credenciadas.

Terra: O valor é repassado diretamente do governo às entidades de tratamento. O dependente ou sua família não recebem valor algum em dinheiro. (...)O cartão não atenderá os viciados na capital.

Acid Black Nerd (blog): A Bolsa Crack não é uma bolsa(...). O verdadeiro nome do projeto (...) é Projeto Recomeço.

Vlog Desce a Letra (pra você que não entende bem as palavras difíceis de jornal e não lê porque acha que não precisa), veja até 2min18, ou veja tudo, se quiser: http://www.youtube.com/watch?v=xzQJMHWOX_o

Veja na fonte também - Entenda como funciona o Cartão Recomeço

Não curtiu os textos? Bom, eu dei a vara, a linha, o anzol, os caminhos para as águas, agora pescar o peixe cabe à competência (ou não) de vocês.
Não sou partidária de ninguém, nem fã, nem especialista. Meu voto vai pra inteligência e decoro, além de respeito. Repudio discursos violentos, porque desejar a morte pra quem mata, é se tornar um assassino indireto e isso não resolve problema nenhum. O problema do Brasil não é tão somente o governo, mas quem governa os governantes, no caso quem mesmo, queridinhos?

13.5.13

Querer o meu não é roubar o seu

Pois o que eu quero é só função de EU!
Estou aqui para pedir emancipação - aliás, é um aviso porque não tenho que pedir nada a ninguém - da corrente que se diz via de apenas duas mãos (exemplos mais à frente), mas que na verdade quer ditar meu querer.
Quero me abster de partidos, até porque os partidos me são uma grande falha política na organização das nossas sociedades, já que pendem para um centro financeiro independente os ideais que tenham em comum.
Quero me abster de quaisquer -ismos em voga na sociedade atual, inclusive gostaria de lembrar que o sufixo -ismo também significa "doença" - e tomo (por que não?) por doença social qualquer extremismo de idealismos.
Enjôo fácil das coisas: da cor do esmalte, do layout do blog, do tamanho do cabelo ou dos coleguismos da academia. Sem falar das obrigações: se você não é machista cai, diretamente, sem pestanejar, sem reivindicar, no feminismo, ou: se você não é liberal, é conservador, se não capitalista, um comunista vermelhinho comedor de criancinhas inocentes, se não pobre, é rico, se não feio, é bonito, etc.
E quem disse que eu quero ser 1 ou 2? A ou B? E se eu quiser ser 6? Ou H? Ou π? Quem me obriga a ser este ou aquele, e mais: se um destes é anti-totalitarismo, cadê minha liberdade de ser o que quiser, inclusive de não ser nenhum? De, não ficar em cima do muro, mas na linha tênue entre os "principais"? Não quero vertente de nada, eu quero é nascente.
Eu gosto de novela, besteirol, progressivo e cult, eu quero ser o homem - no caso a mulher - que sou. Sem obrigações, sem amarras, sem promessas ou chantagens.
Faz o que tu queres, pois é tudo da lei. Sociedade alternativa, e não alternativismo.
Não há ninguém pra me definir senão eu mesma. Minha revolução é revolução da revolução da revolução, e emancipação está longe desses -ismos-doença-social que só ditam e ditam e ditam.
Estou aqui não para mudar a massa me baseando em meus IDEAIS. Querer um mundo assim é formar uma nova ditadura e/ou totalitarismo. Ideal pra mim é liberdade e respeito (com uma grande colherada de inteligência por favor), sem ser taxada de preconceituosa (1 extremo) ou libertina (outro extremo, que não é tão ruim assim).
Sou elite de mim e de mais ninguém, cada um de nós é um universo y cada persona es un mundo.
Não sou a comunista que expulsa a Yoani (abra a sua mente, ela também é gente), não sou criada a leite com pêra (que expressãozinha patife, aliás) ou uma levada pela multidão. Tô aqui pra usufruir, enquanto de corpo presente, da vida de diversos caminhos e escolhas, uma vida de cores e sabores. Num dia tô aqui, n'outro acolá. Não sou traíra porque traíra é peixe. O que é trair o movimento, falando nisso? Mudar de ideia? Não posso mudar de ideia?
Eu não malho o Judas, eu não sigo à risca e nem sou indecisa.
Quero ser um pássaro livre pra escolher, se quer voar, pousar no asfalto, ou apenas observar de um local diferente o chão e o céu.
Foto tirada pelo namorado mais querido ♥ 
Não há (mais) culpado nem inocente, cada pessoa ou coisa é diferente.
Tudo isso não apaga o meu respeito para com o gostar de vocês, se acreditam e não tão machucando ninguém, vão em frente :)

