29.11.11

Together We Stand

Eu tento, tento de verdade. E estou me acabando de tanto pensar em uma solução, pra todos nós. Mas nada dá certo, só piora.
Se tentássemos nos alegrar fingindo que nada disso está acontecendo, talvez aparecesse uma solução. Vamos tentar?
Vou evitar os textos ruins e sem sentido que ando escrevendo ultimamente, eles machucam. Eu não gosto mais deles. Vou só escrever aqui algo que faça bem, que faça sentido.
E por mais que eu esteja esgotada e desesperada, eu não vou desistir. Mesmo com todo o desânimo, todos os nãos. Eu vou aguentar tudo sem reclamar, porque sei que quando tudo fica bem, fica tão bem que eu me sinto muito mais que feliz. Eu me sinto viva. E quero que voltemos a viver, mesmo que em sonho. Em brincadeiras, em distrações.

27.11.11

Eu devia parar

...de falar essas merdas que eu falo. Isso só piora as coisas que já não estão bem. É tudo tão desnecessário e prejudicial, que eu me mostro masoquista mesmo, é verdade.
Preciso parar de agradar as pessoas e receber atenção nenhuma, de me esforçar mais ainda pra agradar, pensando em receber algum sinal de importância, reconhecimento de esforço e/ou inteligência, recebendo, na verdade, mais desmerecimento. Eu só sei reclamar e me afastar das pessoas, porque não as suporto, porque parece que não me suportam. Que não se importam. Que não me vêem.
Eu sou invisível.

STOP

Sorte dos primogênitos que Deus matou no Egito. Sorte desses pobres coitados não conhecerem o peso e a dor e a dilaceração que é ter que nunca errar, sempre ajudar, sempre cuidar de todo o restante da prole, sempre dar satisfação, sempre dar orgulho e presentear sempre com boa educação.
Sorte dos caçulas, dos filhos do meio, que são livres pra fazerem o que querem, que não são supervisionados 100% do tempo, que não devem nada à ninguém, que até por isso são paparicados e incentivados a serem o que são.
Sorte nada, caçula geralmente é quem não precisa aproveitar de todos esses gozos da vida, que não se importariam de cuidar de todo mundo e serem robozinhos controlados por papai e mamãe.
Quem precisa de liberdade e espaço somos nós, os mais velhos, os de alma idosa, de mente grande, de criatividade enorme e dores profundas.
A prisão que é viver em família amputa-me e castra-me todos os dias, fico doente, fico com as entranhas dilaceradas e os olhos sangrando de ter que aguentar esse cárcere, esse sadismo exacerbado, essa punição sem motivo, essa barbárie e todo esse horror. E eu aguento calada, e todos vibram por acreditarem que eu concordo com isso, então está fácil, não vão esquentar a cabeça, não é mesmo?
Mas eu quero gritar, quero quebrar, quero machucar, quero devolver toda a minha dor e minha angústia, quero escandalizar suas festas, churrascos, almoços e reuniões hipócritas e soberbas, cheias de falsos carinhos e sentimentos. Eu odeio tanto, mas tanto tudo isso! Essas risadas, esses gritos de vitória, essas comemorações vazias, essas reuniões de máscaras terríveis e assustadoras, isso dói, dói como nada mais o faz.
O que nunca te abandona e sempre estará ali pra te acolher e bendizer, não importa o que você faça, é a coisa que você quer mais distância, quer mais indiferença e desprendimento. E neste caso "você" sou eu. Sim, eu.
Eu cansei de sentir essa dor por toda a vida, porque agora me parece que ela vem toda de uma vez, todos esses dias que já vivi compactados numa dose que me vem agora a cada instante, e é muita dor de muito tempo de uma vez, eu não sei se vou aguentar, eu estou ferida demais, daqui a pouco tudo que há em mim estará jorrando sangue e coagulando e entupindo meus vasos e contraindo meus músculos, rachando ossos, inflamando-os, tudo se corta e se amputa, e eu estou morrendo.
Estou morrendo porque sou ainda uma filha da puta que não quer decepcionar ninguém, não quer magoar nem causar ataques de pânico e do coração. Não quero ver caras feias de desaprovação porque sempre me deliciei com os elogios dados. 
Se eu tivesse certeza de que não estou fazendo isso pra não ficar com má reputação pela fortaleza que se chama família, já teria agido. Mas eu tenho certa desconfiança que me preocupo sim com toda essa merda sádica que me corta em pedacinhos, queima e junta os pedaços pra fazer tudo outra vez, com mais violência.
Eu sou muito idiota. Uma idiota masoquista.

