Houve, nessa semana, a
V Semana de Filosofia, já havia visto em avisos nos quadros da faculdade e pensei "poxa, deve ser no segundo módulo, então vai ter aula" ou "hmm, não tem aula, então estudo pra prova de amanhã". Não, a palestra também era pra mim, e isso foi realmente maravilhoso.

O DISCURSO CIENTÍFICO PODE SER CONSIDERADO IDEOLOGICAMENTE NEUTRO?
*Ciência e política: um debate a respeito da relação entre ideologia e discurso científico
*A linguagem como produtora de sentido e a exigência de probidade intelectual - uma reflexão sobre o discurso científico a partir de Friedrich Nietzsche
Foto: professores Jean (meu professor fã de Pink Floyd) e Manoel Carlos (sim! o cabelo dele é azul!)
Foi muito bom na segunda-feira, gostaria de ter ido na quarta, mas confesso que estava cansada e receosa já que da minha sala só eu me interessei em ir das outras vezes
é sempre assim (e não sabia se era ainda a dita sala porque as portas estavam fechadas e eu sou meio na nóia com errar de sala), e hoje foi excelente.
Mas eu não vim falar especialmente da palestra e tudo mais, discutir o que já foi discutido ou narrar os fatos etc e tal.
É mais pra acrescentar na linha do tempo pessoal as modificações e aperfeiçoamento de pensamentos, ideias, (pré)conceitos que andam acontecendo. É uma progressão e ao mesmo tempo uma regressão, já que, de outras maneiras, já vivi esse tempo, e é como se vivesse uma vez por ano, no semestre que chamo de "frio" (de junho pra cá). Tem algo além do que se pode chamar de racional ou emotivo, mas está intimamente ligado a isso, creio eu. É um modo de ver as coisas meio progressivo, assim como as músicas mesmo, principalmente as intermináveis e instrumentais. A falta de letras musicais estende os significados e as possibilidades, engendra caminhos complexos e diversos, alternativos ou não.
Minha mente também se dá bem com o silêncio, já que na minha perspectiva ele é infinito: sem vocabulário, sem signos representativos e seus derivados, mas ainda assim um elemento comunicativo constante - a frase
"O silêncio diz tudo" é uma verdade, mas uma verdade dita nas piores ocasiões, que não interpretada pura e literalmente.
E silêncio e música, com sorte, eu consigo na volta das aulas, observando o pedaço de mundo pelo qual eu passo e variando entre amor e ódio para com o humano e suas humanidades (desse meu silêncio carregado de observação, ontem fui relacionada a Bukowski por um colega no sentido de:
"Não, eu não odeio as pessoas. Só prefiro quando elas não estão por perto."¹).
Nessas divagações e coletâneas de livros
"Pague o quanto acha que vale" (que valem menos que os 50 tons e raramente são vistos nas mãos de um indivíduo, quem quer que seja), manuais disso e daquilo, palestras pingadas e comentários alheios, além da companheira - não sei se tão querida assim - internet, com suas poucas coisas boas que a gente pena pra achar, analisei a mim mesma e continuo nesse processo, cada dia mais fiel e esperançosa com os rumos que ando tomando.
Sofri nesse ano eletivo chato, não que eu ache política algo chato, mas vicia e eu estava muito, mas muito arrogante nessa época, defensora de
não-sei-o-quês totalmente sem sentido atualmente (como um mês muda as pessoas), além de estresse do ex-trabalho, decepções acadêmicas, e
blá-blá-bla minhas reclamações diárias.
Perceber o mundo de tantos pontos de vista talvez desconexos entre si, caladinha no meu canto, ousaria dizer numa antropologia pessoal, foi a melhor coisa que me aconteceu desde o segundo semestre do ano passado. Naquele momento eu estava igual agora, só que não. Hã? Minha sensibilidade que eu caracterizaria com cores frias (verde e azul, precisamente), mas que nada tem a ver com frieza, era a mesma que a de agora. É a parte boa de mim. A parte lúcida. E por que verde e azul? Primeiramente, tenho uma maneira
sinestésica de associar coisas. Cores a formas, músicas, sensações, pensamentos, situações. Acho que de junho a dezembro temos meses frios pelo simples fato de ser "fim" de ano, então estamos mais relaxados, conformados, passando por um inverno e cores vibrantes e límpidas do céu e das plantas por conta também da primavera. Essa forma que eu tenho de ver as coisas no segundo semestre deve ter a ver com a forma que as estações do ano afetam o planeta, talvez. Também com o relaxamento meio
Let it Be que toma as pessoas, quem sabe por cansarem de tentar esse ano e deixarem para o próximo, e para o próximo... Porque início do ano (a parte quente, verão, outono abafado, vermelho, laranja, marrom) é só alegria, promessa, DIY, projeto, correria, exaltação, raiva. Curiosamente no início do ano passado e no desse, não fiz nada de produtivo e literalmente dormi a maior parte do tempo, não ousei questionar, buscar, observar, e apenas me mantive como ovelha. Não sei se faz sentido mas é assim que o mundo é pra minha cabeça, e devo ter pensado isso hoje entre o
"Só os idiotas têm certeza" (sábias palavras do professor Girafales, filosóficas, diria, já que se essa afirmação seria uma certeza, logo, ao mesmo tempo seria idiotice *?*) e
C=2π.r nas aulas da 6ª série (colei a formulinha do namorado hoho).
Se eu me perdi agora (o que de fato aconteceu), capaz que todos estejamos perdidos, mas a essência desses bocados e reminiscências é: calmaria de pensamentos, muita observação, leitura pingada, perspectivas, que pretendo levar ao lado quente do ano também. Não que isso de fato interesse, se bem que vou aprofundar cada tema separadamente e colocar o restante em prática...
Ando mais socrática, questionando mais que tentando responder, preferindo e me satisfazendo em interrogar em lugar de dar um basta, um ponto final. O definitivo me chateia, o finito me amedronta, já o
infinito não, me traz paz, calma, segurança.
Quase no fim da palestra foi dito algo mais ou menos assim: "Quando tudo se tornar impossível, ainda assim haverá uma possibilidade, a possibilidade do impossível".
Não sei a frase certa ou de quem é, porque vou escrevendo ao mesmo tempo que ouço e a mão não acompanha (quem souber me diga), mas o princípio é esse, e é aqui que paro por ora.
1. Disponível em [
http://pensador.uol.com.br/frase/NTk5NTk4/]
carece de fonte específica e/ou confiável.
* Professores palestrantes: Emerson Ferreira da Rocha (Mestre em Filosofia - USTJ); Márcia Rezende de Oliveira (Mestre e Doutoranda em Filosofia - USP); Moderadores - Manoel Carlos da Silva e Jean Rodrigues Siqueira