8.3.13

Meme em que fui a última a responder...

...creio eu
Quem me indicou esse meme (há muito tempo atrás) foi a Natália, e desde já agradeço e peço desculpas pela demora, como diz o título, creio realmente ser a última (ou uma das) a responder essas questões. Mas bora lá:

1. Como surgiu o nome do blog?
Não me lembro muito bem, mas "um velho mundo" deve ter a ver com meu gosto pelo clássico, seja em música, em cinema, vestimenta ou arte em geral. Tenho um problema com esse nome, desde as aulas de América Colonial quando as apostilas diziam da Europa como o Velho Mundo que veio não descobrir, mas conquistar esse Novo Mundo e massacrou os povos mesoamericanos - isso quase me fez mudar de nome, mas pensei bem os motivos, e o significado não precisa ter esse lado sombrio, então fiquemos com o gosto pelo antigo e homenagem aos grandes pensadores gregos, alemães e toda essa gente bacana que pensa e vive a estudar.

2. Há quanto tempo o blog existe?
Desde 2008, com idas e vindas, e trocas de nome até o definitivo, em 2009 ou 2010.

3. Como você divulga o blog?
Pelo twitter (pessoal ou do blog - bem capenga) e pelo facebook, quando comento em outros blogs... Acho que só.

4. Quais assuntos tem mais visualizações?
Os com nome de música (too old to rock and roll, too young to die é um exemplo), e os com John Frusciante e moda hippie como palavras-chave.

5. O que te motivou a criar um blog?
Acho que a idade (16), a vontade de escrever um diário "público" (nunca sustentei um diário, todos abandonados), os blogs bonitos zip.net que eu achava por aí, aqueles layoutzinhos supimpas e os grandes blogs de templates. Meu amor por html/css veio daí também, quando instalei um layout do Jack Sparrow e o texto não ficava dentro do pergaminho, daí fiquei até de madrugada tentando alinhar. Progredi de lá pra cá, tanto com blog quanto com código (creio eu).

6. Onde você mora?
São Paulo - SP

7. Quais os objetivos do blog?
Desabafo, revolta, revolução, opinião, treino pra bons textos futuros, e paixão pela escrita. O que eu penso não cabe só em mim, nem cabe só a mim, gosto de me expressar (por escrito, porque ao vivo eu gaguejo e acabo não dizendo é nada), encontrar pessoas com semelhança e sem semelhança também, é sempre bom ouvir um outro lado pra aperfeiçoar o conhecimento.

8. Quais blogs você visita frequentemente?
Os da página "para gostar de ler", que estou atualizando vez em quando, uns de tutorial html e os favoritos destes, vou sempre buscando páginas novas, então é muito aleatório.

9. O que te inspira a criar os posts?
O que eu leio/vejo/ouço por aí, o jeito que as coisas chegam até mim, me deixando puta da cara brava, ou filosófica, psicodélica...

10. Qual sua idade?
20.

11. Além do blog, tem alguma outra ocupação? Se sim, qual?
Curso o 4º semestre de Licenciatura em História (não quero lecionar, já digo logo) e vagueio pela web. Eu tinha um emprego, mas felicidade é mais importante que isso, if you know what I mean.