25.11.11

All Still Fine

Se você gostar desse texto, e ele servir pra você, leia sempre que estiver se perdendo, e lembra das coisas boas, tá?
Hoje saí mais cedo da faculdade e vi o sol das nove horas. Ouvi a rádio, andei pelo lado da calçada que eu só andei uma vez, numa quarta-feira... A manhã estava linda, mas mesmo assim pouco olhei pro céu. Só que deu pra perceber certas coisas que eu estava procurando há tempos.
Estamos envelhecendo rápido demais, sabia? Não normalmente, você sabe. Fomos crianças no sábado, eu lembro que expliquei. Na quarta fomos adolescentes apaixonados e descobridores, e a partir de então o negócio desandou pra velha e carrancuda maturidade. Viramos adultos chatos, ranzinzas, reclamões. Nós.
Só que, sentindo o calor do sol eu percebo.
Hey you out there in the cold getting lonely, getting old, can you feel me?
Vamos voltar à juventude de sábado, de quarta, vamos nos aquecer com o calor do sol, nós podemos retroceder. Sábias palavras já nos disseram milhares de vezes que a velhice não significa nada, e a juventude volta sempre outra vez.
Essas coisas que nos empurram goela abaixo só nos parece ruins porque nos convém. Porque estamos cansados de correr atrás do tempo e ele escapar da gente, e não dar tempo pra gente. Mas podemos aprender muito com essas coisas, podemos ver um lado alternativo delas, podemos abusar delas para benefício próprio. Vendo assim talvez acabe rápido, sem doer tanto.
Estamos correndo atrás do tempo, uma hora ele cansa de ser seguido e pára pra nos ouvir. É rapidinho, você vai ver.
Inventamos tantos problemas pra esquecer (da morte?), que também nos esquecemos da vida, prestemos mais atenção no céu, nas plantas e no Sol. Estão aí pra nos acalmar e nos abraçar, como no sábado.
Não é só porque não temos aquela vista privilegiada do sol que ele perde a importância de ser visto. Ele é nosso amigo e brilha seja como for a moldura que o envolve.
Vá lá na janela, na calçada, suba numa escada e veja o Sol. Faça também com a Lua e as estrelas, eles estão com saudades de nós.
Ligue o rádio e ouça um clássico, pratique o instrumento que tiver, pratique tanto pra estar preparado para o instrumento certo. Invente, reinvente, componha, escreva, pense, sinta. Sinta as coisas que dão cócegas e aquela risada lá na boca do estômago, que não consegue subir pra garganta e te deixa engraçado, meio bêbado de alegria. Depois deixe sair numa explosão e comece a dançar só, a cantar, a querer pintar desenhos psicodélicos e abraçar todo mundo.
Podemos não ser livres socialmente, mas nossos espíritos são e sempre serão. Vamos soltá-los ainda mais e deixar que se encontrem e dancem juntos, se abracem e se beijem. Até os corpos se encontrarem também, que tudo ficará bem.
Converse com as plantas, e diga como ama o seu Broto, e como ele te ama também. Te ama tanto que está gostando do que está escrevendo, depois de tanto reclamar.
Vamos parar de reclamar, você me ensinou assim, desde agosto. Eu desandei mas estou de volta, querendo ser criança novamente com você. Pega minha mão que eu te levo à infância, se você não conseguir. Do you remember? 'cause i remember. Me and you.

24.11.11

One of my Turns

Ultimamente escrevo sem concordar comigo mesma. Escrevo porque gosto, porque quero aliviar minha cabeça de tantos problemas, frustrações e sentimentos, sejam eles bons ou ruins. Escrevo porque quero me mostrar ao mundo, já que não sei falar, escrevo pra ninguém porque é mais fácil achar alguém, qualquer um que leia minhas bobagens, pois não tenho muito com quem contar na língua falada.
Mas mesmo assim me arrependo de tudo o que disse e de como disse. Porque não é bem o que eu queria ou sentia. No momento sim, mas quando paro e penso, vejo que errei, que não era certo, que não era saudável.
Queria apagar tudo o que disse, e a tentação é enorme. Mas já foi... deixa quieto. Alguém já leu, já fez seu retrato de mim, já serviu de alguma coisa o que foi falado. Não dá pra fazer não existir, porque já se fez existir. Tarde demais.
Eu já queria apagar isto aqui, não me delicio mais com o que digo. Posso até conseguir chegar perto, mas acho que meu método e modo não é exatamente o que preciso utilizar. É muito pomposo e frio, talvez exagerado demais. Soa falso. Pra mim.
Não sei mais descrever meus sentimentos e opiniões, quando escrevo nada acontece. Eu deveria descarregá-los em texto como depósito, pra caber mais coisas em mente. Mas a mente continua cheia, as palavras vazias...
Não perdi a receita de como escrever. Percebo que nunca soube. Sou como José Dias de Dom Casmurro, enfeito meus dizeres com palavras complexas e caprichadas nas sílabas (talvez totalmente erradas gramaticalmente), mas sem conteúdo.
Ganhei uma máquina de escrever, sonho desde os três anos com isso. Está lá, escondida em cima do guarda-roupa. Às vezes, acordo no meio da aula pra escrever algumas páginas que ao fim de algumas horas se tornam inúteis. Às vezes ninguém as lê. Ainda mais os novos, tem dois ou três que ninguém nunca leu e nem sei se lerá. Nem eu deveria ter lido.
Bom, aí é que está. Inútil. Esse texto e tantos outros não me levarão a lugar nenhum, além do recinto do remorso e da vergonha. Vai ver minha saída seja o desenho. Ou tenha que aprender realmente e logo o baixo e o violão, ou precise continuar bordando, faça um curso de web design, ou, ainda, uma opção mais antiga, desde quando eu era criança e brincava sozinha com fichas que papai trazia do trabalho: talvez eu precise preencher formulários, carimbá-los, grampeá-los, arquivá-los. Talvez eu mofe na biblioteca junto com os preciosos livros que ninguém lê, ou lê e não entende, ou lê e não concorda, ou lê e não gosta. E joga num canto esquecido.
Adoro bibliotecas, talvez seja isso mesmo.

