31.12.12

2012

This is the end
Um ano que não sei se me dá sensação de "domingo", mas é só o que consigo sentir. 2012 foi um grande domingo cheio de sensações de "acaba logo" ou algo assim. Não que tenha sido ruim. Aprendi que devo ser mais let it be e não me importar fanaticamente com bobagens que na verdade são discursos sofistas de fachada de quem não tem arte no coração.
Um tormento se foi, cheguei bem na metade do outro. Sinto que amadureci, logo após mergulhar no azedume da sociedade "normal" e chuviscar esse molho pútrido em superfícies que jamais deveriam ser tocadas por este mal. Após o mergulho, algumas sequelas, mas nada que um css ou pastel óleo não possam restaurar.
De 2013 quero "apenas" paciência, sabedoria e criatividade. Paciência para aguentar o mundo cão, sabedoria pra escolher o caminho que me pertence, não caindo no erro, no desespero e na desesperança outra vez, e criatividade para me reconhecer e/ou ser reconhecida em projetos puramente artísticos e filosóficos.
Desejo a vocês mais educação, calma, graça, respeito para com os outros pontos de vista, e que ninguém estacione o carrinho de supermercado da vida bem no meio do corredor do seu caminho e, se isso acontecer, empurre o empacado com força porque ninguém aqui tem que empatar a vida de ninguém. Cada um com seu ponto de vista, e de uma vez por todas, mandem esse positivismo lá pra tumba do Auguste.
Que o mundo tenha acabado no útimo dia 21, e que este seja um recomeço, com mais cérebro e menos senso comum. Mais ação e emoção, equilibradas com racionalidade. Evoluamo-nos!
Actions para edição de imagem por "Depois dos 15" e "@dbox". Feliz 2013 e muita birita pra vocês.

26.12.12

Normas e motivos

Blog, ABNT, ranhetice
Quando comecei a querer/fazer/gostar/viajar em blogs não lembro exatamente o por quê, só lembro que faz tempo pra caramba. E tem gente que tá nisso há mais tempo. Mas vendo alguns e em tanta variedade, me pergunto: por que eu tenho um blog?
Não sei.
Não sei se é por mexer a cada semana nas cores e descobrir facilidades e genialidades dos códigos html e css, tão simples e complexos, tão abrangentes e gostosos de mexer. Lembro que meu primeiro contato foi buscando templates de piratas do caribe que não davam certo e eu tentava deixar o texto dentro do pergaminho da imagem. Foi aí que virei a madrugada nas internet. Até hoje ainda passo horas lendo tutoriais de blogs de gente mais nova do que eu que manja muito e tem paciência pra explicar. Gente boa.
Não sei se é por querer escrever e me mostrar pro mundo, ou pra me entender, ou como diário. Foram tantos diários começados em 01 de janeiros e mortos antes de abril que eu nem sei contar, e ainda faço isso com agendas. Não parece ser um motivo provável pra se ter blog.
Não sei se é de opinião. Minhas opiniões são chatas. E é por isso que raramente releio textos meus, que cada dia acho mais feios ou surpreendentes, ou não tenho mais aquele feeling. É coisa de momento, como diria Sócrates. Descobri que minhas opiniões são chatas quando comecei a faculdade. E descobri que ela também é chata. A gente passa o fundamental e o médio ouvindo "na faculdade não aceitam esses erros, uma letra errada é um ponto a menos" (eu imaginava nota negativa, -100, -1000, broncas de professoras ranzinzas, etc), e quando chega no superior faz qualquer coisa numa folha de caderno de desenho, recorta as rebarbas e já era. A gente dorme e derrama café, não entende nada de ABNT, cada aluno com sua regra acadêmica, e foda-se, quanto mais tosco e bajulador, maior a nota. Daí tem aqueles discursos de "tem que ler, tem que fazer conforme a norma, tem que isso, tem que aquilo" e vamos todos virando senhorinhas ranzinzas que as crianças fantasiam ser a bruxa da vizinha. E pra que? Pra parecer que somos inteligentes. Eu preferia quando barba era sinal de inteligência. Era mais sociável, imagina os pensadores barbudos de três séculos atrás fofocando sobre a barba do colega e trocando receita de tônico contra fungo. Muito mais legal que falar "como as normas pedem". Até autor de livro escreve errado. Mas é o santo da academia, academia esta que adora falar mal de religião.
Onde eu parei? Ah é, a chatice. Me tornei chata, e me dei conta disso aqui. Obrigada dipirona sádica, essa foi a última gota que faltava pra eu me libertar dessa ranhetice e desse ferrugem da decadência acadêmica. Meu blog talvez fique às moscas porque coisas chatas me tornaram chata. Mas as férias chegaram e agora posso pensar. Posso ler os livros que outrora me eram bloqueio, já que ser obrigada a ler me faz broxar.
Capaz que eu goste de blog porque é tipo uma conversa. Onde temos nosso lugar e direito de dizer, sem interrupções, sem perda de fio da meada, sem gaguejar, sem enrubescer as maçãs do rosto, sem ABNT, com cor, sabor, ideias, criatividade e diversidade. Ninguém aqui quer nota maior que a do colega, ninguém aqui quer ser dono da verdade, quer apenas compartilhar a vida. Vida essa que a academia consome.
Nesse 2013 que chega, vou sair mais, fotografar mais, viver mais. Porque fotografia é legal, não é só moda de blogueira. É o modo de imprimir a vida. De colorir com filtros, de compartilhar. Em ABNT não tem foto. Tem muita letra miuda que dói a cabeça.
Viva la vida, teoria e revolução deixemos pra depois. Não é isso que vai mudar o mundo (é o que mais o divide), pelo menos não agora. É cedo, ou tarde demais, como diz a música.
Pausa para o café, vamos respirAR.

20.12.12

O que é Mundo?

O que é "fim de mundo"?
Esse mundo que dizem por aí que vai e que não vai, pode não ser o mundo físico, gente. Ninguém falou em meteoro, água, fogo, gelo ou sumiço da gravidade. É muito filme de Hollywood até na cabeça dos pseudo-intocáveis-e-céticos. É muito "um caminho só", muita previsibilidade pra tanta possibilidade.
Mundo não se remete apenas a "planeta Terra", pode ser o fim da raça humana ou do mundo específico de alguém, por exemplo.
Mundos acabam e começam todos os dias, caso nunca tenham ouvido falar de cemitérios e maternidades.
Eu acredito em fim de mundo. E espero que não seja essa coisa hollywoodiana de O Dia depois de Amanhã, 2012 e Presságio. Pode ser o fim da capacidade de pensar, o fim do capitalismo, do pseudo-comunismo, da Igreja ou do dinheiro.
Pode ser uma explosão do núcleo terrestre, ou os Vogons desfigurando o planeta pra dar passagem à estrada do hiperespaço.
Pode nem ser amanhã.
Tenho uma professora que diz que o mundo já acabou, e é bem provável, só basta olhar em volta. Justamente muitas vezes me peguei cogitando a possibilidade de estar vivendo num inferno onde só eu não aceitei pra onde vim. Mas nem sempre. Tem coisas boas nesse mundo.
E o que me faz crer que o mundo acabou e isto é um tipo de paraíso são algumas pessoas de meu convívio, alguns lugares psicodelicamente estruturados e cheios de significados, onde tudo pode acontecer. São as árvores, o céu, as estrelas, as nuvens. O sentimento de "nada" no "infinito".
Mas por que não crer que o mundo possa acabar? Por que estar tão certo disso? Do mesmo jeito que se pode continuar de pé, pode sim de uma hora pra outra ser engolido por um buraco negro, chupado por um buraco-de-minhoca, perdido no tempo, ser posto fora de órbita. Afinal até ontem pensávamos que Plutão era planeta, e teve gente que abraçou a ideia de superioridade das raças. Adoro a ciência, estudo uma ciência, gosto de teoria e fato, mas ainda se pode provar o contrário. Pode = possibilidade.
Improvável é diferente de impossível. Improvável é aquilo que não se pode provar no momento, ou talvez nunca. Impossível ainda é um caminho da possibilidade, que talvez seja tão maior quanto o infinito. Ou o infinito do infinito.
Talvez o mundo já tenha acabado mesmo. Quando o homem decidiu se achar melhor que as outras espécies e acha que se comover com animais e plantas é coisa de doido que não sabe as prioridades de salvação de um ser vivo em perigo. Porque claro, planta e bicho não merecem salvação, não têm almas nem sociedades. Não servem pra nada senão pra compor o cenário.
 
