31.12.11

Too Old To Rock 'n' Roll: Too Young To Die

No dia do meu aniversário, no blog antigo, eu escrevi algo com este mesmo título (link). Algo totalmente diferente, mas realmente acreditava naquilo. Ainda acredito aliás. Mas nisso aqui também.
Porque eu não sabia, eu não sabia que mesmo que a vontade fosse totalmente contrária, quando se é vendido, o homem está apenas sendo mercadoria, e não um traidor, fraco e desistente de seus ideais. Eu pensava com revolta. Com raiva de quem não aguenta, de quem não tenta, de quem não prefere se acabar sendo quem é, em lugar de jogar na megasena e ganhar tudo o que todo o resto do mundo sempre quis.
É realmente doloroso ver a decadência de um dos únicos sobreviventes dos bons e velhos tempos. É doloroso ainda acreditar, mesmo que tudo prove o contrário, que ele ainda tem chances de voltar com os longos cabelos, barba, e viagens. Eu não desisto ainda de algo que parece, e deve ser realmente irreversível.
Eu acredito no espírito. Na alma.
Tenho pena dos que encontro na posição de anônimo, que é apenas quem é dentro da cabeça e do coração, de um quarto escuro às 3 da manhã. Mas tenho orgulho de ainda encontrarem tempo para serem quem são.
Não é só cabelo, barba, Harley Davidson, tatuagem, cigarro e roupas fora de moda que lhe fazem ser quem você é. Você é o que está dentro do coração e da mente, a parte de fora serve apenas como proteção, como casca, que se modifica assim como um casulo transforma lagarta em borboleta. Essa casca só evidencia ou esconde quem você é. Mas você ainda é.
Mesmo que faça faculdades chatas.
Mesmo que tenha um emprego de merda que é totalmente contra o que você acredita. - Isso só reforça sua crença.
Sim, está uma merda tudo isso, mas o rock and roll ainda vive. Sobreviveu por tantas décadas, modificou-se extremamente, mas ainda assim não apagou o progressivo, o blues, o heavy metal ou o punk. Eles ainda vivem. Não estão em seu auge e nem em 100% das paradas, como você não está com 100% do seu tempo livre para fazer algo experimental. Mesmo assim ainda vivem. Porque existe gente que perto ou longe se importa em reviver tudo isso. Porque sempre tem um velho roqueiro sozinho no fundo de um bar esperando ouvir seu bom e velho Jethro Tull, e não se importa de se sentir solitário, já que sozinho mesmo estaria com os amigos novos-caretas.
Sempre sobra alguém que é contra o que todos são a favor. Sempre sobra alguém pra acreditar no inacreditável.
Eu sou alguém assim. Não interessa o que faz como ou por quê. Interessa quem você é, não como se veste ou se porta. Você ainda é você.
Evite vender sua alma, já que seu corpo está sendo negociado.
Guarde-se. Utilize-se. Sobreviva.

26.12.11

Cálice


Eu gostaria de saber se os caminhos que podemos escolher são realmente infinitos.
Gostaria de saber se os poetas já vivenciaram o que compõem, ou se apenas observam e compadecem-se da dor do injustiçado. Porque dependendo das respostas, eu posso saber se ando, se espero, se vale a pena andar.
Se os poetas realmente sentem tudo isso que expõem para nós, apreciadores, o que lhes faz continuar vivendo e continuar lutando?
Acho que a resposta é a mesma para a minha crença política. Sei que nada vai mudar, que não vou guerrilhar nem mudar milhões de mentes mas, mas eu continuo acreditando, mesmo que como apenas utopia.
Acho que a resposta para a perseverança dos poetas, é a arte da qual se aproveitam.
A arte é a vida, a esperança, a fé. Se usássemos toda a nossa dor e indignação com desenhos, textos, melodias, poesia, artesanatos... Talvez, no momento da criação, houvesse uma luz... Uma luz colorida e extremamente brilhante, de um azul-lilás com leve toque de rosa-alaranjado do pôr-do-sol.
A arte é a solução. Pensar é arte. Sempre há tempo pra arte. É só não ter preguiça com a arte, nem má vontade com a arte. É só não achar que a arte requer tempo. Se o tempo é pouco, aceleremos sua construção. Se precisamos fabricá-la manualmente, procuremos material no ambiente em que nos encontramos no momento. Qualquer coisa. Se é escrito, cadernetas com palavras-chave ajudam. Bloco de notas. Gravadores para sons. Material que não deveria ir para o lixo - como papel, papelão, tampa de caneta, clips, copo de plástico - serve para infinidades de tramoias. Vamos construir a arte, e desconstruir a dor. Vamos desmanchar o ponto errado deste novelo para refazer a coisa do jeito certo, do jeito firme.
A arte sobrepõe a indústria, o comércio, a política, a economia, os esportes, os moralismos. A arte é a mãe para todo órfão perdido pelos centros tomados pela ditadura consumista e consumida.
Afasta de ti este cálice. Não cálice. Grite, grite em códigos pelo menos, mas o faça! A arte é o caderno mágico do artista, indecifrável para o carneiro que segue os porcos e cães. Viva arte. Respire arte. Pense arte. Ame a arte.
Sempre existem os dois lados. Ou mais de dois, porque vivemos num lugar rico em possibilidades. Vivemos cercados de opções, cenas, ações precedendo reações. E se há escassez, há também a invenção.
Porque vivemos.
Ainda. 

24.12.11

E o momento se foi


As pessoas dizem que quem vive de passado é museu. Mas tudo o que é vivo, vive no passado. Tudo o que acontece, fica no passado. Não fosse assim, o tempo não existiria e tudo seria o mesmo, e mais do mesmo, estático, parado. Mas o passado não existe. O passado passou, e tudo o que era sólido virou lembrança. Lembrança é abstrata, fosca, difusa. Lembrança falha, e pode ser confundida com imaginação.
As pessoas acham que vivem do futuro, pensam no futuro, se agarram nele como se fosse o único cipó firme o bastante para lhes salvar da areia movediça, mas é justamente ele, o futuro, que lhes afunda. Porque o futuro não existe, o futuro nunca chega.
Tem gente que acha que vive no presente, porque passado e futuro não existem. Mas o presente não existe, o presente se torna passado, e o próximo presente está no futuro. Está no meio de duas inexistências. Ele é rápido, mas tão rápido que nunca existiu. O presente não passa de expectativa transformada em memória. Você não consegue acompanhá-lo, é como querer ultrapassar a própria sombra.
Este tempo não existe.
O tempo é marcado pela pele, pelo tronco, pelas folhas verdes macias e resistentes, que se tornam marrons, secas e barulhentas.
O tempo é a velocidade do vento, a cor da água, o sabor da fruta, o cheiro da decomposição.
O tempo está nas coisas, o tempo não se move, ele transforma o ambiente.
Passado, presente, futuro, estes não existem, eles estão apenas no calendário. São apenas acentuações na língua da natureza que não modificam sua leitura.
Somos poeira no vento, somos a areia da ampulheta quebrada no meio do deserto.

19.12.11

'Cause I remember

Não dá pra resolver que o choro vai parar, o medo vai morrer e o sorriso vai florescer daqui há exatos dois minutos. Por mais que você queira, implore, e se force a isso, só consegue o contrário.
Mas quando você se solta, ah, meu amigo... Que delícia! Uma anedotazinha da colega do trabalho e o pote de sorvete que ela vai buscar na festa do andar de cima pra você porque sabe que você não é festivo(a) te fazem sorrir tímidamente.
Sair do trabalho ainda de dia e sentir o calor do sol te lembra os tempos de pré-adolescência quando você saía de aula vaga às 16h da tarde. Você não sorri, mas se sente bem, se assusta até, por uma época tão estranha da sua vida ainda te lembrar momentos bons.
Vai dormir lamentando as horas que ainda tem de dia pra aproveitar, mas não dá pra ficar acordado(a) depois de passar mal à noite e perder o sono com preocupações, porém se lembra da sua gata ronronando assustadoramente alto pedindo um cantinho na cama e indo dormir com você como nos bons e velhos tempos de infância felina.
Sonha, sonha com seu bem e com coisas do trabalho, mas de uma maneira divertida, e sonha que corre como criança em pega-pega depois de provocar o seu amor por dizer (sem querer, mesmo) que o seu time tem mais títulos. Sonha até com a felicidade do primo que começa a assobiar do nada.
Acorda e ainda tem Sol. EBA!
Sobe as escadas pra ver o céu de um ângulo mais expansivo e:

Ainda consegue ver o finzinho do pôr do Sol, consegue se lembrar do inverno, pra onde olhava quando falava tal assunto em agosto, setembro...
Sorri e dá as gargalhadas mais deliciosas ouvindo a música que te pergunta se você lembra daquele tempo gostoso quando estava tudo bem, nossa você já tentou fazer isso? Encontrar o pôr do sol assim, sem querer, sem marcar hora, e colocar o celular no aleatório e cair justamente naquela música? Que fala exatamente sobre o que você já estava fazendo que é lembrar de tempos extremamente bons, e daí você tem uma ideia de preparar mais porcos voadores para o seu bem, e vai saltitando pela casa achar o material e dá de cara com ele...
E vem escrever sobre isso porque é realmente surreal quando a felicidade vem, porque ela vem tão absurdamente do nada, só que mesmo assim você sente que já estava esperando ela chegar, isso é tão ... [escolha um adjetivo grandioso]!
Sou um porco em vôo. Tão leve que o vento é quem me comanda. Estou em ékstasis.