12. O que mais gosta de fazer nos finais de semana?
Namorar, sair pro Centro com os amigos, dormir, jogar neopets, ver filmes (de fim de semana eu tenho tendência a ver Shrek e Os Simpsons), ler, dormir de novo...

13. Gosta de café?
Amo café. Bebo no mínimo 3 xícaras por dia. Café não me dá sono (meu sono é imbatível), café me satisfaz, é o meu amor desde os 7 anos ♥

14. Pretende fazer algo para o blog em 2013?
Queria mexer no layout, bem pouquinho, mudar as tags (muito wtf e desorganizadas), escrever mais, escrever melhor, responder comentários atrasados, essas coisas.

Não sei quem indicar, por mais que adore blog conheço mais o pessoal do twitter e quem eu conheço de blogueria com certeza já participou antes e muito mais cedo...

13.2.13

Dois Minutos de Ódio

Wilson, bed peace, sociedade alternativa, o muro e Oceânia (um pouco de)
Me entristeço com minha incapacidade de ser fria nesses assuntos e meu limitado vocábulo além de pouquíssima leitura nestas circunstâncias, porque embasamento e teoria em cima de teoria, fundamentados numa base "de chumbo" (ou, melhor ainda, adamantium) são essenciais pra calar a boca do alvo criticado negativamente. Também sou péssima com sofisma. Mas tentarei, mesmo assim, transpor o máximo que puder de sentimentos e ideias, que espero que compreendam, e que não levem pelo lado pessoal, e se levarem, bem... Tentem me compreender.
Wilsoooon!!!
Já reclamei diversas vezes por não se aprender sobre a "famosa" guerrilha de Fidel, Raul, Che e os povos cubano, argentino e boliviano nesses aproximadamente 20 anos do século XX. Tudo bem que tínhamos várias ditaduras, blocos socialista x capitalista e esse blá blá blá, mas eles não foram a única coisa que aconteceu, e tudo faz parte da mesma ideia, do mesmo momento, das mesmas crises... É uma rede de intrigas e ideais, enfim. Não é "só" isso ou aquilo, não tem o "mais importante" etc.
Não sei se por estudar em escola pública ou por não estudar em casa, eu mal sei sobre esses assuntos, exceto por buscá-los por interesse pessoal depois de me formar no colegial. Mas a impressão que dá, tanto no ensino superior, quanto nos comentários de textos bons (ou péssimos) dos sites da internet, é que todo mundo é entendido do assunto 1000%, doutores PhD em Che, em Lenin, em Marx, em Kennedy, em MC Donalds e IPhone.
Porque claro, pra eles comunista é "comunista idiota", "comunista mimizento", "comunista chato" entre outros rótulos saídos de maternal. Comunista não pode ter internet, nem Iphone (ou Android), nem roupa, nem fast food, porque tudo isso gera o trabalho escravo de indivíduos no outro lado do mundo (o que é verdade), e isso vai contra o ideal comunista (deveria ser contra o ideal de qualquer um, convenhamos), como se parar de comer, andar nu e sem comunicação fosse adiantar de algo e fosse um dos dez mandamentos comunistas e essas alegorias que o sabixão (que não sabe nada) xingador inventa.
Comunista visto pelo anti-comunista (vai reclamar do Wilson também, vacilão?)
Quando não é isso é o moralismo questionável sobre "assassino, torturador, mortes desnecessárias, carnificina, etc". Ok, não podemos ser babacas a ponto de dizer que isto non exziste mas, por que, quando falamos sobre as mortes comandadas pela CIA, pelos N presidentes (ex ou atuais, quem sabe) dos EUA, etc, etc., parece que falamos com o vento?
Teoria da conspiração? Illuminati? Maçons? ETs? Será que corporação americana assassina está nesse grupo de ideias satirizadas e zombadas a todo instante (olha, eu acredito que nada é impossível, compreende?) por gente que adora uma piadinha fora de hora?
Sabe naquela hora do filme em que o mocinho revela uma verdade ao público que se ri dele e esse povo acaba morrendo num cataclismo por tamanha "bestagem" e piada fora de hora? É bem isso, sabe. Temos que analisar as coisas e não rir delas, apenas, improvável é diferente de impossível.
EUA x John Lennon