O mundo acabou com a escrita, com o poder sobre o fogo, com a produção em massa, a TV, e até a querida internet, por que não?
As impossibilidades, as generalizações, os porque nãos, os não faz sentido, as ironias e personalidades massivas e maçantes acabam com um universo de caminhos e inspirações. Coisas que não fazem sentido ou improváveis acontecem.
Não faz sentido fazer um concerto para cinzas vulcânicas, não faz sentido ir à shows para se ver quase que apenas um enorme muro branco sendo construído, é impossível encontrar o amor da sua vida no twitter, cães não cantam músicas, leões são selvagens e destituídos de sentimento e/ou memória, todo ser vivo é mortal...
Lie, lie. Tschay, tschay, tschay.
Às vezes eu queria que todas as teorias conspiratórias, lendas, mitos e afins fossem tudo verdade e se mostrassem no tarde demais só pra essa gente brasa-mora gritar "eu avise-ei!". Porque essas são as partes mais legais e mais esperadas por mim dos filmes apocalípticos.
E falando em apocalipse, sabe o que é um apocalipse? É isso:

Aposto que o mais cético dos céticos das redes sociais grita eu acredito em fadas, acredito, acredito! assistindo Peter Pan. Então deixa de besteira dos nuncas e dos sempres e se abra pras possibilidades e pro infinito em que vive. E vive. Pelo menos até amanhã. ;)

13.12.12

Eles dizem, mas só dizem.

"Estamos num sistema de ensino iluminista, é óbvio", eles dizem, mas só dizem.
Será que o sistema nos impõe e oprime, ou ele é livre e nos dá brecha, mas nós apenas reclamamos para deixar os velhos de cabelos em pé?
Será que alguém aqui se sente um enganado, que superestimou o que chamamos de vida adulta e maturidade, será que alguém aqui se sente num perpétuo ensino fundamental?
De gente reclamando pela nota "9, porque é um absurdo, eu só tiro 10!"?
"Vocês têm que ler, têm que buscar conhecimento em outros lugares, têm que viver a razão, parar de crer no senso comum!" eles dizem, mas só dizem. Impõem suas ideias, ideais, opiniões e morais fazendo crer que é certo, mas ensinam também que "na disciplina de história não existe apenas uma verdade, pensar assim é ser positivista", mas só dizem, porque claro, eu tenho que repetir exatamente o que foi dito pra poder ser bem avaliado, não é?
Eu não posso reclamar de instituições das quais pertenço, porque não cai bem, sabe?
Eu posso ser de esquerda revoltado bicho-grilo, cigarra cantante, mas ainda assim falar "fazer o que, né", como se não houvesse solução, como se alguém estivesse proibindo, mas é só preguiça mesmo.
É engraçado o escárnio (de quem defende a liberdade de opinião própria) para com quem tem opinião diferente, seja tese, seja hipótese. O legal é mostrar o diploma e a maestria pra dizer que temos todo o direito de sermos livres, que o sistema é uma piada, mas ser o primeiro a dizer nas entrelinhas que "o que não segue minha ideia está errado e merece uma nota vermelha porque EU tenho o poder da avaliação".
Como pode ser superior, o que caracteriza superior? O "não pedir mais pra ir ao banheiro? Não dizer mais 'Professora Helena, me ensina uma musiquinha de índio?' "? Porque é só isso que muda. Porque continua o dark sarcasm in the classroom, ao mesmo tempo em que se diz que "agora há uma 'troca de saberes' em sala de aula", troca de saberes que significa "sim, você está certo se concorda comigo".
Isso não é só no ginásio, na academia, no clube, no sarau, no seminário, na palestra, no carajo a cuatro. É na vida. É um tal de "acho que vc não entendeu amg, abraço", essa mania de indireta-direta-sarcástica-irônica-sádica-ácida-sátira como se isso elevasse a opinião e esta se prostrasse tatuada na cara de Deus ou da força ou do Big Bang ou do buraco negro ou da dimensão ou seja lá no que você acredite. É um "fala com a minha mão" em todos os lugares, grito, pancadaria, xingamento (EU MESMA FAÇO ISSO E FAÇO TODO O TEMPO), característica de quinta série do ensino fundamental, onde a verdade o poder o bem e o mal estão nas mãos do que grita mais forte (nesse caso está com Roger Waters, mas ele tá certo mesmo).
Buscamos mestres para elevação da racionalidade, mas apenas encontramos irracionais sem barbas quilométricas do tamanho da sabedoria... São pequenos grandes animais hipócritas que marcam encontros pra empinar o rabo de pavão, a crina do cavalo, a crista de galo, o chifre do boi, a corcova do corcovado, a voz do mais forte, o melhor discurso sofista e todas essas canalhagens.
Somos seres involuídos. Somos bestas, troços destroçantes, lixo que se acha luxo e faz o mais jovem, o inocente crer que tem algo a mais nessa dimensão quando na verdade é mais do mesmo, é um ciclo, um círculo (ou um cone, onde há uma maioria elitista - social, econômica e intelectualmente - no centro das atenções e exemplificações).
Quando vamos crescer? Todos nós? Existe o maduro? O adulto? O livre? O justo?
Ôô seu moço do disco voador, se for de uma evolução adulta, acima de toda essa cretinice, me leve com você, pra onde você for.
Mestres não existem, nem dos magos, nem dos bruxos, nem dos elfos, muito menos dos humanos :(

30.11.12

Quase nada sobre coisas demais

Houve, nessa semana, a V Semana de Filosofia, já havia visto em avisos nos quadros da faculdade e pensei "poxa, deve ser no segundo módulo, então vai ter aula" ou "hmm, não tem aula, então estudo pra prova de amanhã". Não, a palestra também era pra mim, e isso foi realmente maravilhoso.

O DISCURSO CIENTÍFICO PODE SER CONSIDERADO IDEOLOGICAMENTE NEUTRO?
*Ciência e política: um debate a respeito da relação entre ideologia  e discurso científico
*A linguagem como produtora de sentido e a exigência de probidade intelectual - uma reflexão sobre o discurso científico a partir de Friedrich Nietzsche
Foto: professores Jean (meu professor fã de Pink Floyd) e Manoel Carlos (sim! o cabelo dele é azul!)
Foi muito bom na segunda-feira, gostaria de ter ido na quarta, mas confesso que estava cansada e receosa já que da minha sala só eu me interessei em ir das outras vezes é sempre assim (e não sabia se era ainda a dita sala porque as portas estavam fechadas e eu sou meio na nóia com errar de sala), e hoje foi excelente.
Mas eu não vim falar especialmente da palestra e tudo mais, discutir o que já foi discutido ou narrar os fatos etc e tal.
É mais pra acrescentar na linha do tempo pessoal as modificações e aperfeiçoamento de pensamentos, ideias, (pré)conceitos que andam acontecendo. É uma progressão e ao mesmo tempo uma regressão, já que, de outras maneiras, já vivi esse tempo, e é como se vivesse uma vez por ano, no semestre que chamo de "frio" (de junho pra cá). Tem algo além do que se pode chamar de racional ou emotivo, mas está intimamente ligado a isso, creio eu. É um modo de ver as coisas meio progressivo, assim como as músicas mesmo, principalmente as intermináveis e instrumentais. A falta de letras musicais estende os significados e as possibilidades, engendra caminhos complexos e diversos, alternativos ou não.
Minha mente também se dá bem com o silêncio, já que na minha perspectiva ele é infinito: sem vocabulário, sem signos representativos e seus derivados, mas ainda assim um elemento comunicativo constante - a frase "O silêncio diz tudo" é uma verdade, mas uma verdade dita nas piores ocasiões, que não interpretada pura e literalmente.
E silêncio e música, com sorte, eu consigo na volta das aulas, observando o pedaço de mundo pelo qual eu passo e variando entre amor e ódio para com o humano e suas humanidades (desse meu silêncio carregado de observação, ontem fui relacionada a Bukowski por um colega no sentido de: "Não, eu não odeio as pessoas. Só prefiro quando elas não estão por perto."¹).
Nessas divagações e coletâneas de livros "Pague o quanto acha que vale" (que valem menos que os 50 tons e raramente são vistos nas mãos de um indivíduo, quem quer que seja), manuais disso e daquilo, palestras pingadas e comentários alheios, além da companheira - não sei se tão querida assim - internet, com suas poucas coisas boas que a gente pena pra achar, analisei a mim mesma e continuo nesse processo, cada dia mais fiel e esperançosa com os rumos que ando tomando.
Sofri nesse ano eletivo chato, não que eu ache política algo chato, mas vicia e eu estava muito, mas muito arrogante nessa época, defensora de não-sei-o-quês totalmente sem sentido atualmente (como um mês muda as pessoas), além de estresse do ex-trabalho, decepções acadêmicas, e blá-blá-bla minhas reclamações diárias.
Perceber o mundo de tantos pontos de vista talvez desconexos entre si, caladinha no meu canto, ousaria dizer numa antropologia pessoal, foi a melhor coisa que me aconteceu desde o segundo semestre do ano passado. Naquele momento eu estava igual agora, só que não. Hã? Minha sensibilidade que eu caracterizaria com cores frias (verde e azul, precisamente), mas que nada tem a ver com frieza, era a mesma que a de agora. É a parte boa de mim. A parte lúcida. E por que verde e azul? Primeiramente, tenho uma maneira sinestésica de associar coisas. Cores a formas, músicas, sensações, pensamentos, situações. Acho que de junho a dezembro temos meses frios pelo simples fato de ser "fim" de ano, então estamos mais relaxados, conformados, passando por um inverno e cores vibrantes e límpidas do céu e das plantas por conta também da primavera. Essa forma que eu tenho de ver as coisas no segundo semestre deve ter a ver com a forma que as estações do ano afetam o planeta, talvez. Também com o relaxamento meio Let it Be que toma as pessoas, quem sabe por cansarem de tentar esse ano e deixarem para o próximo, e para o próximo... Porque início do ano (a parte quente, verão, outono abafado, vermelho, laranja, marrom) é só alegria, promessa, DIY, projeto, correria, exaltação, raiva. Curiosamente no início do ano passado e no desse, não fiz nada de produtivo e literalmente dormi a maior parte do tempo, não ousei questionar, buscar, observar, e apenas me mantive como ovelha. Não sei se faz sentido mas é assim que o mundo é pra minha cabeça, e devo ter pensado isso hoje entre o "Só os idiotas têm certeza" (sábias palavras do professor Girafales, filosóficas, diria, já que se essa afirmação seria uma certeza, logo, ao mesmo tempo seria idiotice *?*) e C=2π.r nas aulas da 6ª série (colei a formulinha do namorado hoho).
Se eu me perdi agora (o que de fato aconteceu), capaz que todos estejamos perdidos, mas a essência desses bocados e reminiscências é: calmaria de pensamentos, muita observação, leitura pingada, perspectivas, que pretendo levar ao lado quente do ano também. Não que isso de fato interesse, se bem que vou aprofundar cada tema separadamente e colocar o restante em prática...
Ando mais socrática, questionando mais que tentando responder, preferindo e me satisfazendo em interrogar em lugar de dar um basta, um ponto final. O definitivo me chateia, o finito me amedronta, já o infinito não, me traz paz, calma, segurança.
Quase no fim da palestra foi dito algo mais ou menos assim: "Quando tudo se tornar impossível, ainda assim haverá uma possibilidade, a possibilidade do impossível".
Não sei a frase certa ou de quem é, porque vou escrevendo ao mesmo tempo que ouço e a mão não acompanha (quem souber me diga), mas o princípio é esse, e é aqui que paro por ora.