17.12.11

40 coisas randômicas

Mesmo que seja moda daquele colega que você acha muito catito mas que te enche de e-mail de "Bom fim de semana", adoro essas coisinhas, e como não quero dormir mesmo e foda-se por mim nem acordaria amanhã, vou fazer essa coisinha supimpa que ninguém se importa em saber mesmo.
  1. Amo rock progressivo, e nunca vou deixar de gostar do bom e velho (mas bem velho mesmo) rock and roll. É difícil pra mim ouvir coisa nova, recente, atual.
  2. Amo gatos e felinos em geral.
  3. Adoro material de secretaria (grampeador, carimbo, clips, pastas, arquivo, calculadora), trabalho em uma mas não é aquela delícia que achei que fosse.
  4. Morro de medo de mariposa.
  5. Ultimamente tô odiando tudo o que escrevo - e não é novidade.
  6. Quero aprender a tocar baixo, por mais que eu tenha a maior impaciência, preguiça e má vontade do mundo.
  7. Um pediatra já me sangrou o ouvido esquerdo com um palito de picolé quebrado ao meio. Eu tinha 4 anos.
  8. Não acredito que loucura seja algo ruim, pra mim é o ápice da inteligência incompreendida.
  9. Não gosto das bandas novas porque os vocalistas têm vozes terrivelmente estranhas. Ninguém como Ozzy, Zappa, Waters ou Ray Charles.
  10. Deve ser por isso que não ouço tanta mulher cantar. Nem homem com voz grossa forçada (tipo aqueles metal estranho), porque acho uma bosta mesmo, a voz tem que ser natural e enfim.
  11. Odeio a voz da Paula Fernandes, ela não canta porra nenhuma. Nem que cantasse um estilo musical compativel ao meu. Prefiro aquele passarinho azul do orkut cantando I Still Loving You (quem lembra?)
  12. Eu falo muita merda que ninguém aguenta, minha irmã é sincera o bastante pra me dizer isso, e meu pai finge que nem estou no mesmo cômodo que ele pra não se dar ao trabalho.
  13. Eu ainda creio que os objetos têm vida e no meio da madrugada fazem o maior auê.
  14. Psicodelia é tudo, né gente? Pena que tanta cor me faça ficar tonta e com vontade de vomitar.
  15. Ciranda Cirandinha, Atirei o Pau no Gato e aquele Gira-Gira que tem nos parquinhos me fazem querer vomitar também. Porque fico tonta.
  16. Eu digo que sou comunista, mas sou extremamente individualista, fico puta quando mexem em algo meu (então fico sempre, porque nada, absolutamente nada nem ninguém respeita meu espaço, em lugar nenhum meus objetos ficam onde deixo sem que alguém ponha a mão).
  17. Adoro bordar. Ponto cruz, crochê eu sei fazer. Tô tentando aprender tricô.
  18. Amo calor extremo.
  19. O melhor lugar do mundo é o deserto.
  20. Acredito em qualquer lenda milenar ou esse folclore brasileiro mesmo.
  21. Minha lembrança mais antiga é dos dois anos de idade, quando morava no sítio do meu avô na Paraíba.
  22. Adoro marrom e cinza.
  23. Odeio beterraba e abacate.
  24. Carne de porco é a melhor. Mas odeio feijoada.
  25. Porco vivo também é uma graça, queria cuidar de um, mas ainda o deixando livre.
  26. Me forço a dormir porque muitas vezes não quero acordar. O que não significa que eu queira morrer.
  27. Eu não gosto de cerveja, bebo às vezes porque esqueço disso.
  28. Rum é bom, mas só de lembrar fico enjoada.
  29. Prefiro o céu estrelado, mas céu com nuvens também diz muita coisa.
  30. Eu converso com o céu e minhas gatas, e às vezes com plantas. Converso mais com tudo isso do que com ser humano. E muitas vezes sem palavra alguma.
  31. Queria ter ainda uma Barbie morena ou negra. Nunca tive.
  32. Ainda adoro brinquedo.
  33. Durmo com o "Musicão" da "Turma da Garrafinha" da TV Globinho, ele cantava Aqualung do Jethro Tull, música que fui amar anos-luz depois.
  34. Odeio festa, odeio mesmo, odeio muita gente junta e som alto e comida estranha, conversa besta e muita hipocrisia, só sorriso falso pra lá e pra cá.
  35. Sempre me perguntei "quem sou? por que sou? por que eu e não outra? por que eu sou eu e ouço meus pensamentos e tudo é desse jeito?". Isso que me faz insistir em viver.
  36. Faço História, e amo de verdade. Não tanto o curso, preferia ser autodidata e sonhar com aulas perfeitas.
  37. Já fui muito boa em matemática. Fui.
  38. Não quero ir dormir agora e tenho certeza de que não vou querer levantar da cama amanhã.
  39. Às vezes esqueço de coisas breves, tipo como foi meu dia de ontem, ou até de hoje. Mas me lembro de coisas aleatórias e muito, muito distantes.
  40. Tenho medo de altura, mas não de olhar pra baixo, e sim pra cima, porque tenho medo de andar e não ver o limite entre chão e nada. E parece que o chão balança quando tô alto demais. É pavoroso.
Sinto que queria dizer mais, mas foi difícil conseguir chegar ao 40. Doideira.

I wanna leave but I just get stuck

Eu pensei que não ia me importar, já que ia ficar tudo bem e ninguém brigou mas, mas não tem como comparar, não tem.
Red Hot Chili Peppers sem o John é realmente muito deprimente.
Era minha banda favorita dentre todas, era sim, porque eu não sei quanto a quem só vê técnica e estilo e tshururu e blablablá desse instrumento tal que é marca tal mas não tão boa quanto, ou que os acordes são simples ou complicados ou sem sentido, foda-se a complexidade da coisa, eu nunca nem entendi as filosofias do Anthony direito mesmo...
Mas o John já disse uma vez, que você pode entender o que a música quer dizer sem entender a letra [Para uma pessoa a quem as palavras não tem clareza, consciencia significa mais do que lê-la como eu faço, e por isso eu recomendo audição ou leitura, enfim, O jeito que você quiser.].
Enfim, o caso é que, não importa o quão você desmereça tal coisa, essa banda já foi foda pra caralho. E o John é realmente um puta homem por tudo o que viveu e como viveu, e pelo que me faz pensar e sentir, e eu morro de saudade do jeitinho contido dele de ultimamente, sem deixar a meninice dos anos 80 de lado.
O John me lembra sonhos bons, faz tempo que não sonho com ele. Mas são sonhos tão fortes que parece que os tive essa madrugada ainda.
As músicas são deliciosas, o jeito, a sutileza da coisa é tão, mas tão fora daqui que eu não sei como ele pode ser humano.
Ele faz muita falta.
Eu até ouvi o novo disco dos Chili Peppers, curti duas ou três mais que as outras, não vi muita diferença assim, esteticamente, como muitos dos que desacreditam na capacidade do John também não viram. Mas como eu vejo algo muito especial, foi pior pra mim do que se não tivesse mais música nova nenhuma, nunca mais.
Senti certo asco, um vazio estranho, como se eu visse minha família desabar na minha frente. 
Engraçado que aconteceu algo semelhante mas literalmente, e eu não senti nenhuma dor ou tristeza parecida, na verdade não senti absolutamente nada.
Eu vou continuar ouvindo o que o John fizer, eu vou continuar ouvindo RHCP até o Stadium Arcadium. Não sei se vou além.


15.12.11

Canceriana sem lar

Ano passado minha professora de Português - que mais dava uma de psicóloga exotérica do que literária PEB II - pediu licença e disse à todos o quão meu grupo era fechado para o restante da sala, e como eu entrava em uma casca que às vezes me fazia parecer antipática. Eu gostei na hora sabe. Ninguém nunca me diz direito o que acha, e quando eu pergunto muda de assunto ou diz,  "ah, não sei...bem..". Mas acho que só hoje enquanto olhava as plantas no quintal pude entender.
Eu realmente sou um caranguejo sabe. É só ver gente que eu me escondo na minha casca, e percebo que hoje em dia, mesmo quando vão embora, estou tão distraída comigo mesma que fico lá dentro, no escuro, e nem vejo mais o mundo.
O tio Jaime da cantina da escola disse que eu tenho que gostar de mim primeiro, muita gente diz isso, mas o jeito que ele falou foi muito importante, sabe. Os abraços da professora Rose e da Elizete também foram muito bons, e os conselhos da menina Sara. 
Eu tô muito no escuro, me lembro de tempos atrás quando fazia questão de ficar acordada pra ver o mundo e decifrar o céu, as árvores, as flores, as pessoas.
Hoje não aguento ficar mais acordada, eu durmo tanto quanto posso, tudo bem que quando estava em aula era por dormir tarde e acordar cedo, mas agora me forço a ter sono, eu não quero levantar porque não sei pra onde ir, o que fazer.
Não desenho há um bom tempo. Não escrevo coisas que me agradam, não quero mais escrever nada porque tudo me fere e não quero que ninguém saiba de alguma coisa, porque é como entrar na casca e colocar um tapete de "Bem-Vindo" na porta.
Vi uma imagem, aliás duas, que me remetem vida e morte, e percebi que ainda amo minhas filosofias e histórias, que ainda me arde o coração ao pensar em Che, que Requiem para uma Flor ainda me dói deliciosamente, que ainda quero tocar baixo e que ainda adoro ver o céu.
Mas está difícil, enchi a entrada do meu cafofo escuro de quinquilharias e não vejo a luz do Sol direito.
Eu quero voltar, sabe. A ficar quentinha do lado de fora, a dar minha cara a tapa e fazer besteira, passar meu tempo livre lendo, ter vontade de ler, até minha Agatha Christie, tá difícil... Muito difícil...
De trabalhar estou gostando, exceto pelos problemas diários que não são nada quando comparados aos de outros, mas eu me distraio, sabe.
Só que não quero me distrair, quero me ocupar das coisas que eu realmente adorava, quero me importar com o mundo, continuar me achando diamante nas mãos de mendigos, quero ter menos raiva e ver as coisas coloridas, quero minhas pimentinhas do inverno, nossa árvore de sábado, alguns fins de semana de guitar hero na casa da Débora, mas como eu quero aquela árvore... As pimentinhas me puxavam o cabelo, o céu com o Sol e a Lua ensaiando um eclipse que não saía...
Pelo amor de Deus eu não quero mais dormir.

