Onde está a Helen de anos atrás? O que sentia, pensava, almejava, o quanto queria para o futuro tudo o que se concretizou até agora? O que ela sentiria e como se portaria se viesse aqui e agora e visse no que deu? O que ainda falta acontecer? O que deveria não ter acontecido?
Não sei.
Não sei onde está a Helen de anos atrás, não sei o que sentia, pensava, qual a força de seus quereres e como ela reagiria ao ver o que construí, esbarrei, estraguei, consertei, perdi. Não sei o que não deveria ter acontecido e o que falta acontecer.
Procuro me lembrar de como fui, em que tom via e sentia as coisas, e tento reler meu blog pra isso. Percebo que sou desconhecida pra mim mesma, e não sei me compreender no passado. Fora o que é mais da superfície, acho que deixei meu eu se perder no nada infinito.
Talvez um dia a Helen anterior e a posterior se esbarrem e deixem misturar algumas sensações, e parem pra tomar um café, tocar uma música, escrever uma poesia, fazer carinho num gato, num cachorro...
Talvez a Helen anterior tenha morrido e nem me dei conta de ir em seu enterro.
Enterro...
A vida é a coisa mais estranha, o ser humano é algo tão perverso e cheio de horários e cartilhas, queria não ser humana.
Queria ser uma música, que abraça a todos sem sentir tédio naquele mar de gente com tanta porcaria em mente. Eu seria bela, agradável, estaria bem comigo mesma e com os outros. Me doaria para famílias e famílias e teria todo o tempo disponível para elas. Não teria medo delas. Não teria medo de amá-las e de me abrir...
Ou seria tão superior que não sentiria ninguém, só deixaria que me sentissem, e iria vagando pelo vento sem ver nada além da natureza, ignorando a putridez dessas sociedades assassinas do verde.
Eu, como música, não teria que me procurar pelo caminho, pelo tempo, por lugar nenhum.
Eu não queria ser gente. Gente é tão doente.
Eu queria ser eu, mas será que estou sendo eu agora? Cada dia mais longe do explicável e plausível...
Que cansaço, que saudade, que falta de contato com meu passado...
Acho que vou soltar, arrebentar as cordas de vez, que tudo o que passou possar vagar livre pelo deserto. Logo chegará minha vez, e a próxima Helen estará nascendo. Talvez nem me conheça, nem se lembre de mim. Talvez seja mais paciente, compreensiva, amorosa, tolerante. Espero que seja, ou vai sofrer igual a mim. Não desejo isso pra futura Helen, ela pode enlouquecer.
Como eu já fiz.
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