1. Disponível em [http://pensador.uol.com.br/frase/NTk5NTk4/] carece de fonte específica e/ou confiável.
* Professores palestrantes: Emerson Ferreira da Rocha (Mestre em Filosofia - USTJ); Márcia Rezende de Oliveira (Mestre e Doutoranda em Filosofia - USP); Moderadores - Manoel Carlos da Silva e Jean Rodrigues Siqueira

16.11.12

Quem foi que disse?

ENSAIO I
O que é o ser humano? O que rege suas ações? Somos de fato seres de um grande rebanho a obedecer um "sistema" de outro que seria um ser mais evoluído e mais inteligente (?) Somos todos iguais, mas uns mais iguais que os outros?
O que move o mundo? Qual é o clamor planetário e, por que não, universal? O bem? O mal? Por que aquilo não pode? Por que não? Quem ou o quê pode me dar garantias de que aquilo me fará mal? Ou bem?
1984, Animals e A Revolução dos Bichos são, de fato, apenas literatura e música prevendo um possível destino da vida na Terra, ou são realidades ignoradas desde que o sedentarismo se instalou entre os Homos? A Utopia é, de fato, uma irrealidade, uma impossibilidade, uma inviabilidade? Por quê? Por que sim? E por que sim?
Como dar uma opinião sem ser grosseiro e totalmente estúpido? Como avaliar a opinião alheia? Como avaliar pensamentos e ideias? Qual o sentido de se expôr para uma classe e explicar uma matéria já dominada pelo professor e receber nota não pelo que se quis passar de conteúdo, mas por quanto se foi gaguejado? Como saber se o entendimento do mestre é correto, e não deturpado, apenas tendo em mãos um papel com as letras D I P L O M A?
Quem está certo? Quem está errado? Existe certo e errado? Existe inferno? Meu inferno é pensar na sociedade doentia que descobri ao escolher o pensamento como caminho para a felicidade. É o meu acreditar que 1984 é, não só atemporal, mas um fato consumado de todas as sociedades preguiçosas e escravistas/escravocratas/de servidão que todos nós sabemos pelo menos um pouco.
Mas em quem acreditar? E se acreditamos, até a morte, sem nunca nos darmos conta, na pessoa, teoria ou posição político-filosófica errada? E se estivemos certos, por toda a vida, mas calados perante o mundo e incapacitados de revolucionarmos? O que há de errado com a vida em comunidade? Com a simplicidade? Com as boas ações sem moedas de troca a não ser um belo e caloroso sorriso? Por que é preferível entrar na fila da escada rolante (tendo a de pedra vazia ao lado) a ouvir um som progressivo de míseros mais de vinte minutos? Será que a reflexão trazida com a boa música está atrelada à rejeição da massa? Massa homogênea como a massa podre de torta que fica ali, parada, fermentando, esperando o serviço do externo para ser transformada e submetida, mas inútil sem um recheio saboroso e colorido para lhe dar vida e que não é do gosto de todos. Como ver sentido nessas exemplificações pessoais e meio perturbadas, recortadas, receosas? Como entender os sentidos dos outros? O que faz sentido pra mim, realmente pode fazer sentido pra você? Como saber se algum dia entendemos o propósito do outro?
Quem disse que o diálogo é apenas feito por voz? Por que a voz é tão importante, o discurso - que creio ser somente sofismo, publicidade e pena de pavão - e as palavras bonitas tão possivelmente preenchidas com o nada? José DiasAmante dos superlativos e da bajulação (sic) - era exímio discursista mas quase nada, no fim das contas, era o que dizia. Creio que o valor que se dá ao discurso, seminário, palestra, entre outros, seja um apoio à não-leitura, um descaso com os tímidos, gagos e momentaneamente gagos e propensos à vermelhidão  (como eu), e uma maneira preguiçosa de se dar aula. Há sim o valor, que se limita a certas pessoas. Não é algo global que deva ser preferível, já que existem pessoas que se sentem muito mais confortáveis ao escrever, ao cantar, ao desenhar, ao fotografar. É muito fácil dizer "diga o que pensa", e só ouvir palavras soltas, perdendo às vezes o foco, distraindo-se, interpretando errado as feições e os tons de voz.
A vida em comunidade está cada vez mais utópica pelo fato de não sermos nada dóceis, compreensivos, respeitadores de espaço, opinião, ideias, criações, modos de vida, gostos, desgostos, medos, limitações. EU rege a sociedade. EU e absolutamente EU é o melhor, o principal, o que deve ser beneficiado. Não acontecendo com EU, que importa?
BONS costumes, será que eles são bons mesmo? Quem disse? Por quê? Até quando estamos controlando nossas próprias mentes, conscientes ou inconscientes, inconsequentes? Será que estamos?
Inspirações em A condição humana, no incômodo limite entre o bem e o mal (ensaio de Anthony Burgess)
Controle da população através do poder midiático. Há muito queria fazer um texto interrogativo, se é que se pode ser chamado assim, pela afeição a Sócrates e esse seu jeito gostoso, simples e sincero de pensar, e a curiosidade que nunca me abandonou, mas só depois dessa muita leitura e trilha sonora pertinente (obviamente de Pink Floyd: Wish You Were Here, The Division Bell, Animals e The Dark Side of the Moon - na ordem) tive coragem de me arriscar em um texto que não me ferisse e pelo contrário, me desse prazer em pôr em prática.

6.11.12

Desafio 21

Depois de muito odiar meus textos e as coisas como são todas as manhãs a minha volta - o que não significa que tenha findado, infelizmente -, decidi fazer algo de útil e voltar a ver a vida como antes, ignorando a putridez de algumas situações que são imutáveis nesse mundo bandido.
Voltei a desenhar, a dar mais valor à filosofia (clássica) que a sociologia - isto faz bem pra mim, já que é mais saudável tentar entender que tentar mudar na marra -, e ao tweetar e fazer uma limpeza na minha lista de following, descobri o #Desafio21.
Deixei a página aberta desde ontem e hoje pesquisei mais um pouco, descobrindo que na verdade é tudo bem organizado, com cadastro e direito a prêmio relacionado a fotografia.
Não sou fotógrafa e nem pretendo, mas adoro essas fotografias bem feitas cada vez mais fáceis de encontrar já que virou paixão global entre blogueiros.
Quero participar da ideia, mas sem tempo e/ou obrigação, ou interesse nos (bons) prêmios. Então utilizarei apenas o desafio em si, anonimamente, sem tempo pra acabar. Mas ainda assim curti muito a ideia, quem sabe eu me cadastre num possível Desafio 21 nº III. Pra quem quer participar de verdade, clique nas imagens para entender o desafio passado e (se der tempo) concorrer no atual.