11.12.11

Strawberry Fields Forever

Sei que as pessoas quando vão embora nos deixam meio ou completamente tristes, e talvez nunca cheguemos ao estágio de nostalgia doce e tudo mais mas, mas e aquelas pessoas que só vemos uma vez na vida?
Pessoas que nos fazem ficar apaixonados, felizes, esperançosos, me pergunto às vezes se são representantes ou o próprio Deus nos dizendo que ele existe sim.
O homem de vermelho, o homem de vermelho é o destino.
A senhorinha do ônibus que aliás vi duas vezes, ela é a esperança.
A vovó que curte passarinhos, aquela é uma das mais importantes, ela é prova de que vontades e sonhos se realizam.
A aplicadora da prova na escola é a que mostrou-me como sou importante, e como meu sorriso é importante pra qualquer desconhecido que tenha o mínimo de sensibilidade.
O velho puto, ele é a prudência, o puxão de orelha.
O Thundercat com quem conversei algumas vezes é prova de que há persistência em ser tudo isso, que dá pra ser você e ser um não-você, e que dá pra misturar gosto com desgosto, e que não estamos totalmente sozinhos.
A Gabriele, a Sara, essas são rejeitadas como nós, mas não dá pra entender como pessoas tão deliciosas de se conviver sejam tão empurradas pra trás.
Você é todo mundo junto, e muito, muito mais. E esse povo todo são cada migalha do nosso caminho torto que vai dar pra uma casa doce e psicodélica com Jennifer Gentle, gatos siameses, policiais que vão voar alto ao som de Hocus Pocus com a gente. Não vamos deixar nosso pão acabar, as aves os comem da gente pra não sabermos voltar pr'aquela fome de viver, pr'aquele desespero e total falta de cor e sabor.
Vamos deixar essas migalhas pelo caminho, vamos agradecer por elas nos levarem até nossa casa nos Campos de Morangos.

Living is easy with eyes closed, misunderstanding all you see. It's getting hard to be someone, but it all works out; It doesn't matter much to me.
Let me take you down, 'cause I'm going to Strawberry Fields. Nothing is real, And nothing to get hung about. Strawberry Fields forever.


7.12.11

Não tá dando certo, né? Então deixa quieto por enquanto, tá? Antes que eu odeie ainda mais o que penso e falo.

6.12.11

Vem cá mulher, deixa de manha

Não estou falando nem vou falar sobre cobras e aranhas. Mas é esse o título mesmo, manha. Vamos deixar de manha e vamos agir.
E eu vou agir dessa vez porque tô com raiva e se tem uma coisa que eu sei é que eu só faço alguma coisa quando tô com raiva. E é uma raiva tão grande que me deixou lúcida de tal forma que eu tô tendo a certeza de que vou virar a noite fazendo essa maldita resenha do Paulo Prado que adiei por causa de outras merdas que foram pedidas, pelo jogo do corinthians (eu odiei o corinthians a minha vida inteira, não odeio mais, amei esse jogo, só que continuo não sendo corinthiana ok? nem serei, tá certo?), pelos históricos de transferência e pela formatação do computador do meu pai. Mas na verdade, verdadeira, de verdadinha, eu não fiz esse troço porque não tive vergonha na cara e fui manhosa do início ao fim, ficando emburrada quando me jogavam na cara coisas que eu já sabia que estava fazendo de errado. Ou melhor, não tava fazendo porra nenhuma porque sou medrosa porque fui criada forever alone cheia dos receios e não-me-toques porque papai foi criado por um vaqueiro muito do brabo Paraíba masculina vovô macho sim senhor que fundiu com os miolos de quem me gerou.
Então agora vou me desvincular desse medo imposto, vou me agarrar nessa raiva que eu sei que tô errada em ter mas é a única coisa que vai me levar pra frente ou me fazer afundar de vez. Mas foda-se, dessa vez posso dizer que fiz algo.
Ao invés de dormir, espero que eu me lembre de, no caminho, parar no posto de saúde muito bem administrado e cheio de benefícios, pra pedir exame pra saber porque diabos eu sangro tanto, e espero que não seja uma anemia ou algo pior porque se eu desistir de tudo depois dessa não quero ouvir reclamação.
Vou trabalhar, vou ficar 36 horas sem dormir, vou escrever pro meu pai e deixar essa carta como segundo plano porque vou tentar falar de alguma maneira, vou ligar essa raiva lúcida e macia e vou olhar bem na cara dele e dizer "pai, eu cresci". Se ele rir da minha cara, me dar uma surra, dizer que tá decepcionado ou me expulsar de casa, aí não vou ser eu a ter o trabalho de me consolar hein.
Essa raiva não é raiva de ninguém além da Helen por me deixar levar por mim mesma e não fazer porra nenhuma porque sou filha da minha mãe, outra que não faz nada e só reclama e só diz coisa sem sentido. Puxou a mim a coitada.
Então a raiva não é de você, se eu disse ironia foi pra doer em mim tá? Porque eu preciso dessa raiva pra poder andar, não se preocupe porque eu te amo demais, amo de verdade, e vou levantar dessas cadeiras que eu sento enquanto você não senta em nenhuma, e vou agir e vou te ver, e vou te abraçar bem forte, porque eu inventei essa raiva toda pra não chorar e pra poder ser forte pra não deixar a gente cair, ainda mais cair separado.
Vou parar de ser morta e vou viver um pouquinho. Vou cuidar de você, mesmo que o homem de vermelho não tenha pedido nada, vou fazer de brinde pra ele se contentar quando ver a gente outra vez e pedir isqueiro emprestado.
Vou deixar de ser besta.
Sou Paraíba masculina também, porra.
E nada de comentar aqui estranhos, saiam.

3.12.11

A stranger in this town


Acabei de descobrir que perdi totalmente minha inocência. Fui me olhar no espelho e não achei mais a garotinha com dentes de leite que corria atrás dos pombos na Praça da Sé. Aquela que confunde papai com um estranho na banca de jornal e pede ao desconhecido uma revistinha Coquetel. Aquela que faz pose pra foto com os cisnes negros no Ibirapuera. Aquela que brinca de boneca sozinha em frente à tevê e quer ter a sandália da Angélica com óculos de coração.
Essa menina se descolou de mim, não é mais "eu". É o prólogo de uma Helen que está aqui há muito tempo, mas ainda assim estranha-se quando se olha no espelho no meio da noite.
Quem sou eu?

29.11.11

Together We Stand

Eu tento, tento de verdade. E estou me acabando de tanto pensar em uma solução, pra todos nós. Mas nada dá certo, só piora.
Se tentássemos nos alegrar fingindo que nada disso está acontecendo, talvez aparecesse uma solução. Vamos tentar?
Vou evitar os textos ruins e sem sentido que ando escrevendo ultimamente, eles machucam. Eu não gosto mais deles. Vou só escrever aqui algo que faça bem, que faça sentido.
E por mais que eu esteja esgotada e desesperada, eu não vou desistir. Mesmo com todo o desânimo, todos os nãos. Eu vou aguentar tudo sem reclamar, porque sei que quando tudo fica bem, fica tão bem que eu me sinto muito mais que feliz. Eu me sinto viva. E quero que voltemos a viver, mesmo que em sonho. Em brincadeiras, em distrações.

27.11.11

Eu devia parar

...de falar essas merdas que eu falo. Isso só piora as coisas que já não estão bem. É tudo tão desnecessário e prejudicial, que eu me mostro masoquista mesmo, é verdade.
Preciso parar de agradar as pessoas e receber atenção nenhuma, de me esforçar mais ainda pra agradar, pensando em receber algum sinal de importância, reconhecimento de esforço e/ou inteligência, recebendo, na verdade, mais desmerecimento. Eu só sei reclamar e me afastar das pessoas, porque não as suporto, porque parece que não me suportam. Que não se importam. Que não me vêem.
Eu sou invisível.

STOP

Sorte dos primogênitos que Deus matou no Egito. Sorte desses pobres coitados não conhecerem o peso e a dor e a dilaceração que é ter que nunca errar, sempre ajudar, sempre cuidar de todo o restante da prole, sempre dar satisfação, sempre dar orgulho e presentear sempre com boa educação.
Sorte dos caçulas, dos filhos do meio, que são livres pra fazerem o que querem, que não são supervisionados 100% do tempo, que não devem nada à ninguém, que até por isso são paparicados e incentivados a serem o que são.
Sorte nada, caçula geralmente é quem não precisa aproveitar de todos esses gozos da vida, que não se importariam de cuidar de todo mundo e serem robozinhos controlados por papai e mamãe.
Quem precisa de liberdade e espaço somos nós, os mais velhos, os de alma idosa, de mente grande, de criatividade enorme e dores profundas.
A prisão que é viver em família amputa-me e castra-me todos os dias, fico doente, fico com as entranhas dilaceradas e os olhos sangrando de ter que aguentar esse cárcere, esse sadismo exacerbado, essa punição sem motivo, essa barbárie e todo esse horror. E eu aguento calada, e todos vibram por acreditarem que eu concordo com isso, então está fácil, não vão esquentar a cabeça, não é mesmo?
Mas eu quero gritar, quero quebrar, quero machucar, quero devolver toda a minha dor e minha angústia, quero escandalizar suas festas, churrascos, almoços e reuniões hipócritas e soberbas, cheias de falsos carinhos e sentimentos. Eu odeio tanto, mas tanto tudo isso! Essas risadas, esses gritos de vitória, essas comemorações vazias, essas reuniões de máscaras terríveis e assustadoras, isso dói, dói como nada mais o faz.
O que nunca te abandona e sempre estará ali pra te acolher e bendizer, não importa o que você faça, é a coisa que você quer mais distância, quer mais indiferença e desprendimento. E neste caso "você" sou eu. Sim, eu.
Eu cansei de sentir essa dor por toda a vida, porque agora me parece que ela vem toda de uma vez, todos esses dias que já vivi compactados numa dose que me vem agora a cada instante, e é muita dor de muito tempo de uma vez, eu não sei se vou aguentar, eu estou ferida demais, daqui a pouco tudo que há em mim estará jorrando sangue e coagulando e entupindo meus vasos e contraindo meus músculos, rachando ossos, inflamando-os, tudo se corta e se amputa, e eu estou morrendo.
Estou morrendo porque sou ainda uma filha da puta que não quer decepcionar ninguém, não quer magoar nem causar ataques de pânico e do coração. Não quero ver caras feias de desaprovação porque sempre me deliciei com os elogios dados. 
Se eu tivesse certeza de que não estou fazendo isso pra não ficar com má reputação pela fortaleza que se chama família, já teria agido. Mas eu tenho certa desconfiança que me preocupo sim com toda essa merda sádica que me corta em pedacinhos, queima e junta os pedaços pra fazer tudo outra vez, com mais violência.
Eu sou muito idiota. Uma idiota masoquista.