22.11.11

Tente Outra Vez

Não pense
Que a cabeça aguenta
Se você parar
Não! Não! Não!


Eu vou tentar outra vez, vou parar de reclamar e maldizer, vou ser mais suave, vou ser mais atenta, só peço ajuda para não me esquecer dessa promessa.

21.11.11

Brain Damage

Eu consegui quase que exatamente tudo o que queria para os próximos anos.
E agora? O que é que eu quero?






20.11.11

One More of Me


Onde está a Helen de anos atrás? O que sentia, pensava, almejava, o quanto queria para o futuro tudo o que se concretizou até agora? O que ela sentiria e como se portaria se viesse aqui e agora e visse no que deu? O que ainda falta acontecer? O que deveria não ter acontecido?

Não sei.
Não sei onde está a Helen de anos atrás, não sei o que sentia, pensava, qual a força de seus quereres e como ela reagiria ao ver o que construí, esbarrei, estraguei, consertei, perdi. Não sei o que não deveria ter acontecido e o que falta acontecer.
Procuro me lembrar de como fui, em que tom via e sentia as coisas, e tento reler meu blog pra isso. Percebo que sou desconhecida pra mim mesma, e não sei me compreender no passado. Fora o que é mais da superfície, acho que deixei meu eu se perder no nada infinito.
Talvez um dia a Helen anterior e a posterior se esbarrem e deixem misturar algumas sensações, e parem pra tomar um café, tocar uma música, escrever uma poesia, fazer carinho num gato, num cachorro...
Talvez a Helen anterior tenha morrido e nem me dei conta de ir em seu enterro.
Enterro...
A vida é a coisa mais estranha, o ser humano é algo tão perverso e cheio de horários e cartilhas, queria não ser humana.
Queria ser uma música, que abraça a todos sem sentir tédio naquele mar de gente com tanta porcaria em mente. Eu seria bela, agradável, estaria bem comigo mesma e com os outros. Me doaria para famílias e famílias e teria todo o tempo disponível para elas. Não teria medo delas. Não teria medo de amá-las e de me abrir...
Ou seria tão superior que não sentiria ninguém, só deixaria que me sentissem, e iria vagando pelo vento sem ver nada além da natureza, ignorando a putridez dessas sociedades assassinas do verde.
Eu, como música, não teria que me procurar pelo caminho, pelo tempo, por lugar nenhum.
Eu não queria ser gente. Gente é tão doente.
Eu queria ser eu, mas será que estou sendo eu agora? Cada dia mais longe do explicável e plausível...
Que cansaço, que saudade, que falta de contato com meu passado...
Acho que vou soltar, arrebentar as cordas de vez, que tudo o que passou possar vagar livre pelo deserto. Logo chegará minha vez, e a próxima Helen estará nascendo. Talvez nem me conheça, nem se lembre de mim. Talvez seja mais paciente, compreensiva, amorosa, tolerante. Espero que seja, ou vai sofrer igual a mim. Não desejo isso pra futura Helen, ela pode enlouquecer.
Como eu já fiz.