Desafio nº I


Desafio nº II

3.11.12

Coragem, eu sei que voce pode mais

Eis que encontro no facebook uma notícia:

MEC elimina candidatos que fotografaram cartões de respostas das provas do Enem e postaram em redes sociais: http://bit.ly/RE3FwN (Foto: Reprodução) - Página do Terra

Meu comentário, diante de "Ê Brasil!" "Esse ENEM não muda nunca!" e semelhantes:

Se barrar quem leva celular na entrada, ninguém faz a prova. Só se culpa o MEC e o governo por erros humanos que não cabem a apenas um. É proibido o uso de celular na prova, ele fica desligado e com bateria fora, no outro canto da sala. Fora do prédio pessoas usam seu celulares como bem entendem, e nesses dias pra coisas mais importantes, seja pra relógio, comunicação GPS etc. A punição está mais que justa, o candidato que não obedeceu regras, não é falha vergonhosa do governo etc. A culpa do mundo ser assim não são só os governos, temos nós, enquanto povo, que nos culpar também, por omissão, desrespeito, egoísmo, procrastinação. Como diria Raulzito, "é sempre mais fácil achar que a culpa é do outro".

Penso que "político é tudo igual", "aquele partido é somente de corruptos, não vou votar nele por causa daquele escândalo com o camarada x de seu partido" é algo muito vago, coisa de quem tem preguiça ou desesperança em ser cidadão, ou pior, ignorância quanto ao peso que tem seu voto, manifestação, protesto, revolução (lembrando que estes últimos três itens não significam violência, sair às ruas, bombas de "efeito moral", etc.).
Não acredito em partidos políticos. Cada pessoa tem seu querer, sua organização e modo de produção. Não acredito em um mensalão, mas em vários. Concordo com meu professor que diz que mensalão é algo que existe e ponto (não que isso não possa ser mudado, que seja correto ou que eu esteja meio que concordando, não). Se entendi bem o que ele quis dizer, posso afirmar (não com certeza, pois só os idiotas têm certeza) que, no filme Morte ao Rei - Oliver Cromwell, Lorde Fairfax, Rei Charles Stuart I e esses camaradas de cabelo e bigode bacanas - existe certo tipo de mensalão quando o Parlamento é comprado para obtenção de votos em favor de King Carlinhos (que ator feio, aliás). Pelo menos acredito que seja mensalão.
Vi também no jornal, uma notícia corriqueira dita quase sussurrada muito sutil, de que Haddad e seus companheiros aliariam-se ao PSD/DEM do Kassab para obtenção de votos (que deveriam somar 28 e em alguns casos 33) comuns para aceitação de projetos, etc. Creio que isto também seja mensalão, um mensalão que todo mundo faz a torto e a direito. Não existe só essa alegoria de PT, de "eu não sei de nada", etc. E não, não sou petista, justamente porque não acredito em partidos, mas em pessoas. Partidos são empresas, são instituições. Eu creio em ideais.
Só sabemos criticar o governo, os governantes, o sistema (faço muito isso, admito), mas não criticamos a nós mesmos e nossas ações. Fazemos isto não só com política mas com o modo de vida do vizinho, a galinhagem da colega de trabalho, a ditadura da chefia (que aplicamos a nossos filhos). Temos preguiça de autoavaliar-nos. De corrigir nossos erros. Temos medo de admitir que falhamos. Que fizemos cagada nessa uma vida que temos. Preferimos a rotina da técnica dominada ao invés de pularmos no infinito do novo. O novo cansa, impõe obstáculos, problemas a serem resolvidos, a possibilidade do erro. Mas o novo nos move. Nos impulsiona e inspira.
Prefiro a incógnita da vida variável, de infinitas possibilidades, de novas ideias, de novas missões, um nomadismo (como na Turma do Chico Bento), do que a mesmice do uniforme, do posto, do cargo únicos e completamente explorados, do sedentarismo pesado que um dia nos transmutará para um mundo que até agora somente uma barata, Eva e Wall-E presenciaram.
População humana no filme Wall-E: estamos impulsionados a isso.

17.10.12

Pedestres

Considerando que as vias são públicas e todo cidadão tem direito de ir e vir, peço-lhes que se comprometam a seguir as seguintes sugestões (lembrando que não há um desejo de imposição, por isto o sublinhado):
  1. Andem à direita do corredor de passagem, calçada, o que for. Não estamos na Grã Bretanha e muito menos no Japão para andar na esquerda (exceto por algumas escadas rolantes de estações e shoppings que devem ter sido feitas por estrangeiros descuidados), pior ainda se for um do lado do outro, causando eventualmente o desgaste de atrasar a passagem de quem está atrás. Basicamente, não empate a passagem alheia. Pra conversar com os coleguinhas você não precisa estar do lado deles, o ser humano também ouve o que está atrás ou a sua frente.
    *Sofro desde a escola com fileiras horizontais de colegas que andam devagar não dando espaço nenhum a quem está atrás. Tem horas que até parece de propósito, pois quando arranjo um espacinho estes logo o cobrem, impossibilitando minha passagem.
  2. Utilizem também as escadas de pedra. Além de ser comprovado que faz bem para o coração (por isto as prefira), ajuda a desafogar o tráfico de ovelhas na fila quilométrica da escada rolante - vide imagem no fim do post.
  3. Se não vai entrar no metrô/trem, dê lugar a quem vai se arriscar a se transformar em sardinha enlatada. Tem gente que vai esperar o próximo e para no meio da passagem, se apoiando no próprio veículo para, acidentalmente, não ser empurrada pra dentro deste. Não seja uma dessas pessoas, você pode se machucar com a saída do trem e atrasa a vida de dezenas de outros que têm tantas ou mais obrigações que você.
  4. Nos ônibus, tente ficar perto da porta um ou dois pontos antes da sua parada. É muito chato ouvir um "vai descer!" do indivíduo que está sentado na janela do primeiro banco pós-catraca.
    Parece que tem o prazer de fazer o motorista abrir a porta ou parar bruscamente fora do ponto! Sem falar que parada fora de ponto causa multa. E não sei se você sabe, indivíduo que faz isso, mas motorista é gente, e está trabalhando. Isto não é a linha 4-amarela ou uma carroça do século XVII puxada por escravos. Ninguém é seu servo. Todo mundo aqui é trabalhador. Todo mundo tem as mesmas 24 diárias que você, pelo menos 1/3 delas gastas no trabalho e mais 1/6 do total distribuídas no caminho ocioso e esmagador do transporte público. Ou no engarrafamento e na poluição, se estiver de veículo particular.
    *Ocioso que digo é aquele em que o ser que pensa fica a observar o mundo lá fora, questionando a vida e a sociedade, ou seja lá o que for. Tempo ocioso não é tempo de vagabundagem.
  5. Utilize um fone de ouvido. Tem gente que não gosta de música alta, e tem muito mais gente que não suporta funk e/ou evangélica (sim, já ouvi muitas vezes, mais alto até que o próprio funk, mas nada contra sua religiosidade, desde que ela fique no seu espaço). Existe a Lei Municipal nº 6.681/65. MIL NOVECENTOS E SESSENTA E CINCO, que proíbe o uso de aparelhos sonoros (provavelmente haviam os similares dos funkeiros há 47 anos atrás importunando na lotação). Fone de ouvido, o mais barato, custa dois reais. E tem aquele que não estraga que distribuem nos aviões que você ou algum conhecido que ande de avião pode conseguir. Fone de ouvido é vendido nas estações, nas galerias, nas bancas de jornal. Consiga já o seu!
É chato, frustrante, desanimador, vergonhoso ver o comportamento humano cada vez mais egoísta, como se cada um fosse dono do mundo e quem esbarra está invadindo seu espaço. As pessoas parecem se importar cada vez menos com quem está do lado, elas precisam de passagem livre porque trabalham, mas se esquecem que todo mundo naquele lugar trabalha também. Interrompem passagem esquecendo-se dos outros que também estão ali, que também precisam passar, que às vezes precisam sair correndo da faculdade pra ter tempo de tirar cópias do texto pra próxima aula ou pra pegar aquele ônibus que passa a cada meia hora, já atrasados pra outro compromisso. 
Não é só nas ruas, como também no espaço de trabalho, quando precisamos de um carimbo, uma assinatura, uma colaboração, e o dito cujo está vendo revista de cosméticos e conversando com os coleguinhas da gerência, está ocupado contando viagens para o litoral e não pode atender Seu Fulano que veio tratar de problemas sérios.
Talvez por isso eu esteja tão mais calada, tão mais desanimada, irritada, beirando a antissocialidade. Porque não consigo conceber a ideia de que estou vivendo numa constante Revolução dos Bichos.
WHAT THE FUCK? O_o