25.11.11

All Still Fine

Se você gostar desse texto, e ele servir pra você, leia sempre que estiver se perdendo, e lembra das coisas boas, tá?
Hoje saí mais cedo da faculdade e vi o sol das nove horas. Ouvi a rádio, andei pelo lado da calçada que eu só andei uma vez, numa quarta-feira... A manhã estava linda, mas mesmo assim pouco olhei pro céu. Só que deu pra perceber certas coisas que eu estava procurando há tempos.
Estamos envelhecendo rápido demais, sabia? Não normalmente, você sabe. Fomos crianças no sábado, eu lembro que expliquei. Na quarta fomos adolescentes apaixonados e descobridores, e a partir de então o negócio desandou pra velha e carrancuda maturidade. Viramos adultos chatos, ranzinzas, reclamões. Nós.
Só que, sentindo o calor do sol eu percebo.
Hey you out there in the cold getting lonely, getting old, can you feel me?
Vamos voltar à juventude de sábado, de quarta, vamos nos aquecer com o calor do sol, nós podemos retroceder. Sábias palavras já nos disseram milhares de vezes que a velhice não significa nada, e a juventude volta sempre outra vez.
Essas coisas que nos empurram goela abaixo só nos parece ruins porque nos convém. Porque estamos cansados de correr atrás do tempo e ele escapar da gente, e não dar tempo pra gente. Mas podemos aprender muito com essas coisas, podemos ver um lado alternativo delas, podemos abusar delas para benefício próprio. Vendo assim talvez acabe rápido, sem doer tanto.
Estamos correndo atrás do tempo, uma hora ele cansa de ser seguido e pára pra nos ouvir. É rapidinho, você vai ver.
Inventamos tantos problemas pra esquecer (da morte?), que também nos esquecemos da vida, prestemos mais atenção no céu, nas plantas e no Sol. Estão aí pra nos acalmar e nos abraçar, como no sábado.
Não é só porque não temos aquela vista privilegiada do sol que ele perde a importância de ser visto. Ele é nosso amigo e brilha seja como for a moldura que o envolve.
Vá lá na janela, na calçada, suba numa escada e veja o Sol. Faça também com a Lua e as estrelas, eles estão com saudades de nós.
Ligue o rádio e ouça um clássico, pratique o instrumento que tiver, pratique tanto pra estar preparado para o instrumento certo. Invente, reinvente, componha, escreva, pense, sinta. Sinta as coisas que dão cócegas e aquela risada lá na boca do estômago, que não consegue subir pra garganta e te deixa engraçado, meio bêbado de alegria. Depois deixe sair numa explosão e comece a dançar só, a cantar, a querer pintar desenhos psicodélicos e abraçar todo mundo.
Podemos não ser livres socialmente, mas nossos espíritos são e sempre serão. Vamos soltá-los ainda mais e deixar que se encontrem e dancem juntos, se abracem e se beijem. Até os corpos se encontrarem também, que tudo ficará bem.
Converse com as plantas, e diga como ama o seu Broto, e como ele te ama também. Te ama tanto que está gostando do que está escrevendo, depois de tanto reclamar.
Vamos parar de reclamar, você me ensinou assim, desde agosto. Eu desandei mas estou de volta, querendo ser criança novamente com você. Pega minha mão que eu te levo à infância, se você não conseguir. Do you remember? 'cause i remember. Me and you.

24.11.11

One of my Turns

Ultimamente escrevo sem concordar comigo mesma. Escrevo porque gosto, porque quero aliviar minha cabeça de tantos problemas, frustrações e sentimentos, sejam eles bons ou ruins. Escrevo porque quero me mostrar ao mundo, já que não sei falar, escrevo pra ninguém porque é mais fácil achar alguém, qualquer um que leia minhas bobagens, pois não tenho muito com quem contar na língua falada.
Mas mesmo assim me arrependo de tudo o que disse e de como disse. Porque não é bem o que eu queria ou sentia. No momento sim, mas quando paro e penso, vejo que errei, que não era certo, que não era saudável.
Queria apagar tudo o que disse, e a tentação é enorme. Mas já foi... deixa quieto. Alguém já leu, já fez seu retrato de mim, já serviu de alguma coisa o que foi falado. Não dá pra fazer não existir, porque já se fez existir. Tarde demais.
Eu já queria apagar isto aqui, não me delicio mais com o que digo. Posso até conseguir chegar perto, mas acho que meu método e modo não é exatamente o que preciso utilizar. É muito pomposo e frio, talvez exagerado demais. Soa falso. Pra mim.
Não sei mais descrever meus sentimentos e opiniões, quando escrevo nada acontece. Eu deveria descarregá-los em texto como depósito, pra caber mais coisas em mente. Mas a mente continua cheia, as palavras vazias...
Não perdi a receita de como escrever. Percebo que nunca soube. Sou como José Dias de Dom Casmurro, enfeito meus dizeres com palavras complexas e caprichadas nas sílabas (talvez totalmente erradas gramaticalmente), mas sem conteúdo.
Ganhei uma máquina de escrever, sonho desde os três anos com isso. Está lá, escondida em cima do guarda-roupa. Às vezes, acordo no meio da aula pra escrever algumas páginas que ao fim de algumas horas se tornam inúteis. Às vezes ninguém as lê. Ainda mais os novos, tem dois ou três que ninguém nunca leu e nem sei se lerá. Nem eu deveria ter lido.
Bom, aí é que está. Inútil. Esse texto e tantos outros não me levarão a lugar nenhum, além do recinto do remorso e da vergonha. Vai ver minha saída seja o desenho. Ou tenha que aprender realmente e logo o baixo e o violão, ou precise continuar bordando, faça um curso de web design, ou, ainda, uma opção mais antiga, desde quando eu era criança e brincava sozinha com fichas que papai trazia do trabalho: talvez eu precise preencher formulários, carimbá-los, grampeá-los, arquivá-los. Talvez eu mofe na biblioteca junto com os preciosos livros que ninguém lê, ou lê e não entende, ou lê e não concorda, ou lê e não gosta. E joga num canto esquecido.
Adoro bibliotecas, talvez seja isso mesmo.

22.11.11

Tente Outra Vez

Não pense
Que a cabeça aguenta
Se você parar
Não! Não! Não!


Eu vou tentar outra vez, vou parar de reclamar e maldizer, vou ser mais suave, vou ser mais atenta, só peço ajuda para não me esquecer dessa promessa.

21.11.11

Brain Damage

Eu consegui quase que exatamente tudo o que queria para os próximos anos.
E agora? O que é que eu quero?






20.11.11

One More of Me


Onde está a Helen de anos atrás? O que sentia, pensava, almejava, o quanto queria para o futuro tudo o que se concretizou até agora? O que ela sentiria e como se portaria se viesse aqui e agora e visse no que deu? O que ainda falta acontecer? O que deveria não ter acontecido?

Não sei.
Não sei onde está a Helen de anos atrás, não sei o que sentia, pensava, qual a força de seus quereres e como ela reagiria ao ver o que construí, esbarrei, estraguei, consertei, perdi. Não sei o que não deveria ter acontecido e o que falta acontecer.
Procuro me lembrar de como fui, em que tom via e sentia as coisas, e tento reler meu blog pra isso. Percebo que sou desconhecida pra mim mesma, e não sei me compreender no passado. Fora o que é mais da superfície, acho que deixei meu eu se perder no nada infinito.
Talvez um dia a Helen anterior e a posterior se esbarrem e deixem misturar algumas sensações, e parem pra tomar um café, tocar uma música, escrever uma poesia, fazer carinho num gato, num cachorro...
Talvez a Helen anterior tenha morrido e nem me dei conta de ir em seu enterro.
Enterro...
A vida é a coisa mais estranha, o ser humano é algo tão perverso e cheio de horários e cartilhas, queria não ser humana.
Queria ser uma música, que abraça a todos sem sentir tédio naquele mar de gente com tanta porcaria em mente. Eu seria bela, agradável, estaria bem comigo mesma e com os outros. Me doaria para famílias e famílias e teria todo o tempo disponível para elas. Não teria medo delas. Não teria medo de amá-las e de me abrir...
Ou seria tão superior que não sentiria ninguém, só deixaria que me sentissem, e iria vagando pelo vento sem ver nada além da natureza, ignorando a putridez dessas sociedades assassinas do verde.
Eu, como música, não teria que me procurar pelo caminho, pelo tempo, por lugar nenhum.
Eu não queria ser gente. Gente é tão doente.
Eu queria ser eu, mas será que estou sendo eu agora? Cada dia mais longe do explicável e plausível...
Que cansaço, que saudade, que falta de contato com meu passado...
Acho que vou soltar, arrebentar as cordas de vez, que tudo o que passou possar vagar livre pelo deserto. Logo chegará minha vez, e a próxima Helen estará nascendo. Talvez nem me conheça, nem se lembre de mim. Talvez seja mais paciente, compreensiva, amorosa, tolerante. Espero que seja, ou vai sofrer igual a mim. Não desejo isso pra futura Helen, ela pode enlouquecer.
Como eu já fiz.

15.11.11

Stand By Me

Dizem sempre que os amigos é que sempre estarão a seu lado. Será?
Uma amiga minha, perto do fim do colegial, estava a morrer de medo de que nos afastássemos após conclusão. Eu achava tolice, dizia a ela para não se preocupar, que teríamos sempre uns aos outros. Eu realmente acreditava nisso.
Pensava que nada tinha a ver com nossos pais que chamam vizinhos e clientes de colegas ou classificam com título mais ralé. Pensava que eles não haviam conhecido amizade de verdade e eram almas soltas e vazias vagando para a morte sozinhas.
Mas em quase um ano percebo que isso é o natural. Estar só. O afastamento. As diferenças, divergências e indisponibilidade de tempo para o outro.
Conheço gente que nem lembra o nome dos amigos de infância e/ou escola, gente que foi arrancada sem nem poder dizer adeus, e gente que não faz nada para unir-se com seus irmãos escolhidos ao longo do tempo.
Após esse afastamento quase que indolor e imperceptível há o choque para alguns. Daí vem a saudade, a nostalgia, o medo, a curiosidade pela vida do outro "Como sera que Fulano está? O que anda fazendo? Casou? Teve filhos? Foi preso? Está morto?".
Para todos nós vem o destino incerto, cada vez mais distante e diferente do que imaginávamos e planejávamos na infância. Acreditávamos realmente que seríamos astronautas, astrônomos, astros de rock. Queríamos ser estrelas, apenas. Pra brilhar mesmo após a morte, pra aquecer outros planetas por aí...
Mas não. Somos apenas Plutões, achando que somos o que não somos, longe do calor e do brilho que dizíamos ser de nosso poder. Cada vez mais apagados e jogados num canto. Frios. Vazios. Quem aparece por acaso geralmente não ficará por muito tempo ou acenderá alguma fagulha neste cubo de gelo que virou nosso coração. Sim, haverá apenas um que nos fará acreditar que somos importantes, e vamos cuidar com todo o carinho do mundo, como faz O Pequeno Príncipe à sua rosa solitária.
Mas mais ninguém. E você não sabe se sentirá falta ou dor, mas a saudade vem de vez em quando, e você terá aquela curiosidade, lembrará de coisas que agora parecem absurdas, um sonho doido e psicodélico que te fará rir de tarde enquanto toma um café com sua rosa. E vai olhar pra ela como que em câmera lenta, dizendo a si mesmo como seria bom se ela tivesse conhecido aqueles caras fodas, como seria bom se tivessem compartilhado daquelas risadas e mancadas. Não dói não ter mais isso. Só surpreende perceber que isso realmente existiu. E você dá um sorriso quente e doce, como o melhor dos abraços que o Sol dá ao se pôr.
Não deixe doer. Deixe ter valido a pena ter existido. Amigos não são pra sempre. Suas lembranças é que são. Seus feitos e desfeitos é que são.