Um documentário mais que excelente está aí pra todo mundo ver, EUA x John Lennon. Como os Beatles são, como é mesmo, JãoLeno? "mais populares que Jesus Cristo" (leia-se a frase completa e corretamente, fuja das edições jornalísticas: "O cristianismo vai desaparecer e encolher. Eu não preciso discutir isso, eu estou certo e eu vou provar. Nós somos mais populares que Jesus agora. Eu não sei qual será o primeiro - o rock 'n' roll ou o cristianismo. Jesus estava certo, mas seus discípulos eram grossos e ordinários."), vamos falar dele também, que sei que uma boa parte curte tanto que nem lembra dos outros dois Beatles fora ele e o Paul (pobres Ringo e George, logo George, com uma das músicas mais regravadas dos Beatles de todos os tempos).
Enfim, neste documentário existem ex-FBI, gente da música, do movimento hippie, a Yoko s2 Ono (essa merece um post exclusivo pelo bullyng que sofre há mais de 40 anos) e o povo entendido da época, que fala de Nixon e um ou dois outros presidentes da época (estudo história mas não sou enciclopédia, obrigada, de nada), enfim. Vejam a importância de John e Yoko Ono com sua arte e seus ideais para o mundo, o que era o mundo na época, as prisões e as justificativas dadas, e o que dizem ser conspiração (mas que eu acho que é verdade), que é a vontade da Casa Branca matar esse pobre sonhador que imaginava todo mundo vivendo a vida em paz.
Meus movimentos foram friamente calculados.
Bônus
Estou lhes dando referência bibliográfica, discográfica e videográfica, e mesmo que não gostem, aconselho que vejam, principalmente vocês, aliás. Porque defendo a tese de que, pra saber do que se está falando, tem que saber sobre o que se defende e sobre o que se ataca. É por não estudar as coisas direito, tratar como assunto discutido e acabado, como "todos já sabem, nem preciso falar" e essas bobagens, que o mundo comete tanto erro, tanta maldade, tanta injustiça por aí. É uma dica pros professores também, parem de tratar coisas importantes como "construções midiáticas", "mártires", e desconstruam essa visão errônea, façam seus alunos (principalmente do superior) pesquisarem A e B, e de A a Z, pra não causar conflitos e taquicardias desnecessários.
combo com Raulzito lendo 1984 :)
Outras obras excelentes que recomendo são The Wall (preciso comentar alguma coisa? sim, preciso, mas esperemos), 1984 (preciso logo comentar isso aqui), A Utopia (leiam Marx e Engels também, claro, enfim, leiam coisas sobre tudo, ler é bom) e, claro, vários trechos, e por que não o filme inteiro, Raul: O início, o fim e o meio.
Quando vi o filme (no cinema, graças a Deus), me identifiquei com quase tudo, principalmente com duas partes: uma reportagem com a Glória Maria num dia de ressaca, e outra parte (que eu não acho na internet, melhor vocês verem o filme inteiro) em que Raul diz algo parecido com o sentido de que ele se utilizava do famoso "sistema", e não o contrário. Ele promovia suas ideias do jeito que o sistema gosta, mas não se submetendo a ele.
Isso tem a ver com o comunista "não poder usar nada porque isso o qualifica como falso comunista" - veja a parte do Wilson. Sendo que para sermos vistos, em qualquer protesto, em qualquer ação, projeto, precisamos de comunicação, de conversas, de parcerias, de ideias, e camisetas estampadas são um espelho de nossos gostos e desgostos, uma síntese do que somos, para nos "encontrarmos" por aí, eu diria que é uma sutil propaganda de uma ideia, um gosto, que chama pra si os semelhantes e traz os curiosos para aumentar o referido grupo.
Protestos necessitam dos jornais, e os jornais e revistas necessitam de um absurdo pra estampar a capa e, portanto, vender mais. Sou a favor de protestos, quem reclama e não faz nada não deve reclamar então. Ignora ou se junta ao povo, minha gente, simples. E é óbvio que para estudar, se informar, se encontrar a internet é praticamente o mais importante meio pra isso.
Comunista pode e deve usar internet, camiseta com seus Che, Marx, Engels, Hobsbawm, e por enquanto a vida segue. Vamos engolindo as asneiras que encontramos por aí, sem fundamento, com agressividade, sem base mas com muito sofisma (que é assim que o mundo vive), muito seguidor de O'Brien em seus Dois Minutos de Ódio e de fama, porque é só isso que se tem com esses absurdos escritos e ditos.
Agora "dois minutos de ódio" também é tag, dica do meu amigo Roger (não Waters, mas Ribeiro)