9.9.12

Viva


Pensei seriamente em não escrever, porque já não há mais graça nesse feito e isso destrói toda a ideia que construí mas... Mas é impossível digerir o fato de que palavras tão simples sejam ignoradas no dia-a-dia por bilhões de pessoas vestidas a caráter sem caráter nenhum.
O que quero dizer é que a essência se esvai ao deparar-se com cifras e elogios que elevam status social, padrões que se encaixam numa rotina de festinhas, comprinhas, churrascos e sorrisos postados, como se isso fosse uma real felicidade e um objetivo de vida.
É tão simples ser quem você é, e não o que querem que seja. Mas geralmente somos quem somos quando não temos autoridade nenhuma, e é nesse momento que qualquer tom seco e gutural de fala nos faz obedecer quase que automaticamente a uma insanidade que é o "você tem que fazer, usar, dizer, mostrar isso... daquilo você não precisa, é errado, aparenta tal tipo de gente, que é desprezada pelos demais" - inclusive desprezada por essa ordem autoritária que vive uma vida nude (por mais que seja meu tom favorito de cor, mas o fato é que dizem que não é cor nenhuma) e igual a tantas outras.
Meu gosto musical retrata essa desobediência pela ordem invisível de um padrão infeliz e comercial que teima em ser obedecida e aclamada.

Imagens: The Wall e The Truman Show

Meus ideais vão contra toda e qualquer ditadura seja ela direita, esquerda ou central. Não há ninguém que possa te dizer o que é bom, o que deve ser feito ou o que dá mais felicidade. Este sentimento é de ordem pessoal e intransferível, a vida é uma só e não pode apenas ser cópia das demais porque isto não é um jogo nem um rascunho ou a vida alheia, mas a sua, única, inegociável, improrrogável.
Por mais que broncas e ordens sejam bradadas e cuspidas na sua cara incansavelmente, seja forte, não se esqueça dos seus ideais e suas teimosias, e siga em frente. Muitos teimosos mudaram e melhoraram o mundo. Seja esperto, faça de certa forma o que querem mas não seja dominado, e se aproveite disso pra chegar mais perto do que você realmente quer. Use estes padrões para se despadronizar. "Não pode com eles? Junte-se a eles".


Isto é apenas um breve relato sobre assunto tão amplo, divulgado e ignorado pela maioria insistente, ou mais que isto: uma ação desesperada, um pedido de clemência, um por favor desajeitado e enlouquecido de minha pessoa para quem se interessar em se desprender desta caverna escura.

Citados: Nietzsche, Pink Floyd, Lynyrd Skynyrd, Platão, The Truman Show.

5.8.12

Dê a Luz

...a novas ideias, POR FAVOR!

Li com orgulho uma matéria sobre ação de algumas mães em protestos contra essa ideia de "desumanizar partos" ou algo assim.


Poderia ter parado por aí, mas louca que sou inventei de ler comentários. E que comentários (af)!
O que está em questão não é "vamos todas parir em casa", "médicos, pra quê?" ou sei lá o que pensam sobre a matéria - se é que leram -, e sim a liberdade de escolha, ou o desautomatizar um ato que é totalmente natural desde que o mundo é mundo.
Aos comentaristas:
Até existirem médicos e esterilizantes, remédios, morfinas, assepsia, hospitais, etc., por acaso todos os partos foram falhos e contaminados causadores de doenças e complicações? Como vocês acham que estamos aqui hoje? "Matusalém" nasceu em um hospital? Nero? Lutero? César? Cleópatra? Habitantes de Pompéia, Creta, Esparta, Mesoamérica?
A raça humana só existe graças a uma maternidade das cavernas que inutilizava partos humanizados?
Parir em casa não significa irresponsabilidade, contaminação, morte, doença.
Elas não querem essencialmente ter seus filhos em casa, querem que seus partos aconteçam de forma natural, sem o forçar cesarianas, induções de parto, cortes vaginais, etc. 
Não lembro onde li, mas cesariana dá mais risco à obesidade, alergias e etc, sem falar que o processo de colagem de pele recuperação seja muito mais lento e menos saudável para a mamãe.
Estão protestando contra a não participação de profissionais da medicina, seja lá onde for o bendito momento.
Não se escolhe hora/lugar pra nascer ou morrer. É algo natural e temos que ter liberdade pelo menos para isso.
Jogar tudo nas costas da tecnologia é fácil - já que tecnológico é ter tudo a seus pés, com o menor esforço possível, vide cenas futurísticas de Wall-E.
Hospitais também são contaminados, ou aquelas bactérias quase que imortais que aparecem vez em quando são intriga da oposição? Crianças contaminadas com AIDS em transfusões de sangue, onde que isso acontece? Em casa ou no hospital?
Compreendo que talvez seja um risco, que tem que ser bem planejado e pensado, afinal não sou mãe (ainda) e não conheço esse amor maravilhoso (ainda). Compreendo quem é contra, mas que seja contra direito, que exponha suas ideias, que respeite.
Aos super opostos aos protestos:
Esperam por passeatas contra corrupção, mensalão, violência? Acham essas manifestações hipócritas e desnecessárias? ÓTIMO, então levantem suas bundas dormentes da cadeira e saiam às ruas denunciando a política de nosso país e do mundo, busquem votar corretamente, seja em um deles, seja NULO, mas que seja corretamente porque eles fazem tudo isto porque nós, brasileiros, deixamos, permitimos, e não fazemos absolutamente nada pra corrigir essas merdas. Porque criticamos bolsas-qualquer-coisa sendo que elas ajudam muito famílias paupérrimas a sobreviver, mesmo que hajam os oportunistas. Porque reclamamos do governo atual mas sempre são os mesmos partidos a estar no poder. Porque nos acomodamos e somos uma vergonha para os estudantes que lutaram e morreram por democracia há mais de 30 anos, e que com certeza não era essa democracia.
Tá insatisfeito? ENTÃO SE SATISFAÇA. AJA. SEJA CIDADÃO e não mais um reclamão ranzinza preguiçoso impensante.
É contra essa marcha das mães que querem partos naturais e seguros? Beleza, meu filho, mas tenha consistência em seus argumentos e não seja só mais um mau humorado das redes sociais.

ao invés de foder com ele sentados covardemente atrás de uma tela e falando absurdos

Eu sei que também tô atrás de uma tela, mas é só escrever que eu sei (ou acho que sei), e faço por onde não condenar todo ato de manifestação contra ou a favor de algo que interessa a esses manifestantes. Se eu vejo algo que não me agrada posso ficar irada e grossa também, mas tento estudar antes e depois, lados A e B, Norte e Sul de cada assunto, pra não ser como quem eu tenho vergonha de ler.
Imagens: folha e tumblr


28.7.12

Summer '68

♥ "And I would like to know How do you feel?"
Poucas semanas antes de um fato muito importante que deu cor à minha vida  acontecer, eu descobri essa música na minha playlist enquanto cuidava dos pássaros.
Mas creio que não a descobri, e sim me lembrei dela. Não sei se já ouvi na rádio, se me mostraram quando eu era criança... Mas esse órgão e essa coisa orquestral apocalíptica e tão inglesa me eram como um pedaço esquecido mas que sempre esteve em mim.
É assim que eu sei quando uma música é minha favorita, quando parece que ela faz parte de mim desde sempre mesmo que eu tenha conhecido naquele dado momento.
Eu me apaixonei assim também, com essa certeza de que sempre fui íntima e desde criança brinquei junto e filosofei ouvindo fita k7.
Hoje é aniversário do Richard William Wright (exatamente um mês depois do Raul, isso é tão legal!), e nada tinha adoçado meu coração hoje como saber da importância da data.
Eu escolho essa música favorita pela sua beleza e força misturada à sutileza e doçura, quase irônica em relação à letra triste e romântica (lê-se romântico o movimento literário nascido no século XVIII). São todos os mais variados sentimentos saídos dos dedos e das cordas vocais deste querido artista que doa paz e sabedoria de seus olhos brincalhões e sorriso franco.
Cinco minutos e meio de uma perfeita música matam toda a tristeza de semanas porque me lembram de uma vida que estou construindo aos trancos e barrancos por assim dizer.
Me lembram o sol de Sábado, o gramado do parque, a maciez do cabelo e a sede engraçada, o cara de vermelho dando conselho, o ir ao parque de olhos fechados para os pontos cardeais e abertos para o acaso.
Se fosse pra escolher um dia, e uma música, seria Sábado e Summer '68.
Me lembram uma primeira mensagem, um ir e voltar das aulas pensando em coisas que nem me lembro se ainda compreendo, o céu de cada dia naquele inverno e naquela primavera passados.
Me lembram que ainda sou eu, mesmo que revestida nessas teias de desgostos, ainda sou eu quem está aqui dentro. Sentia saudades de mim e dos meus quereres, saberes, gostos e dissabores. 
Não sei se vou conseguir tirar essa capa de desgostos, mas estou segura dentro de mim até o momento de poder sair novamente. E ver o sol abraçando a lua, caras de vermelho e mulheres de laranja dando conselhos e chorando por um piano.
Os desgostos se vão com quebras de contrato, com decisões arriscadas, mas a lembrança de dias felizes sempre estará deliciosa como morangos frescos e vermelhinhos.
Obrigada Richard, por fazer eu me redescobrir!