1.11.11

Spitting out pieces of his broken luck.

Eu sei que é pro meu bem eu ter um dinheirinho pra comprar minhas coisinhas no fim do mês sem ter um filho pra criar, ou um marido pra sustentar. Os estudos são bons, principalmente se eu faço o que todo mundo faz e tento a mesma vaga que todos tentam porque faz muito sentido eu concorrer com milhões por algo que não vou conseguir, deixando meu sonho de lado, sonho esse que é tão individual que eu nem teria com quem competir.
É tão pro meu bem tudo isso que eu só sei mentir, brigar e sentir raiva. É pro meu bem, sabe.
É pro meu bem você rir de mim, contar coisas constrangedoras minhas, não parar quando eu imploro pelo amor de Deus. É pro meu bem, sabe.
É pro meu bem você me xingar de tudo quanto é palavrão porque eu não limpei isso ou aquilo, porque isso vai acrescentar e muito na minha vida. É pro meu bem, sabe.
Trabalhar oito horas por dia trancafiada num estabelecimento público, estudar quatro horas por dia num estabelecimento privado, estar em transportes lotados duas horas por dia, dormir quatro horas e ter tempo pra viver em intervalos escassos.
Quanto menos eu viver, melhor pra mim. Vou acostumar. Vou me empanturrar de objetos sem nenhuma importância vendidos em cubículos ventilados por um ar falso que queima meus pulmões, pra achar que estou vivendo e esquecer a vida de verdade, o vento de verdade.
É papai, é, mamãe. É para o meu bem. Vosso bebezinho está crescendo saudável nessa selva de pedra, com toda essa artificialidade que causa câncer e AVC e síndrome do pânico.
Era pro meu bem não falar com estranhos, mas agora eu tenho que falar, e nem saber eu sei, já que não pratiquei desde cedo.
Era pro meu bem não sair de casa sozinha porque era muito nova, e nem saber eu sei, já que quase não saí pra lugar nenhum, nem saio. Mas eu tenho que saber, assim, do nada. Porque eu tô velha demais pra não saber.
Obrigada papai, obrigada mamãe. Com a Robertinha (ou o Roberto) eu vou fazer exatamente como vocês não fizeram. Eu não vou matar minha criança.

*pra não modificar a música, deixo o his no título mesmo. No meu caso o correto seria her, mas sou Paraíba masculina, então relevem.

15.10.11

And I don't care if I'm nervous with you

Vi Seven hoje. É um filme completamente delicioso e libidinoso. Tem umas citações instigantes, que talvez tenham a ver com o texto. Se não tiver ligação, não importa, porque não é alusão ao filme mesmo.
O assunto é sobre mim, sobre as pessoas, sobre viver em sociedade. Eu não gosto de viver em sociedade. Não sou antissocial porque ainda convivo e porque isso virou moda no palavreado adolescente contemporâneo, e porque se eu fosse não diria que era.
É muito chato ficar extremamente bem e querer compartilhar, mas ninguém querer comemorar com você. Porque você quer gargalhar de tanta excitação e todos estão sérios, desanimados, mas de propósito, porque eles querem que você veja o quão insignificante é o fato pelo qual você comemora, querem estampar na sua cara a decepção de descobrir, assim, que pouca merda vale seu tesouro.
Você vê todos calados olhando pro nada e ainda sorri, porque não consegue se conter. Mas daqui a pouco nem deverá dar-se ao trabalho de conter-se, porque não haverá o objeto a ser contido. Porque você broxou tão totalmente que o brilho do seu ouro se esvaiu em cinzas. E você não vê mais graça nelas. Mas como expandiu seu coração carregando essa preciosidade, quando ela diminui até transformar-se em pó, deixa um vazio tão imenso, e o coração não consegue voltar a ser pequeno. Você o preenche de frustração.
Só que você sabe que não pode se frustrar se o ser humano é diferente e não é obrigado a aceitar o preço das suas moedas. Porque na terra do outro só existe de valor a moeda do outro.
Então você se frustra por se frustrar, e pelo modo da indiferença do outro. Porque você se amarga com o fato de que a pessoa poderia ficar muito bem calada e sem a expressão que demonstrasse propositalmente o "foda-se" facial. Tem pra quê? Por quê? Excita fazer isso é?
Eu me importo com as pessoas. Me importo com o que elas pensam sobre o que eu penso, e fico fodida com isso porque não quero me importar. Faço de tudo para não me importar, porque quero mais é que elas se lasquem. Quero que se lasquem porque fazem questão de não se importarem, e dizem que se importam. Ou nem dizem, porque se importam apenas em revelar que não se importam.
Só que eu estou errada em ter essa revelação e em querer que queiram meus quereres, eu sei desse blablablá. Mas, porra!
Eu não quero ser boa e pura pra privá-los dos meus ódios e incômodos. Não quero ser educada e prestativa porque tenho cara de boa moça, eu já tentei fazer isso, mas se eu paro de ser eu, acho que explodo. PLOFT, PLÉCT.
De tanto tentar ser o anjinho, a querida, o vosso bem e o caralho a quatro, eu meio que me acostumei, e mesmo na hora de socar estou lá dando sorrisos. Por dentro estou vomitando em mim mesma.
Eu me forço a agradar vocês e vocês me retribuem com suas caras de "vá se foder". E eu me convenço de não agradar mais ninguém porque vocês estão pouco se fodendo, mas ainda tenho medo de magoá-los. Ou é de perdê-los? Sim, porque só continuam aqui por eu ser benfazeja e prestativa, já que lhes convém. E me convém ficar rodeada assim de falsas preocupações para comigo, já que não fosse assim que a banda tocasse, cada um seguiria seu rumo. E eu seguiria o meu sozinha.

Eu queria ser o Syd Barrett.

7.10.11

Bichos Escrotos

Você dorme na sala e pede silêncio (reclama) para a pessoa que utiliza um eletroeletrônico que é fixo e do local.
Você falta no trabalho e reclama que te colocam falta enquanto fulano chegou atrasado e não recebe (até porque ele compensa depois).
Você é mais novo e sem poder, e grita exigindo autoridade e obediência para alguém que nem é mais, nem menos que você.
Você ouve milhões de 'nãos' e respostas semelhantes, e continua no guichê enchendo o saco da secretária.
Você não deixa isso ou aquilo, você quer viver uma vida que não é sua, já que a sua está preenchida de endereços, horários, afazeres.
Você não viveu seu sonho por motivos maiores (ou nem tao maiores assim), e passa o restante da sua vida importunando terceiros, criando impedimentos sem sentido para não conseguirem, também, realizar os sonhos deles.
Você lança o anzol, e se o peixe não cai na sua isca você vai atrás, você enfia o gancho na boca dele com tudo e quer puxar, quer puxar pra sua rede do sistema, e é tanta a dor que ele tem que não consegue distinguir se isso é bom ou se é ruim, e não se lembra do que fez ou pensou.
Você ri de qualquer um, você não ri de você, nem deixa que riem, porque pra você, você jamais será qualquer um.
Você não pára quando gritam "PARE", você continua, e acha engraçado, acha que foi brincadeira quando pediram pra parar, mas não foi.
Você promete e não cumpre, mas prometeu com propósito de não cumprir, prometeu na safadeza e de cara lavada.
Você que se diz comunista e usa coisa capitalista, vai trabalhar num lugar burocrático e injusto, e compactua com a gente que você mais odeia (professores), e ouve fofoca de um e de outro como um diário surdo-mudo, se contenta com uma mesa só sua na secretaria e diz que jamais fará uma coisa quando já está fazendo.
Todos vocês:

24.9.11

Manipulação in Rio


Eu curti muito RHCP nessa vida e ainda curto, agora mais que nunca das antigas. Mas ouço muito menos, ainda mais por John ter saído. É, o John é algo inexplicável que passou por ali.
Daí no meio da noite a gata mia desesperada pra sair, todos acordam e irmã diz "deve tar passando RHCP", minha mãe liga a tevê e é isso mesmo. Pra alegria de todo mundo menos a minha, porque eu tava com um sono lascado e podia ver isso depois no youtube.
Mas tive que ver né, porque a curiosidade matou o gato etc; Flea com camiseta do BR, legal. Anthony não sabendo mais dançar, Chad sempre garotão e Josh: O novato. O menino é bom, muito bom. É estranho no olhar e mexer, não é algo físico, mas da alma.
E eles fazem questão de tocar as principais músicas em que o John tinha destaque, pelo menos na minha atenção: Higher Ground, Californication, By the Way, BLOOD SUGAR SEX MAGIK. Dei uma choramingada - porque não sou de ferro, não sou de aço - ao ver um não-John ali tocando em frente ao Flea como em Live at Slane Castle (veja esse link, pelo amor de Deus, caralho). Doeu pra caramba e eu pensei realmente que isso não fosse acontecer. Mas aconteceu. Que bom que não tocaram Scar Tissue ou Venice Queen, porque eu morreria.
E sabe o que doeu mais? A camiseta. Eu tava feliz por aquela porcaria não aparecer. Mas né, é GLOBO IN RIO, e a fulana lá é contratada. Então CLARO que isso tinha que acontecer, você só se iludiu, Helen. (Que bom que o John não foi. Isto é, né, se não mandaram uma pelos Correios).
Porque os fãs de RHCP que morrem todos os anos de todas as formas, não vão tar lá numa camiseta, eles não são filhos de ninguém que trabalhe na Plin Plin. Eles, se têm morte parecida têm culpa também, não só o motorista, porque sabe, seus pais não são atores nem ricos, então "quem mandou brincar no meio da rua?".
Quem matou esses fulanos fãs de RHCP que ninguém conhece não vai preso, porque a polícia não se importa em caçar o homicida, já que ninguém tem vínculo com a empresa televisiva mais apaixonante do Brasil.
Quanto vocês pagaram pra corromper a banda dos sonhos de uma pré-adolescente dos tempos de Stadium Arcadium? Vou juntar um pé de meia pra cobrir sua proposta e no próximo ROCK HORRÍVEL os Chili Peppers vão vestir: ENFIA A GLOBO NO CÚ.
Se você achou meu texto babaca, me poupe do seu comentário babaca, seu viciadinho em televisor.