8.2.13

Volta às Aulas

Novos Ares
Novos ares, novas paisagens, novo corredor, novo ambiente. Era disso que eu precisava, de sentar e poder ver o céu, desenhar com canetas coloridas, gostar das aulas e me aproximar dos queridos e até dos parvos. 2013 começou bem, com leitura constante, mesmo que engatinhando ainda; com alimentação mais consistente, pro sistema digestivo e também pro nervoso (que por enquanto está calmo, até); com conversas e risadas, vontade de estudar direito, de manter contato. Espero que continue, para fechar esse primeiro contato universitário de forma amena e saudosa.




De vez em quando, postar uma fotografia é bom. Fotos retiradas por mim no celular. Não é pseudo-nada não, gente. É amor.

16.1.13

que se desenvolve gradualmente

(Prog)ressivo
(Leia ouvindo a obra que me inspirou)
Aubade And I Am Not Like Other Birds Of Prey by Supertramp on Grooveshark
O que posso dizer sobre o (rock) progressivo é que ele ultrapassa os limites musicais. Não é apenas som ou divertimento, mas uma estrutura complexa e em construção constante, o que explica tantos experimentos, de sons vindos dos mais inimagináveis objetos e/ou indivíduos utilizados como instrumentos. O som, erudito e, por que não, desregrado, remete às mais primitivas sensações, trazendo à tona cheiros e sensações de lugares virgens de qualquer tipo de vida humana ou social. Os ecos dos sons no espaço tido como infinito e desapressado, que abraça qualquer forma e qualquer tipo, como uma grande mãe protetora e doadora de liberdades.
Não é um som "divertido", um "hit do momento", é um experimentar a vida, caminhos, situações, uma luta, uma canção de amor, um ode a algo ou alguém. Tão grandioso quanto o vapor saído dos vulcões de Pompéia, ou do vento dançante nas pilastras gregas que abrigaram tantos filósofos e artistas jamais esquecidos por sua grandeza. Tão sublime quanto o canto da flauta doce do medievo, abandonado por Deus e comandado pelo medo constante da morte entre guerras e saques, ou a imposição de ditaduras que descolorem a vida de um ser humano, que abriga seu único sopro de liberdade em canções instrumentais de vários minutos e vários acordes.
É a sensação de uma vida nova, uma vida começada agora, feliz e infantil, colorida como um quadro em aquarela, óleo ou pastel. Um mar de esperanças aquecidas pelo sol matutino e pela brisa fresca do ocaso. É morte de uma realidade de pedra e a vida e/ou nascimento de um novo mundo, desprovido de egoísmo e individualidades. Apenas um mundo sonoro e multicolorido abrigando múltiplas verdades igualmente importantes entre si, um mundo sem passado, presente ou futuro, mas uma junção simultânea entre todos os tempos e espaços. Uma sobreposição de dimensões. Não saberia descrever tão bem como a autora do livro O Jardim Secreto que, há tantos anos lido, nunca pude esquecer da mágica das flores renascendo e trazendo vida àqueles personagens tão frágeis e intocáveis. Nem tão bem como os românticos e sua poesia às amadas virgens e frias em seus túmulos, em vida ou em morte. Tampouco descreveria aqui a beleza desses sons como Wilde o fez com o excelentíssimo jovem Dorian Gray. Pra entender basta ouvir. Ouvir sozinho, em silêncio, com o coração aquecido como uma clareira que deixa o sol sutilmente passar por entre os galhos das árvores. Como uma tarde quente primaveril, após uma leve garoa que evidencia o verde da natureza.
Pra ser prog tem que ser um pouco da criança que já se foi ao pintar árvores e montanhas com giz de cera. Tem também que ser um pouco tido ao amor grego ao saber por si só, ao conhecimento por ele e não por nada além. Um pouco erudito, um pouco inocente, um pouco raivoso, de tudo um pouco. Sabedoria e ignorância, a boa ignorância, com gosto de mel.
É puro, apenas.
Imagens do google editadas e unidas por mim.