"O" Sábado - dia Perfeito com tudo conspirando para a paz e o amor

"Um" sábado (hoje) - 69º aniversário de Richard William Wright



24.7.12

Black

Estou oscilando bastante em minhas conclusões sobre o que tem acontecido nos últimos 12 meses e essa música, assim tão de surpresa, me fez pensar por um lado que não imaginava existir.
Pearl Jam - banda que mal ouço mas tenho muito apreço - me lembrou o início de uma fase profissional que não consigo decidir se me foi/é/será importante para crescimento intelectual e moral.
Uma cena específica nunca saiu da minha memória, no momento fui quase fria, mas hoje lembrei docemente. Eram outras pessoas as protagonistas, com as quais não tinha tanta simpatia, mas que hoje chegam a dar saudade.
Não por elas em si, mas pelo jeito de como tudo era.
Não sei se as coisas vão voltar para seus eixos, mas estar fora deles não significa necessariamente que algo ruim esteja acontecendo. É um rumo perdido, apenas. Não consigo enxergar o que me espera, nem fazer planos, já que não sei se vou me satisfazer ou sofrer as consequências de modo ruim.
Me desespera o não planejar, o tatear o escuro.
Tenho medo do escuro literal, e pavor do metafórico. Já que este segundo não pode ser resolvido com um simples acender das luzes.
O que está em jogo não são só meu futuro e meus quereres, mas minha saúde mental e poder próprio sobre meu destino. Poder esse que, olhando pra trás, é quase certo que tinha, mas agora não sei mais.
Curiosamente a letra tem a ver com o que senti e pensei, letra essa que só vi agora no fim. Esse é o poder musical que mais me impressiona, a linguagem universal pelos som e timbre.


16.7.12

Metamorfose Ambulante

Resolvi que vou dar uma mudada, porque a vida precisa de movimento, e no movimento há mudança, um certo amadurecimento até.
Fiquei inspirada com umas páginas que andei visitando, com imagens bonitas, com músicas e criações que aconteceram em minha presença, sem falar no passar do tempo e os bons sentimentos que só crescem.
Viajei ontem sem rumo por intermédio do meu pai, por uns lugares bonitos com nomes indígenas. O frio gostoso desse inverno em que nasci desde o ano passado me é mais que especial, é quase que um amigo. Assim como as plantas que, quanto mais livres e espaçadas, de terreno mais extenso, parecem um poço profundo de sabedoria e segredos, com conversas silenciosas, inteligentes. Dão vontade de viver, aprender, estudar, mexer, criar.
E é isso que penso em fazer a partir desse semestre. Quero voltar a ler, a ver arte, a sentir arte, a ser arte. Quero fazer algo diferente e saudável, coisa que meus textos não estavam sendo.
Quero fazer como as folhas secas e marrons de outono que caem para dar vida a novas, verdes e resistentes.

17.6.12

Puppies on Acid

Depois que comecei a faculdade, que me aprofundei no prog, que conheci mais pessoas completas e mutáveis interiormente, depois que comecei a andar mais sozinha, observando o mundo... Depois disso eu pude avaliar muitas coisas, e as aulas que tive se tornaram ferramentas de observação, como um brincar de antropologia. Foi legal no início.
No início.
Comecei a trabalhar também, e encontrei pessoas maravilhosas, e outras, das quais nós, muito infelizmente, dependemos, que são da pior espécie e da maior nojeira e putridez. Não são o pior do pior, porque não chacinaram ou foram criadores de hecatombes. Mas sabem como escravizar. Não vou falar dessa parte, mas ela foi fundamental para o aprimoramento da minha visão atual de mundo, que oscila entre o "muito bem obrigada" e o er... "muito mal blergh! estou vomitando".
Estou muito mais apurada em questão de observação de seres humanos. Como é só um observar, sem contato de ideias e pensamentos, tudo isso ainda é muito errôneo e talvez eu esteja muito equivocada no que vejo mas, bem, todo mundo assim está. 

O problema é que, por motivos culturais, de criação, de alienação ou imposição as pessoas se importam muito com certos padrões religiosos e tradicionais e dão importância a certos papeis timbrados chamados por nós de moeda que não importa aquele que está no meio. Aquele (pessoa) vira aquilo (objeto). E aquilo (objeto) vira aquele (pessoa) - venerado.
Quando penso em minha vida daqui pra frente imagino muita coisa bonitinha, correta, boa, que não interfere em ninguém, mas que é interferida por todos. E eu me preocupo em encontrar uma maneira de me esquivar dessas ervas daninhas - se assim posso chamar. Só que isso modifica meus quereres e fazeres. 
Não é diferente da vida online. Eu tenho minhas páginas principalmente para me expressar e conhecer novos conceitos de arte e de estudo, diversão também, por que não? O fato é que, nesse meio tempo, existem certas ações que não se encaixam nem com arte nem com educação ou diversão, mas em concessão. E, ao conceder certas coisas, que ficam por muito tempo estáticas lá num canto escondidas na poeira e no escuro, algum indivíduo com tempo muito ocioso e mente-oficina-do-Diabo mesmo em ação, não só em ócio, consegue acender a luz e afastar a poeira dessas concessões e corre para analisar ignorantemente, tendo em vista somente a vontade de exterminar a coceira da língua e liga para o primeiro ente querido para contar as novas que não são boas nem ruins, aliás desnecessárias, mas que são combustível para a intolerância e tradicionalismo corrosivo que chamamos de preconceito e mentalidade podre.
Esse ácido é cuspido de bocas que convivem em cabeças ocas e caretas na cara dos bons samaritanos que nem perto estão, nem necessitariam desses jatos, mas a vida é muito f!@#$ d% p¨&* e as pessoas ácidas mais ainda (não estão inclusos Syd Barrett ou qualquer adepto a alucinógenos), por interferirem no que não precisa ser mexido, no que estava bom como estava, oras, pra que mudar?
O que eu vejo, enfim, em muita gente, é uma carga muito forte de solidão aliviada por ações malfazejas, pensamentos pobres e cansados, preguiçosos e trancafiados em cavernas escuras, úmidas, mofadas e acorrentados nisso que nós tentamos e talvez tenhamos conseguido fugir. 
Não sinto pena porque meu espírito não é nobre, sinto é nojo e raiva por estes seres não perceberem que a entrada está ali, na frente, e as correntes estão corroídas por ferrugem. É só fazer um esforço que se tornam livres. Mas gostam de fazer e falar o que não convém, o que não interessa, o que só serve de maldade.
Essa gente apodrecida infelizmente faz parte do meu círculo social (e não é do Google+, é offline), faz parte do meu local de trabalho, faz parte do meu local de estudo - em pequena escala, e faz parte de QUASE TODA A MINHA FAMÍLIA.
Gostaria de agradecer a esses coitados (que tenham contato com a luz mas que, antes disso, ela corroa seus olhos fracos e suas mentes fracas) por me causarem danos e preocupações, porque mesmo que eu esteja muito, mas muito PUTA DA VIDA, eu estou exercitando minha mente tentando entender e/ou me esquivar, jogando minhas frustrações no escrever, ou em qualquer forma de arte, me entupindo de gente maneira que eu chamo de amigos e namorado, e posso dizer que tenho muita sorte de não me deixar "mofar" ou "apodrecer", porque não sou deplorável e sei que o podre não dura. Porque eu quero durar. Eu quero fazer. Fazer bem, e o bem. Quero ficar quieta no meu canto e quero mirar nessas maçãs podres e soltar flechadas de "adeus".