23.9.11

The Dark Side of the Moon


Depois de muito tempo minha raiva voltou. E como. Tremi e enrubesci a um ponto incalculável. Fervi, de fato. Pensei num texto inteiro, mas como estava impossibilitada dos meios, deixei pra depois. Só que o depois muda, o sentimento é outro, a vontade também.
Mas a base ainda está aqui. E vou tentar reproduzir. Infelizmente sem a raiva do momento.
É sobre o mundo, o SIST, as pessoas. No momento de calma eu rio, acho bonitinho, oh que graça, estão brincando de boneca. E eles próprios são as marionetes. E os ventríloquos. Mas na hora da raiva, ah, dá vontade de estourar crânios de tantos socos, pra ver se as pessoas acordam.
Mas elas querem, de fato, acordar? Ou crêem realmente que quem está em sono profundo são os deste lado?
Estou em sono profundo ao ver que eles têm a mesma ladainha e discurso dualista de sempre, onde repetem até as mesmas palavras?
Hoje na aula de Psicologia do Desenvolvimento houve uma discussão sobre educação e comunismo. Claro que começou-se a falar mal dos dois, principalmente do comedor de criancinhas. Foi aí que meu sangue ferveu. É a mesma coisa, sempre. É mau, é errado, faz dodói. É errado pensar no povo, sabe. As pessoas não querem se ajudar, querem se pisar, querem ser vistas. E não dá pra ser visto fazendo o justo.
Professorezinhos que se gabam de seus mestrados e são excelentes utilizadores de palavras complicadas para exibirem suas teorias que são nada mais que sínteses do que o professor de verdade acabou de dizer. Estes se gabam, todos pomposos, de suas atividades, afinal é 2º semestre e já dão suas aulinhas eventuais.
"Eu cansei, sabe? Falei que vou encher a lousa de lição, porque não dá. Tô recebendo meu salário mesmo, não tem como trabalhar uma coisa legal com eles." - bate as mãos no sentido tô nem aí.
Quantas vezes já não ouvi isso. Daí neguinho ainda vem dizer: "Ah, o ECA é eca! mesmo, viu. Ah, essa progressão continuada, esses bônus, esses pais". Quer dizer, a pessoa chega na sala e vai coçar o saco enquanto alunos se atiram, se esfaqueiam e jogam papel molhado no teto, e a culpa é do ECA, dos pais, da forma de avaliação e do caralho a quatro. AHAM, o professor é inocente. O professor é letrado e por isso é a vítima.
Daí comparam ensino público com [como quase igual ao] privado. VAI LÁ, MEU AMIGO, TENTAR FUVEST. O melhor aluno de uma pública com muito esforço vai se igualar a um razoável da particular. Eu sei o que tô dizendo, porra.
Então fazemos assim, vamos ser a população feliz que vota em PT, PSDB; que compra celular da moda pra ouvir sua Nativa FM de preferência sem fone às 7 da manhã; que vai na casa da prima e copia na memória os móveis pra pegar uns de outra cor nas Casas Bahia; que pinta o cabelo de acaju púrpura (não da marca Márcia, todas menos ela) e faz uma floresta na ponta da unha de dois metros, e mais! Façamos o seguinte: vamos comer num restaurante aos domingos, uma bela feijoada com uma Bavaria que é a cerveja sertaneja da sexta-feira; vamos dizer aos nossos vizinhos e amigos que nosso filho querido de cabelo curto e barba feita está na faculdade de administração e trabalha com telemarketing para a Claro, e não tem tempo nem pra dormir, coitado, e no sábado faz curso de contabilidade porque né, quer ser promovido a recepcionista da recepção do almoxarifado da filial no Brás; vamos, vamos assistir o Faustão e o Fantástico todo domingo, e nunca deixar aquela filha louca de cabelo ruim, aquela débil mental, nunca deixar ela ver o documentário do Che Guevara na TVCultura ou Caçadores de Múmias no History Channel, porque maconha é crack e o tributo do Raul é coisa de doido 4e20, rock é do diabo, sua unha tá grande e você tem que arrumar a casa que teu amigo tá chegando; Como foi a aula meu filho? - você tem que perguntar quando tua convidada estiver à mesa com um cardápio colorido que você faz todo dia...de São Nunca. Daí você põe lenço no cabelo pra mostrar que não cai caspa na comida, e põe a areia do gato no quintal pra ninguém ter nojo do que o pobre coitado faz e só você se incomoda. SH! O vizinho não pode ouvir suas brigas com seu marido, pra não estragar o disfarce. A maluca do Che Guevara tem que ficar caladinha porque tudo que tu faz é culpa dela e é assim e ponto. Sai do computadô, menina, porque o barulho das teclas tá incomodando a princesinha, e ela não pode perder o soninho sagrado de Jesus!, porque quem dorme tarde da o cu para o Demo. Escreve certo, que eu não tô entendendo, minha filha. Você vai fazer História da Computação, é isso? Ah, só história? Vai ser professora?

NEM FODENDO LOUCA ALUCINADA NA CASA DO CARALHO - OPA, a raiva voltou. Ela é o melhor dos combustíveis, libidinosa, proibida e vermelha. Vamos brindar à Ira, companheiros, à revolta, à luta. Não vamos entrar nesse círculo de comodismos e way of life. Vamos enlouquecer e ser perigosos, mas livres, gozando desta coisa vermelha que tem dentro de nós, lá no fundo, onde há também a lucidez (ou seria Lucy in the Sky with Diamonds?).

Tô virada pra Lua, deve ser a nova estação. Tchau inverno calmo e frio, o calor e o fogo da paixão que eu tenho pela revolta voltou.

E NÃO ME VENHAM COM PORRA DE VOLTAIRE.

17.9.11

Money, it's a crime

Texto inspirado nesta situação: Estudante atropela e mata idosa após o Tusca
Eu disse que sou egoísta e tô nem aí pras mortes que passam de pessoa pra pessoa nesta rede de fofocas constituída de papa-defuntos que é a sociedade humana.
Mas há uma exceção para toda regra. E esta senhorinha de 83 anos me fez refletir e sofrer um pouquinho mais que o natural. Não vou pedir justiça por ela, viajar até sua cidade pra participar de seu enterro, fabricar camisetas pedindo paz ou gritar na porta do tribunal caso haja julgamento do culpado. É exatamente isto que me faz ter nojo das pessoas.
Interessante é ver como as coisas se distorcem, como a verdade realmente não é algo bruto e fixo, imutável. Talvez nem mesmo exista, já que são tantos pontos de vista a se considerar. Dependendo de onde se coloca a ênfase, a coisa pode ser vista por vários ângulos e, sempre haverá um mais próximo da visão compacta, que vai ser o mais visualizado, discutido e afirmado pela população. Geralmente este ponto não é o mais correto.
Então:
A senhorinha é assassinada por um cara que dirige provavelmente bêbado e em alta velocidade;
este indivíduo foge, mas seus advogados depois afirmam que ele fora buscar ajuda;
é preso o meliante, mas após $19 mil e uns quebrados está livre leve e solto;
responderá por homicídio CULPOSO;
EM LIBERDADE.
Lembro-me das zilhões de vezes em que a pessoa realmente sem querer assassina alguém e é julgada como DOLOSO. De pessoas que passam a vida sem saber como é a vida lá fora porque roubaram um pouco de comida para sobreviver. Daí fulano que estuda e tem umas verdinhas, que desobedece a lei e compra advogados para distorcerem os fatos fica por aí, sapateando na cara dos pobres coitados que formam a nação.
A senhorinha idosa vira popstar das páginas policiais (e dos blogs dos revoltadinhos, rá), tem seu corpo coberto de sangue fotografado para estampar notícias de vários meios de comunicação que repetirão sua breve história pública até voltar ao esquecimento e poder descansar em paz com Jesus.
Não sei se tenho revolta por quem tem o poder pelo outro (todos estes funcionários padrão que mexem com verdades e mentiras, e têm o dom de manipular), por quem acredita piamente no que diz a mídia e ainda se revolta com a pessoa errada, ou ainda por muitos destes que tomam para si dores alheias, dores que provavelmente nem existem.
A sociedade é engraçada, mesmo não tendo graça nenhuma. E vice-versa. Se complica o simples e se simplifica o complicado. Se crê na mentira, e se descrê na verdade. Se valoriza o inútil, se inutiliza o que é de valor.

"Why does anyone do anything?"
"I don't know, I was really drunk at the time!"

11.9.11

The Moon is Down

There's a chaos of visions and voices
Sad is the laugh of the clown
now the old moon is down.


Engraçado olhar pra noite. Ela é um mistério, um infinito de possibilidades e pensamentos. Ela é o próprio infinito.
Quando era pequena, imaginava que a Lua me seguia. Eu parava, olhava pra cima, e ela parava. Eu andava, olhando pra cima, e ela ia comigo.
Me pergunto hoje quantas pessoas já fizeram isso. Se as pessoas reparam na Lua mesmo.
Sábado foi o melhor dia da minha vida, e passei mais que metade dele olhando pra cima, pro infinito. Tanto que ele foi infinito. A Lua e o Sol juntos, quase que de mãos dadas, o dia inteiro. Falei pros amigos: ninguém viu.
Quando passo à noite pelas ruas escuras e caladas, me deparo com luzes, milhares delas. E caixinhas de concreto abrigando-as. E quantos indivíduos estão jantando, cozinhando, banhando-se, e vendo tevê no exato momento em que penso nelas e/ou as imagino.