10.1.13

Só sei que nada sei

perdoem esse modo Winston* de falar
Duma conversa divagante com um melhor amigo:

«adoro gente que trateia falsos conhecedores
mas até onde estes tormentadores são conhecedores?
eu sou conhecedora ou pseudo?
sei que conheço no presente apenas
nem mais nem menos
mas será mesmo que sei?
"não sei"»

«eu rezo pra afastar a morte e os demônios, e me sinto uma companheira de Deus que sente vergonha de sua criação
eu entendo ele, é como se ele estivesse let it be de tanto facepalm
eu entendo Jesus, e sei q ele se sente ofendido a cada dizimo e a cada barba feita para o labor»
***
Como falar de conhecimento e fé, se não sabemos se temos? Como compreender adoradores de Jesus e dos profetas (barbudos, cabeludos, pés-de-chinelo, anti-moeda-no-templo) que contratam caras-lisas de curtas madeixas, de sapato social, que colaboram com a moeda no templo atual, feito às vezes de ouro (mesmo em se tratando de uma crítica, adoro a arquitetura das grandes e demoradas e idosas catedrais, e sou mais à favor delas, feitas com o suor de artistas entre 30 e 300 anos de sacrifício), tratando bicho como "coisa" sendo que bichos são bem tratados n'O Livro e por São Francisco de Assis, por exemplo. Bicho só é "gente" quando rola um tilintar de moedas, como em O Auto da Compadecida e tantas outras obras. Mas quem não se compadece por Baleia, de Vidas Secas? Compadecer-se de outra vida de graça não é honra nos dias atuais, mas vergonha na lista de moral e bons costumes. Me ensinaram na academia que "nos idos da idade média... bicho era tido como nada, apenas senão objeto de consumo e extermínio". Somos então seres medivais, ainda. Um medievo de muros latentes e reis "do povo", de educação "não assistida" (será? às vezes me pergunto se esse "incentivo" à entrada nos cursos superiores não acarretarão num programa especial de lavagem cerebral assistida pelo(s) governo(s) para assim continuar mantendo a massa na rédea curta, mas dessa vez com um sorriso estampado na cara), de censura (ainda, e sempre), e contínuas distopias.
Não compreendo hipocrisias e respostas malcriadas por apenas não se saber o que responder. É tão simples compreender, viver, aceitar. Mas pra que o simples, se existe o complicado, não é mesmo? É mais divertido o barraco na tevê do que um bom livro que possa conter e contar a verdade do universo. É mais divertido espezinhar, mesmo que isso contradiga em quem você acredita. Barba e cabelo em profeta sim, em dito-cidadão-respeitável que merece ser amado como a ti mesmo não.
"Faça o que digo, não faça o que eu faço". Ou melhor: faça o que eu faço, faça o que eu digo, e faça mais, se não quer que eu pise em você.
Discrepância ação x pseudo-pensamento. Pensarem por você é mais fácil que pensar sozinho. Seguir as regras mantém o caos afastado. Mas e se a regra é o caos? Qual o problema de se considerar o se? Como não se ofender como uma interrogação? Não se pensa porque dois homens (fumando) *pensando* juntos pode ser muito arriscado? Qual o problema de arriscar-se, de ser coeso e simples? E sincero? E se ser o que se é?
E você ainda acredita
Que é um doutor
Padre ou policial
Que está contribuindo
Com sua parte
Para o nosso belo
Quadro social...