Música: Puppies on Acid - Dream Theater

10.6.12

Vai minha tristeza

Paro de escrever porque não agrado quando escrevo. E não agradando acho minhas palavras desagradáveis. Então, fico sem escrever, querendo escrever, com medo de escrever até que não tenho mais o que escrever.
Não consigo, após isso, escrever mais nada que me agrade como que prevendo que não vai agradar a mais ninguém, e assim passo a odiar tudo isso, mas com uma vontade incontrolável de continuar.
Não sei falar em público, não sei cantar, tocar, compôr. Só sei escrever. E me privo justo daquilo que me familiarizo porque me sinto sozinha nesse mundo de pensamentos, onde raras almas agonizantes me vêm dar apoio vez em quando.
Sou revolucionária solitária, minhas ideias  são quase que a fantasia de um sonho por não serem compartilhadas por mais ninguém. E eu não me sinto errada, falha, inviável. Confio nas minhas escolhas, nos meus ideais. Inválidos para quem exponho. Ou são todos uns não-manifestantes de agrado. Não sei mais. Estou cansada. Mas mesmo cansada ainda sou teimosa.
E começo a me ferir tomando parte dos problemas da sociedade e do homem como se fossem de minha responsabilidade (e são, sou cidadã, sou povo, sou parte desse grupo que me dá as costas), meu sangue ferve e meu rosto enrubesce de fúria e sede de conserto. Sou grossa. Sou impaciente. Grito mesmo em silêncio. Tanto que minha garganta seca mesmo quando apenas uso os dedos. Meus ombros tensionam como se eu tivesse dormido de mau jeito ou carregado peso. Estão tensos agora.
Creio que esperei por milênios para cuspir essas palavras estranhas que vão continuar soltas num limbo infinito. Mas pelo menos a boca dos meus pensamentos está vazia agora e pode falar mais claramente, ou se entupir de mais palavras confusas e sem graça e mudas e descartáveis.

Ah, porque estou tão sozinho
Ah, porque tudo é tão triste

Músicas do post: Tom Jobim - Garota de Ipanema e Chega de Saudade

18.5.12

Pare o mundo que eu quero descer!

O homem inventou a escrita e não sabe escrever. Criou regras gramaticais, sentenças, modelos, padrões, mas parece que é só pra encheção de saco, porque eu entro em sites de jornais (entre outros ditos "importantes") e vejo erros gravíssimos que nem alunos do Ensino Fundamental I cometeriam.
Me dá agonia um texto mal formatado, ou cheio de frufru. Daí eu chego nos sites dos maiores jornais do país e tá tudo errado. Carregado de ironias e sarcasmos, com críticas infantis e que dão úlcera. "Engraçado, fulano disse isso e aquilo, mas fez outra coisa assim e assim. Não seria ele um sei-lá-o-que?" - eu leio coisas assim já com as vozes do Arnaldo Jabor ou do José Nêumanne Pinto, e isso é tão desagradável! Parece que uns copiam aos outros pensando tanto em impôr suas ideias que eu acabo vendo ideia nenhuma, e só um barraco diplomático.
Será possível que ainda tem alguém nesse mundo que informe de maneira clara, desprezando essa chatice? Que critique com educação e por motivos sérios? Será que é esse o método de desinformar a população? Será que eu sou tão chata assim a ponto de ficar empanzinada com o que leio? É um modo de deseducar e subordinar o povo? Um subir no status social por rebaixar o outro falando nada com nada?
Somos todos analfabetos. Eles que se matam falando merda engravatada um do outro e eu por achar tudo isso um saco.
Sabe uma pessoa que escreve bem? http://vitorando.blogspot.com/ Sabe uma pessoa que cansou de ler e escrever? EU.


*Facepalm* raulseixista

1.4.12

O que eu quero de mim?

Me encontro em total desencontro (creio que esta frase já seja de alguém). Bem assim mesmo, dessintonizada de mim, correndo atrás do que o mundo me exige. Correndo tão descompassada que só tropeço em certos pontos, e em outros me pergunto se não já caí. Não me vejo me erguendo ou me reerguendo. Creio que neste ponto já desfaleci, já tive hemorragia na memória e coma nos sentimentos.
O mundo me parece cinza e velho, quebrado e empoeirado, com teias tão espessas que não sei se podem ser arrancadas da beleza que já foi.
Passo horas presa dentro de caixas, caixas de diversos tamanhos com diversos bilhetes de obrigações. Até me comunicar, me expressar, é uma obrigação nesses momentos, e o que mais quero é quebrar estas paredes frias e duras. Quando as abandono, me sinto perdida nos afazeres e acabo fazendo coisa nenhuma, me lamentando em cada tempo, seja passado, presente ou futuro. Me lamentando por perder tanto tempo, do tempo que justamente me esforço e imploro e me humilho para ter.
Nada mais é tão doce, nada é mais doce do que aquelas lembranças antigas e irrecuperáveis, impossíveis de continuar. Nada é mais tão colorido e significativo, tão matutino e com sabor de café com leite e ar puro.
Tento me encontrar nas artes, assim, de maneira autodidata. Mesmo assim é tão mínimo o meu esforço, ou o meu resultado! Meus textos, me dão desgosto. Meus desenhos têm prazo de validade para exibição. Não sei tocar, e mesmo que tente, tento tão pouco que sinto pena de mim. Não canto, porque desconheço minha voz. A uso para brincadeiras apenas. Queria viver de artesanatos. Mas nunca finalizo nenhum. Ou por falta do precioso tempo, ou por puro desinteresse.
Vivo então consumida pelos prazos, pelos medos, pelas pendências. Correndo em busca de um fim de ciclo. Mas se este for o último, ou pior, o único ciclo?
Me cubro de promessas a mim mesma, que sei que provavelmente não vou cumprir.
Essas certezas do nada feito ferem. Ferem tanto que tentar fazer para curar apenas abre mais a ferida.
Espero não ser consumida pelo caos. Porque ele já abriu as portas para mim e creio que já pus o pé na soleira.

22.3.12

O Príncipe, a Rosa, o Astro

Você morava numa estrela. Bem no meio do céu. Era lá o verdadeiro Éden, você sabe.
Tinha tudo, e tudo o que te rodeava era bom. Bom de verdade, pacífico, doce, bonito, assim como o Sol preenchendo uma casa clara todas as manhãs. Um Sol por entre as brechas da copa da árvore daquela esquina, visto de baixo. Assim como a maciez de uma lembrança dourada da infância ou do melhor momento de sua vida.
"O essencial é invisível aos olhos" - será que esta frase, mais do que com o significado de os pequenos gestos e os queridos e bons sentimentos são o que valem, será que ela também se aplica ao que está longe, ao que foi-lhe usurpado de uma hora pra outra? Será, Pequeno Príncipe, que você, sua rosa e seu astro se encontrarão, ao mesmo tempo, um dia?
Você diz que não vai voltar, e isto arranca-me suspiros dolorosos.
Sou uma rosa sem raiz. E quando olho para sua estrela e para seus contos sobre ela, sinto que o que é meu também está lá. Porque foi assim que imaginei que fosse meu astro-casa. Meu coração fica quentinho só de brincar de ver suas memórias como se também fossem minhas, mas ele ferve por lembrar que você se exilou (e, consequentemente, eu também).
Como vou me fixar e dar vida a novas rosas companheiras sem minha raiz? Aquela que nunca tive e deve estar perdida na sua casa? Se você mesmo diz que não tem mais volta...
Acredite, eu consigo imaginar a sua dor. Consigo compartilhar da sua saudade.
Como posso sentir saudade por algo que não conheci? Não sei. Nem o revolucionário sabia. Mas eu consigo. Eu sinto. Eu sei sentir. E isso me faz murchar.


8.3.12

A Doença do Nada

Voltei a antigos estilos pra não só relembrar como pra tentar recuperar os bons tempos que vivenciei.
Porque depois deles o que experienciei pode-se comparar com O Nada do livro A História Sem Fim do escritor alemão Michael Ende (quem leu deve se lembrar da ênfase que o autor dá ao explicar o que é aquele grande e infinito escuro que destrói tudo o que está em volta e se alimenta disso, apagando qualquer coisa que existe).
Espero realmente que, como magia, esta organização do meu blog seja como um amuleto de bom presságio para minha vida aqui fora, porque pelo amor de Deus, eu não sei se aguento.
Fiz essa nova página pra tentar esconder o desastre que se deu no meu velho mundo, mas acho que aqui também estou infectada. E pior, este vírus veio mui mais forte.
Preciso suprir meu estoque de esperança, porque ele está no vermelho.