Tudo aqui embaixo parece uma casinha de bonecas, mas tão detalhada que o responsável pelos brinquedos cansou e foi fazer outra coisa. Então, tudo fica parado.
Mas os brinquedos dessas casinhas pensam que na verdade é o céu uma brincadeira. Até parece mesmo, que os astros estão pendurados por um fio de nylon numa cartolina gigante. Mas o que realmente é o brinquedo? As vidinhas pacatas e limitadas, ou a plenitude da noite estranha e fria que abraça-nos incansavelmente para todo o sempre?

Tenho uma relação estranha com isto, tanto que não soube me explicar de todo o bem.

Agora há pouco vi a Lua. Ela está (e é) esplendorosa, magnífica, reluzente, enfim. Todos os adjetivos são poucos. Nem o melhor aparelho fotográfico da galáxia reproduziria tamanho sentimento, tamanha emoção. Perfeição é pouco.
Ela me fez sorrir (como o gato de Alice no País das Maravilhas), me fez gargalhar, me fez quase chorar.
E agora, olhando pra trás, e pra descobertas e redescobertas, vejo que minha relação com essa mãe é muito maior do que imaginei a vida toda. Ela é meu centro de perguntas, meu conforto por não ter respostas, minha confiança e esperança na eternidade.

They live in my dreams,
in my dreams, in my dreams


Eu sou de Lua, eu sou da Lua.

10.9.11

Eu Sou Egoísta

Ego = do latim EU.
É ou foi meu defeito favorito. Por não me apegar tanto ao externo, a algo que não modifique ou interfira nas minhas ações. Como as notícias da tevê. Não ligo pra elas. Não sinto pena, dor, revolta ou algo assim. Revolta talvez por quem vê os telejornais e sente algo.
Sinto a injustiça sim, mas não por casos isolados. Cada um com sua vida, sabe? Coisas boas e ruins, comédias e tragédias, acontecem com todo mundo. Não é obrigação minha me emocionar com a vida dos outros.
Por isso eu gostava de ser egoísta. Se isso for egoísmo, né.
Porque pra mim, egoísmo de verdade, aquele que dói na alma e é realmente um defeito, é aquele sentimento de se colocar no lugar da pessoa. "Se fosse comigo...". Quer dizer, você só se compadece por alguém após sentir em ti as dores do indivíduo. Após ver como seria com você. Você não se compadece por somente a pessoa, mas por você.
E a culpa. A culpa expande o ego, porque você não está se lamuriando, está se responsabilizando por algo que nem provavelmente tem a ver contigo. Mas você quer ser o centro das atenções, para o bem ou para o mal, é você quem move oceanos, sem você nada disso teria acontecido e etc. Se você se sente culpado, você é egoísta.
E eu me culpo, mas me culpo tanto. Penso que tudo o que acontece relacionado a mim realmente vai ter um peso na pessoa do lado e vai mudar o dia dela. Mas provavelmente não vai, só que não aprendo, e fico com esse tipo de paranoia por todo o tempo em que me lembrar da cena específica.
Isso é tão errado, se relacionar com as pessoas pensando nelas, mas na verdade em si próprio(a). Prefiro já não pensar nas pessoas de vez, porque não fica tão hipócrita. Prefiro a frieza nua e crua, do que uma bondade mascarada e ostentada, soberba, virada para o eu. Pessoas fazem bondade porque é bem aceito pela sociedade, e você chora, cê reza, cê pede... implora... pra ser aceito, pra ser certo, pra ir pro céu. Você não vê o outro, você se vê no outro. Você só vê o outro se se enxergar lá.
Eu não vendo ninguém, não corro o risco de me ver, e assim egoísta, acabo não sendo uma egoísta de verdade.

Prefiro ser egoísta não sendo, portanto. (Mas é difícil)

6.9.11

And everything under the sun is in tune


Por um tempo resolvi não crer mais em coincidências. Até agora não creio, porque é um termo muito vago.
Pra quem não sabe diferenciar coincidência de destino, é bem simples: um é acaso, outro é premeditado. Todos escolhem para si o que é mais compreensível.
Não creio em coincidência porque, como disse, é vago demais. Não me entra na mente que isto seja assim, solto e errante e, de tão errante acerta. Pra mim destino é, sim, algo mais palpável.
Mas não paro por aí. Destino não é interferência no livre-arbítrio bíblico, ou uma falta de opção humana perante as n divindades inventadas ou existentes milênios a fio. 
Destino é um conjunto de caminhos e opções a se analisar e seguir, ou seguir sem pensar, porque de qualquer forma vão levar você a algum lugar. As coisas são o que eram pra ser. De maneira ou de outra. Você tem todas as possibilidades - provavelmente infinitas - e escolhe justamente aquela que te leva para o inesperado. E isso é mais legal que a mera coincidência, a teoria do sem querer. Como quando você escolhe esperar o próximo ônibus, dar um passo para o lado, olhar para a rua mesmo depois de atravessar e se salva de um acidente.
As coisas acontecem porque assim deveriam ser, porque você escolheu tal horário pra pegar aquele trem ou pra que lado atravessar a rua no meio da cidade.
Você é livre para experimentar todas as chances, não é largado nos serás. Ação gera reação e é nisso que acredito. Vejam O Efeito Borboleta.
Acredito mais ainda porque já tive provas concretas e sinceras de que este conceito existe. É como se todas as forças da natureza contribuíssem para aquele momento fatídico e impensável. Você é levado àquilo (como um imã), porque você sente aquilo. Você vê, você acredita e concorda, e quando percebe já está lá, vendo outros alguéns que provavelmente fizeram o mesmo. Dá pra ver a proteção vinda de cima, não só lá, do céu, mas de mais perto. Dá pra ouvir as risadas e cochichos alegres que essas energias deixam escapar alto demais para que nossos ouvidos alcancem.
Eu acredito no destino. E acredito que posso moldá-lo como bem entender, com meus sentimentos e decisões. Eu sou livre pra escolher o que virá pra mim, e isso muda tudo.

31.8.11

On the Run

É muito estranho eu não ter o que falar. Ou ter e não querer. Ou não ter nem querer. Não tentem me entender, porque... Porque nem eu mesma me entendo hoje.
Não sei exatamente, mas aquilo que virá, virá de tal maneira que já me assusta e me conforta, ao mesmo tempo.
Aliás, o que é tempo? Sempre desconfiei que não fosse do relógio e do calendário, por que o que isso muda na vida da Terra? Não na humana, na da natureza - estamos longe de sermos naturais.
Ainda posso ver o que a vida mostra, mas está tudo tão embaçado, ou melhor, tão claro que me cega. Como quando você tenta olhar pro Sol. Ele é tão prodigioso que chega a sumir, ou fazer tudo sumir, quando você tenta olhar diretamente.

E tem as pessoas, elas são engraçadas. Eu as odiava, eu odiava sem ter por quê. Agora as observo mais atentamente e volto a ver como via quando criança. Com olhos curiosos e imaginativos.  Pra onde vão, quem são e como são. Elas andam por todos os lados, fazendo todas as coisas, e são tantas que nunca mais verei, que vi por um segundo apenas, mas que lembrarei pelo resto da vida. Todos os dias as mesmas diferentes pessoas. E elas não se vêem. Não vêem mais nada. E riem dos que vêem, dos que sentem, dos que observam. Talvez seja uma proteção.

No que pensam? Será que já pensaram no que eu penso? Ou nunca vão pensar? Por que elas andam devagar? Por que têm pressa? Por que não é a minha pressa e não sou como elas? Por que eu sou eu e não uma delas? Por quê?

Me pergunto isso desde criança. Eu vi uma criança hoje, a propósito. Não sei se menino ou menina, ela estava no ônibus. E deu tchau pra mim. Eu retribuí (Foi mágico).

Reformulando a questão das pessoas para o dia de hoje: Por que elas andam devagar? Ou será que sou eu que estou com pressa demais?

"Live for today, gone tomorrow, that's me, HaHaHaaaaaa!"

30.8.11

NOVO AEON

O sol da noite agora está nascendo
Alguma coisa está acontecendo
Não dá no rádio nem está
Nas bancas de jornais


Estou me contendo para não colocar todas as músicas que ouço ultimamente para explicar o que ainda não entendo. Mas estou prestando atenção. E não sou a única.
A nuvem está se dissipando, as coisas clareando, o ambiente está mutando. Mudando não, mutando.

O vento voa e varre as velhas ruas
Capim silvestre racha as pedras nuas
Encobre asfaltos que guardavam
Hitórias terríveis


Não sabemos o que é, mas é. E grita, e chora, e ri, e corre, e sabe. Tá no vento, na chuva, na árvore, no céu, na lua e no sol. No dia e na noite, no leste e no oeste.



Ói, ói o trem, vem trazendo de longe as cinzas do velho éon
Ói, já é vem, fumegando, apitando, chamando os que sabem do trem
Ói, é o trem, não precisa passagem nem mesmo bagagem no trem




Ói, olhe o céu, já não é o mesmo céu que você conheceu, não é mais
Vê, ói que céu, é um céu carregado e rajado, suspenso no ar
Vê, é o sinal, é o sinal das trombetas, dos anjos e dos guardiões


Para um amigo, tó, de presente de agradecimento.