15.11.11

Stand By Me

Dizem sempre que os amigos é que sempre estarão a seu lado. Será?
Uma amiga minha, perto do fim do colegial, estava a morrer de medo de que nos afastássemos após conclusão. Eu achava tolice, dizia a ela para não se preocupar, que teríamos sempre uns aos outros. Eu realmente acreditava nisso.
Pensava que nada tinha a ver com nossos pais que chamam vizinhos e clientes de colegas ou classificam com título mais ralé. Pensava que eles não haviam conhecido amizade de verdade e eram almas soltas e vazias vagando para a morte sozinhas.
Mas em quase um ano percebo que isso é o natural. Estar só. O afastamento. As diferenças, divergências e indisponibilidade de tempo para o outro.
Conheço gente que nem lembra o nome dos amigos de infância e/ou escola, gente que foi arrancada sem nem poder dizer adeus, e gente que não faz nada para unir-se com seus irmãos escolhidos ao longo do tempo.
Após esse afastamento quase que indolor e imperceptível há o choque para alguns. Daí vem a saudade, a nostalgia, o medo, a curiosidade pela vida do outro "Como sera que Fulano está? O que anda fazendo? Casou? Teve filhos? Foi preso? Está morto?".
Para todos nós vem o destino incerto, cada vez mais distante e diferente do que imaginávamos e planejávamos na infância. Acreditávamos realmente que seríamos astronautas, astrônomos, astros de rock. Queríamos ser estrelas, apenas. Pra brilhar mesmo após a morte, pra aquecer outros planetas por aí...
Mas não. Somos apenas Plutões, achando que somos o que não somos, longe do calor e do brilho que dizíamos ser de nosso poder. Cada vez mais apagados e jogados num canto. Frios. Vazios. Quem aparece por acaso geralmente não ficará por muito tempo ou acenderá alguma fagulha neste cubo de gelo que virou nosso coração. Sim, haverá apenas um que nos fará acreditar que somos importantes, e vamos cuidar com todo o carinho do mundo, como faz O Pequeno Príncipe à sua rosa solitária.
Mas mais ninguém. E você não sabe se sentirá falta ou dor, mas a saudade vem de vez em quando, e você terá aquela curiosidade, lembrará de coisas que agora parecem absurdas, um sonho doido e psicodélico que te fará rir de tarde enquanto toma um café com sua rosa. E vai olhar pra ela como que em câmera lenta, dizendo a si mesmo como seria bom se ela tivesse conhecido aqueles caras fodas, como seria bom se tivessem compartilhado daquelas risadas e mancadas. Não dói não ter mais isso. Só surpreende perceber que isso realmente existiu. E você dá um sorriso quente e doce, como o melhor dos abraços que o Sol dá ao se pôr.
Não deixe doer. Deixe ter valido a pena ter existido. Amigos não são pra sempre. Suas lembranças é que são. Seus feitos e desfeitos é que são.

1.11.11

Spitting out pieces of his broken luck.

Eu sei que é pro meu bem eu ter um dinheirinho pra comprar minhas coisinhas no fim do mês sem ter um filho pra criar, ou um marido pra sustentar. Os estudos são bons, principalmente se eu faço o que todo mundo faz e tento a mesma vaga que todos tentam porque faz muito sentido eu concorrer com milhões por algo que não vou conseguir, deixando meu sonho de lado, sonho esse que é tão individual que eu nem teria com quem competir.
É tão pro meu bem tudo isso que eu só sei mentir, brigar e sentir raiva. É pro meu bem, sabe.
É pro meu bem você rir de mim, contar coisas constrangedoras minhas, não parar quando eu imploro pelo amor de Deus. É pro meu bem, sabe.
É pro meu bem você me xingar de tudo quanto é palavrão porque eu não limpei isso ou aquilo, porque isso vai acrescentar e muito na minha vida. É pro meu bem, sabe.
Trabalhar oito horas por dia trancafiada num estabelecimento público, estudar quatro horas por dia num estabelecimento privado, estar em transportes lotados duas horas por dia, dormir quatro horas e ter tempo pra viver em intervalos escassos.
Quanto menos eu viver, melhor pra mim. Vou acostumar. Vou me empanturrar de objetos sem nenhuma importância vendidos em cubículos ventilados por um ar falso que queima meus pulmões, pra achar que estou vivendo e esquecer a vida de verdade, o vento de verdade.
É papai, é, mamãe. É para o meu bem. Vosso bebezinho está crescendo saudável nessa selva de pedra, com toda essa artificialidade que causa câncer e AVC e síndrome do pânico.
Era pro meu bem não falar com estranhos, mas agora eu tenho que falar, e nem saber eu sei, já que não pratiquei desde cedo.
Era pro meu bem não sair de casa sozinha porque era muito nova, e nem saber eu sei, já que quase não saí pra lugar nenhum, nem saio. Mas eu tenho que saber, assim, do nada. Porque eu tô velha demais pra não saber.
Obrigada papai, obrigada mamãe. Com a Robertinha (ou o Roberto) eu vou fazer exatamente como vocês não fizeram. Eu não vou matar minha criança.

*pra não modificar a música, deixo o his no título mesmo. No meu caso o correto seria her, mas sou Paraíba masculina, então relevem.