21.2.12

That's the Way


Passo tardes confusas sem ter o que ouvir, já não quero meus favoritos habituais, mas também não estou pronta pra conhecer novos, então fico a ver navios, querendo ouvir algo que não sei o quê.
Com muito custo lembro-me de Led Zeppelin, que por incrível que pareça meu descaso, é uma das minhas bandas favoritas, uma das poucas que consigo decorar títulos de músicas. Uma que me traz infindáveis lembranças.
Se há uma banda favorita escondida te esperando nas horas mais insuportavelmente silenciosas de sua vida, é bem possível que assim aconteça também com chances e alternativas.
O que quero dizer é que olhamos e tornamos a olhar para o lado mais gritante das opções, e com muito custo enxergamos algo que realmente se encaixe perfeitamente com a situação.
Tenho esperança de que obtenha eu a ajuda necessária para enxergar além do que já vejo, e espero ajudar também, a ver nas entrelinhas e a encontrar o Led Zeppelin das soluções escondido lá atrás dos Pink Floyds e Pain of Salvations. Se é que assim me entende.
Sempre há um Led nos esperando, seja qual for a situação. Ou assim espero que aconteça.

11.2.12

Wish You Were Here




As coisas mudam. Mutam. Acontecimentos irônicos e sádicos acontecem por todo o tempo. Percebemos que aquilo que acreditávamos e defendíamos com todas as forças que tínhamos pode ser algo falho. Ou algo não investido por outras pessoas. Pessoas que amamos, e que nos amam. Mas que estão em total assincronia com nossos ideais. E essas pessoas que amamos são tão queridas que por elas fazemos o que não queremos, o que não nos é de bom grado, o que nos machuca, o que dói. E deixamos assim em segredo para que não descubram nosso sofrimento, pois nosso sofrimento pode transformar-se em seu sofrimento. Ou porque apenas não acreditamos que seja possível uma concordância de possíveis soluções.
Silêncio.
Para eles está tudo certo, tudo ok. Tudo indolor.
Para nós, está tudo errado. Tudo horrível e cortante.
Lembramos do passado, bonito, com cor de sol matutino entrando pela janela, com cheiro de água da chuva, de planta, com gosto de guloseimas da infância, com som psicodélico, com sensação de nuvem por entre os espaços.
Sorrisos, festas, sons, luzes, brincadeiras, cansaço, descanso, fugas, abraços, ensaios, improvisos.
Sinto tudo isso que não conheci apenas pelo som da voz. Pelas descrições. Pelo que vivia aqui. Do outro lado da linha.
E sinto saudade, também.
Muita saudade.
Curiosidade.
Dor.
Por nunca ter vivenciado.
Por talvez nunca conhecer, nunca cheirar, ouvir, sentir, ver, tocar.
Esses sabores. Sabores perdidos no passado.
Sabores perdidos porque assim se quis. Assim todos quiseram. Menos você.
Mas a perda dá possibilidade, muitas vezes, de se encontrar. De se recuperar. De se aproveitar na volta, depois de muita saudade.
Ainda temos tempo de voltar. Não no tempo. Mas no espaço. Nas sensações.
Nem todo exílio é eterno.
Ninguém pode determinar o que é melhor para nós, além de nós mesmos. A dor não é eterna. Quem nos ama nos ama pelo que somos, mesmo que tentem nos moldar. Tentam por medo do exterior, de o que somos nos maltratar.
Se eles têm medo de que nos maltratem, deverão entender que o que somos e o que queremos ser é justamente o que nos liberta e protege de danos, e que sendo do jeitinho que queremos, fazendo aquilo que gostamos estaremos felizes, então também ficarão.
Não é possível que não concordem com nosso jeito de ser, já que o que eles e nós queremos é justamente o nosso bem. O que queremos e o que querem, é nos livrar da dor.
E a dor é não ser.
Então seja, mesmo que doa pra alguém no início. Vai ser só no início, até acostumarem a ver seu sorriso sincero.  Até verem que tudo dá certo e que você não chora de noite. Até verem que você cresceu e tem o direito de ser você, e autonomia suficiente para escolher seu caminho. O importante é que não doa em você, porque se dói em você, dói pra sempre.


30.1.12

O Castigo de Eresictão


"Durante a noite inteira o ímpio Eresictão saciou-se de si mesmo, sob a luz dos relâmpagos, até que na manhã seguinte nada mais restava dele sobre a face da Terra."

24.1.12

The Unforgiven


Há muito tempo venho atribuindo essa música a terceiros, mas acabo de perceber que ela é tão somente minha que a rejeitava, me enganando, me escondendo de mim.
Pessoas vão e vêm, mas quem está aqui sou eu. O velho cheio de arrependimentos, o menino que aprendeu as regras deles na verdade sou eu.
Eu sou o velho imperdoável.
Nunca ser, nunca ver. Nunca livre, nunca eu mesmo. Esta é a Helen, e ninguém mais. Nenhum bruto adolescente abandonado pelo pai, nenhum doce jovem cercado de todos os cuidados. E sim uma humana criada no meio de tantos avisos e precauções, tão cheia de medos e não-me-toques, que se esconde da vida e continuará se escondendo até ser tarde demais. Que não chega perto nem de si mesma. Porque seu eu interior é um estranho, como aqueles que papai dizia que eram palhaços que a queriam roubar e vender por aí.
Não sei se é ruim, se dói. Ainda me é um mistério, até sabe-se-lá quando.


Metallica - The Unforgiven (Official Videoclip) from Giancarlo Gamero on Vimeo.

8.1.12

O Trem das 7


Existem pessoas sem casa, com tanto lugar pra morar.
Existem pessoas com casa, sem ter onde morar.
A vida é, foi e será uma grande ironia, uma grande sádica e dolorosa experiência.
Espero que a profecia mesoamericana sobre este ano seja de grande mudança na vida de cada um, espero que algo mude por aqui, e se for pra pior, que todo mundo endoideça de vez e crie coragem pra qualquer coisa, pois o trem está chegando. Tá chegando na estação. É o trem das sete horas, é o último do sertão.

5.1.12

Ei você!

Será que tem? Se fora é onde estou, tem sim. E sempre haverá "eu" do outro lado desse longo muro.
Mesmo que eu pareça distante, o que não sinto muito bem que estou. Talvez esteja já que não me sinto, ou mesmo porque aquele tijolo que foi dezembro (e parece ter sido o maior de todos) caiu bem em cima do meu estômago e me fez derramar lágrimas de sangue até conseguir me recompôr. 
Mas se eu preciso me lembrar dessa dor aguda todos os dias fazendo perguntas e ouvindo respostas sobre coisas que me lembram o tijolão, só pra me fazer mais presente, ok, o farei. Se não fiz ou deixei de fazer por hábito, foi por medo de ele cair outra vez, e trazer junto os vizinhos que não sei quantificar.
O ruim de se fazer só agora, é que vai parecer obediência e obrigação, quando eu já não o fazia porque esperava o livre arbítrio que espero que todos tenhamos, já que busco a vida toda por um pouquinho de liberdade.
Estou encostada no muro, pra poder ouvir melhor. Mas não devo estar falando alto o suficiente, assim parece que sou apenas o vento soprando do outro lado. Ou aquela bola de feno no deserto.
Em verdade, sonho muito com o deserto, com construções e viagens. Talvez porque seja eu quem tenha que começar algo novo, em outro lugar, mais perto. Deste lado aí.
Queria apenas quebrar dezembro em pedacinhos para ele não se fundir com os meses-tijolos circunvizinhos e transformar-se em uma parede sólida e infinitamente mais pesada porque, como disse, estou encostada no muro. Se ele cai, cai em cima de mim também.
Talvez eu deva picar tijolo por tijolo e me pendurar nos ferros, e balançá-los pra cair tudo duma vez. Como no Muro de Berlim.


2.1.12

Em pedacinhos

One of these days
I'm going to cut you into little pieces.


Imagine uma linda e comprida pena branca, leve como o ar e carinhosa como os dedos do seu bem.
Linda, não é mesmo?
Imagine agora ela percorrendo por suas veias e órgãos levemente, quase imperceptível, mas ainda assim causando-lhe brandos arrepios.
Imaginou? E agora o grande final: imagine que você esteja amarrado(a), mas bem preso mesmo, imobilizado. Imagine esse pequeno arrepio lhe crescendo e agoniando eternamente como se nada fosse tudo, e um pouco fosse exageradamente mais que demais.
Bem assim.
Não queria escrever agonias e revoltas por aqui, porque queria me limpar de coisas estressantes. Mas como me limpar se não tem sujeira às mostras, não é? Então pronto.
Ouvi one of these days e me senti grata, me senti gritando. Não gritei. Nem gritaria se fosse a única pessoa do planeta. Porque sei que mesmo sozinha no universo, ainda assim não estaria.
Vou deixar vídeo com o belo baixo e voz desta tão magnífica canção do P.F., e imagem do K.C. que gritam por mim. Isso pode ajudar...