E antes de qualquer comentário, não, este texto não é sobre religião. É sobre a cotidiana e vulgar hipocrisia de todo santo dia. (Pleonasmo proposital)
*Winston é personagem principal do livro 1984, de George Orwell que, por tanto tempo calado, vomita palavras sem parar e sem organizar assuntos. Não considere como spoiler.

6.1.13

Shine (on) You (crazy) Diamond

S.Y.D., Roger Keith Barrett.
Sempre tive fascínio por este ser de olhos negros e distantes, mas de semblante irônico, como se soubesse toda a verdade do universo e se risse de nossa burrice humana e perpétua.
Um doce de menino (seria cruel enfatizar a palavra doce? Seria com todo o respeito, claro) que recitava canções de medievo e contos de fadas, gnomos, e pequenos seres do quais menos acreditamos com o passar do tempo. Canções com cor de jardim após uma chuva moderada, onde faz pingar o orvalho (início de shine on you pt I to V?) nas folhas fantasticamente verdes contrastadas com rosas, magentas, laranjas, azuis de flores diversas e sorridentes {acabei de pensar ver um gnomo passando por detrás do sofá, mas era apenas Bella, minha versão de Lucifer Sam}, infantis como as canções com seus edredons e unicórnios camuflados nessa grande selva que é o jardim do Barrett, talvez o jardim que ele tenha criado e cuidado com tanto zelo e dedicação em seus últimos anos.
Era um rapaz muito dado à natureza. E também à natureza da mente, livre pelos ácidos que, para o senso comum foram os que fritaram sua mente mas penso que o significado de loucura não é bem isto o que todos pensam, mas sim a liberdade e a amoralidade (onde não existe moral e/ou hipocrisia). Enfim, a loucura deve ser bem explicada por Foucault, mas infelizmente só conheço seu semblante (que se assemelha ao velho Keith, já atingido por uns bons aniversários).
Deve ter se enclausurado não por simples loucura, mas por protesto. Protesto esse que defendo, amando Pink Floyd pós-Syd ou não. Foi contra a venda de sua arte talvez, ou sua incompreensão. Tentou se mostrar para o mundo, mas talvez este fosse tão mesquinho e limitado para seus olhos que decidiu ficar consigo e seus cogumelos guarda-chuvas-de-insetos. Viveu em seu jardim-mundo tentando ver bondade e beleza na vida, quem sabe. Não sei, não o conheci. Só sei que faleceu um dia após meu aniversário de 14 anos.
Tento compreender Syd em sua singularidade e em seu sorriso falastrão, que sei bem que era de escárnio da pobreza de nossas almas molestadas.
Que esteja Syd, brilhando louco pelo universo. Shine on you é enfático. Não é brilhe, seu diamante louco, mas brilhe EM VOCÊ, seu diamante louco. Em toda a sua grandeza e infinitude. Em seus olhos-sem-fim, negros como buracos que absorvem galáxias. E ele assim absorveu mundos. Mundos de quem tenta buscar compreensão e encontra mais que isso, conforto em seus modos, em seus gatos siameses com nomes de "luz", que não sabemos explicar.
BRILHE, BRILHE EM VOCÊ, EM NÓS, NO UNIVERSO, NO MULTIVERSO, APENAS BRILHE!