26.8.11

I'll Label You

Eu tenho vontade de apagar umas merdas que postei aqui, mas fazer o que? Merdas são inevitáveis. Que bom que a gente anda pra frente (oh que beleza) "porque pra trás não dá mais" como diz a música pop br.
Este texto já está sendo totalmente diferente e talvez venha a ser mais uma das merdas pra coleção porque, bem, não estou tentando falar difícil me achando diamante nas mãos de mendigos - ou seja, a foda da escrita.
Talvez seja um embaralho de toda uma porcaria que me serviu muito de alguma forma, um pré-epílogo de uma história que só existiu na minha cabeça (lembrem de GESTALT), mas fato é: amadureci com isso. E vou amadurecer depois com todo o lixo que vier.
Ficava falando de imperdoável, imperdoável. Imperdoável sou eu (daí entra outra música, a II). Ponto, uma conclusão. E eu meio que tratei isso como uma optativa porque: nem precisava, nem me era inútil. Era um tanto faz pra de vez em quando, naquelas horas que tava de saco cheio de pensar. E tô ficando outra vez. Mas sejamos firmes, fortes e cruéis: quem não pensa vive melhor (ia botar "mais", mas pensei: que importa a quantidade?). Não quero viver melhor (às vezes sim, quando quero que todo mundo se foda). Outra conclusão meio torta.
Este Imperdoável externo foi, continua sendo, e continuará até Deus sabe quando, uma espécie de ferramenta. Utilizei até quebrar, mas ainda serve. E não vejo a hora de jogar fora, porque, de fato, não preciso mais. Mas não quero uma nova, porque cansei de brincar com este artefato que só precisa de reparos e concertos. Se possível quero jogá-lo fora também, sem nem ver, porque não sei vocês, mas sou canceriana, e se penso muito, guardo tudo.


A ideia desse texto foi inspiração na ideia de outro texto, ou não. Não lembro.

15.8.11

Diamante de Mendigo

Eu que me achava um diamante
Nas mãos de mendigos
Só pelo medo de não sê-lo

Tanto pedi mais mentes iluminadas nesse caminho de meu Deus que ele assim o fez. Mudei de sala, de professores, e consequentemente apareceram novos "colegas". 
Ora, colegas! Lobos em pele de cordeiro, simpáticos na feição da máscara, mas deixam os horrores 

10.8.11

High Hopes

Talvez seja um pouco cedo para começar este texto (fisicamente é tarde, tenho que acordar cedo amanhã - e todos os dias), mas algo me impede de adiar isto ainda mais. Estou entupida de coisas pra dizer e escrever, e tenho medo de, mais cedo ou mais tarde, explodir. Um explodir que não chega a ser nem literal, nem metafórico, e por eu não saber bem que tipo de explosão seria essa, tenho medo.

É sim, novamente, sobre as mudanças - que não são repentinas, eu já esperava - que vêm ocorrendo nesses últimos dias.

Não posso dizer que seja ruim, que eu esperava mais (odeio este termo - vide pseudo-críticos de filme), que não era exatamente o que eu queria (vejo que meu rumo seja realmente Antropologia, mas História engloba muito mais, e isso me motiva), ou não sei mais o que.

Sim, está ótimo, não é aquele monstro que imaginei que fosse. Mas isso não significa que não haja um monstro.

O monstro é, de certa forma, muito pior do que eu pensava. Porque é um monstro intocável, irracional e sem motivo palpável para existir. Não é aquele que mostra o problema e o joga em suas mãos pra tu resolver. Até porque esse tipo de monstro permite que haja uma ferramenta para que ele seja massacrado.

Meu monstro pessoal não. Ele é silencioso e profundo, constante.

Penso que ele tenha aparecido por minha ousadia e prepotência de achar que seria eu a menos pensadora em meu meio, por assim dizer. Meu medo no início era de ser vista como uma leiga em certos - ou todos os - assuntos. De ser motivo de chacota. E até agora o que eu vejo é a mim mesma, no lugar destes que achei que me reprovariam, reprovando os que estão em torno. A ponto de doer a cabeça. A ponto de querer dar socos e pontapés até o motorzinho que é o cérebro deles dar corda. E não é por idade que este conhecimento é aqui avaliado.

Leaving the myriad small creatures trying to tie us to the ground
To a life consumed by slow decay


Mas deixemos de lado os outros, que me fazem realmente doente. Fisicamente.
O problema é eu pensar que sou vista como uma inferior quando na verdade sei que não (o? a?) sou. Sim, como disse anteriormente, prepotência. E não quero ser vista como inferior, não por vaidade, mas porque meus planos são tão importantes que tenho medo de sacrificá-los por aparência, apenas.
É como se eu visse a injustiça feita às claras, e estivesse de mãos atadas, não por outrem, mas por mim mesma. Espero de coração que seja apenas paranoia minha, e que nada esteja interferindo minha vida a não ser eu mesma.



Espero que essa onda monstruosa seja destruída pela rotina, e pelo conforto da boa avaliação. Pelo contato mais pessoal e intransferível, pelo carinho e reconhecimento (de outro floydiano de preferência). Mas mesmo que isto continue por mais três ou trinta anos, estarei aqui, escolhendo o sofrimento interno para o sucesso gratuito, ao invés da alegria confortável mascarando o remorso mais corrosivo que soda cáustica.

Encumbered forever by desire and ambition
There's a hunger still unsatisfied
Our weary eyes still stray to the horizon
Though down this road we've been so many times


Saudades, amigos.

The grass was greener
The light was brighter
The taste was sweeter
The nights of wonder
With friends surrounded
The dawn mist glowing
The water flowing
The endless river

5.8.11

Toda essa chinfra não te garante


Palavrinha ilegível no segundo texto: ininterruptamente. Minha letra é linda, ok, pessoal? É que saí da sala quando vi que o pessoal tava falando merda demais e fui pra um banquinho em frente à ela. Não tinha mesa pra apoiar, e a gente tem que acompanhar o pensamento, né? Perdoem os erros também. Nada como ficar forever alone pra pensar melhor!

3.8.11

Well I spent the night in heaven

John, você se casou mesmo! Nossa estou tão feliz que a infelicidade breve que estou passando no momento foi pra segundo plano, estou eufórica, extasiada, emocionada! Sei que Nicole tem um je ne sais quoi de maravilhoso (além da roupa, adoro demais), de correto, de "é isso mesmo, é ela mesma"! Senti desde um tempo atrás. Enfim, manolo, seja iluminado sempre, e você também, Nicole, e que vocês iluminem tudo o que tocarem, sempre! 

26.7.11

Com uma Pergunta na Alma

Tem dias que a gente se sente
Um pouco, talvez, menos gente
Um dia daqueles sem graça
De chuva cair na vidraça
Um dia qualquer sem pensar
Sentindo o futuro no ar
Estou sentindo uma falta, ou um acúmulo de algo, que não sei o quê, nem exatamente quando e por que veio.
Engraçado é que, o que me incomoda mais nisso tudo, é não saber o que diabos me aflige e aperta o peito.
Não é medo ou presságio, é um esquecimento ou lembrança de um fato que agora passa despercebido pelo meu consciente.

6.7.11

Too Old To Rock 'n' Roll: Too Young To Die

all of his mates are doing time:
married with three kids up by the ring road
sold their souls straight down the line.
Essa música faz ferver meu coração, desde quando eu não conhecia a letra. E é um resumo magistral de tudo o que vejo e sinto sobre a "maturidade".
Uns ficam, outros se vão. Não é sobre morte física, mudança de endereço.
Mas de abandono. Abandonam seus sonhos, projetos e desejos que compartilhavam na maior alegria com os amigos no meio de alguma aula chata. Todos juntos, no ensino médio, se imaginando daqui a dez, quinze anos. O coração se aquece, a vida faz sentido, o sorriso nos lábios - e no olhar - é/são sincero(s). Acabam os anos, cada um pra um canto. Os sonhos também ficam num canto.
Eles acham que tomaram a decisão certa, pensando no lucro e nas futuras gerações que podem nem chegar a acontecer. Têm todo o apoio dos familiares, pois os planos agora são "concretos", e o que realmente querem é jogado no fundo de um baú envenenado e trancafiado pra, talvez, nunca mais ser desperto. Se riem do passado, se achando tolinhos por terem imaginado cada absurdo na adolescência.
Não era um absurdo, é isso que lhes digo. Tolinhos são agora, fazendo uma faculdade não por amarem-na, mas para completar a qualificação que seu primeiro empreguinho necessita. Meus amigos, não vistam essa carapuça, entendo vocês. Sim, é um aprendizado. Mas um aprendizado forçado.
A música não é mais a mesma, a sede de viver também não. 
Quem continua sendo do jeitinho que foi, meio amalucado - já brega - na juventude, é um fracassado, solitário, sem família, sem amores. Mas continua com aquele brilho nos olhos, com a esperança de que tudo vai dar certo, um dia. Será que este é mesmo um fracassado?
Não sei se vai acontecer comigo, mas os olhares de desdém que capto dos outros quando digo que farei História, ou quando dizia que ainda não estava na faculdade, são e eram muitos. Não é paranoia, eu sinto.
[Consegui uma faculdade, inicio no próximo semestre - aos interessados.] Também não quero dizer que sou mais que ninguém, quero apenas lembrá-los de como era gostoso acreditar que o mundo era seu, de que tudo correria a seu favor e acabaria num final feliz.

O que quero dizer por fim é que, não interessa quanto tempo, quanto custará. Sonhos podem sim ser realizados, mesmo que com certos retalhos aqui e ali. Como uma colcha nova que você namorava naquela vitrine, mas não tinha dinheiro pra pagar. O que você faz? Desiste da colcha? Não. Faz uma com muitas emendas, e no fim vê que foi muito mais em conta e mais benfeita, duradoura e com mais amor e carinho na composição do que a outra. E ainda assim é uma colcha, com a mesma função. Um mesmo fim com caminhos diferentes.
Assim é a vida, assim é o rock 'n' roll. Não podemos desistir de quem somos simplesmente porque é difícil, é mais lento e menos ambicioso. O que somos ou o que fomos na juventude, é nossa essência. Nossa inocência e esperança de que tudo um dia daria certo, não importa como. E porque o rock está no meio? Porque quem ama sabe, que isso é metade de nós. É um ideal, uma política, um amor.

É um fogo que mantêm viva a sua alma, uma chama que pode ficar fraca um dia, mas não se apaga.

Hoje faço 19 anos. E espero que por mais dezenove, e mais dezenove, e até o fim da vida eu continue sendo quem sou, amando o que amo, esperando o que espero, sem desviar meus valores e meus princípios. Mudarei, sim. Posso achar que isso será melhor que aquilo, mas nunca abandonarei pedaços de mim pela estrada. Nunca renegarei meu passado, nunca acharei que meus planos de jovem eram tolice. Porque eles me fizeram chegar onde estou, e me levarão muito mais longe. Mesmo que só eu perceba esse avanço. Mesmo que seja somente dentro de mim.